‘O cristão não deve ter medo de dar sua contribuição ao bem comum a partir da sua fé’

Destacou o Cardeal Odilo Scherer, na 1ª Jornada Virtual de Estudos sobre Direito e Religião

Reprodução da Internet

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, participou, na terça- -feira, 26, da 1ª Jornada Virtual de Estudos sobre Direito e Religião, promovida pelo Instituto Brasileiro de Direito e Religião (IBDR).

No evento, realizado por meio de uma videoconferência transmitida ao vivo pelas plataformas digitais do IBDR, foi abordado o tema “Vocação social da Igreja em meio à pandemia”

Além de Dom Odilo, participaram da conversa o Reverendo Davi Charles Gomes, presidente do Conselho Deliberativo do IBDR; e a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do Governo Federal, Damares Regina Alves. Entre os espectadores, estavam presentes pessoas de diferentes confissões cristãs e profissionais do Direito.

IGREJA VIVA

O Cardeal Scherer iniciou sua conferência destacando que, para compreender o papel da Igreja na sociedade, é preciso ter claro que a Igreja deve ser entendida a partir do seu âmbito institucional, com seus representantes instituídos, e como corpo vivo, a comunidade de todos aqueles que professam a mesma fé em Cristo, foram batizados e, portanto, são seus membros.

“A ação da Igreja pode ser vista a partir desses dois enfoques, como corpo institucional e como comunidade que se mistura à grande massa da sociedade. Assim, a Igreja está presente em todas as esferas da vida social e pública”, ressaltou o Arcebispo.

Dom Odilo enfatizou que o cristão é chamado a se inserir na vida da sociedade e dar a sua colaboração para a comunidade humana a partir daquilo que vive e crê. Ele acrescentou, ainda, que, onde houver um membro da Igreja, nos vários níveis e esferas do convívio social, a Igreja se faz presente.

À LUZ DO EVANGELHO

“O cristão não precisa ter medo nem se envergonhar de dar a sua contribuição à comunidade humana a partir daquilo que é o seu chão, seu ponto de vista. O Evangelho não é um mal a ninguém. Pelo contrário, ele é um grande bem, é fermento que transforma a massa da convivência humana se for bem acolhido e levado a sério”, afirmou Dom Odilo.

Nesse sentido, o Cardeal sublinhou que um bom cristão deve ser um bom cidadão, “que busca participar honestamente daquilo que é bom, verdadeiro, justo, que edifica a comunidade humana no bem”.

Partindo dos ensinamentos de Jesus nos Evangelhos sobre o amor a Deus e ao próximo, o Arcebispo ressaltou que “a expressão do amor a Deus também deve se manifestar no amor ao próximo dentro do convívio social” e destacou que, inclusive a política, quando bem exercida, pode ser uma “suprema forma de caridade”, recordando as palavras de São Paulo VI.

BEM COMUM

“A Igreja está presente na sociedade não como espectadora ou alheia ao que acontece”, reforçou o Cardeal, completando que, em uma sociedade plural e democrática, todo cidadão tem o direito de participar da edificação do bem comum a partir das suas convicções, da liberdade e da fé.

Dom Odilo destacou três elementos considerados essenciais para a edificação do bem comum: a pessoa humana, sua dignidade e direitos fundamentais; o acesso necessário para desenvolver uma vida digna; e a seguridade e confiabilidade das instituições.

“Em situações de risco, como a que estamos vivendo agora, em que o bem comum é seriamente ameaçado, os membros da Igreja e a própria instituição eclesial também devem dar a sua contribuição, empenhando-se na promoção e defesa do bem comum”, manifestou o Cardeal.

AÇÃO CONCRETA

Nesse sentido, o Arcebispo ressaltou que a instituição eclesial é chamada a se envolver na prevenção da pandemia, no socorro às vítimas em vários aspectos, e na superação da situação atual, mediante a pesquisa, a solidariedade social, a promoção da reflexão, da cultura, de uma economia mais solidária e do respeito à dignidade de toda pessoa humana.

“Podemos fazer muito quanto ao esclarecimento da população sobre a COVID-19, a divulgação de medidas higiênicas necessárias para prevenir o contágio, na ajuda a promover o necessário isolamento social, mesmo a restrição das nossas celebrações e outras atividades que envolvem a aglomeração de pessoas”, destacou o Cardeal como exemplo de colaboração da Igreja.

Quanto ao socorro às vítimas, Dom Odilo destacou o cuidado dos doentes, dos pobres e aflitos, colocando à disposição da sociedade as instituições ligadas à Igreja. “Inúmeras ações de solidariedade e caridade social já estão sendo realizadas. É uma enorme quantidade”, frisou, recordando, ainda, a contribuição da Igreja por meio da assistência e conforto espiritual à população.

COLABORAÇÃO

 A importância da ação das Igrejas cristãs no combate à pandemia foi reconhecida pela ministra Damares, que destacou tanto a assistência espiritual quanto o serviço de solidariedade aos mais necessitados.

Ela ressaltou que a capilaridade das instituições religiosas tem permitido que a assistência chegue a comunidades mais remotas e carentes, e acrescentou que “respeitando a laicidade do Estado, é possível trabalhar o tempo todo em parceria com as Igrejas”

PRESENTE NA HISTÓRIA

Nas suas considerações finais, Dom Odilo recordou que, ao longo da história, muitos sistemas surgiram, alguns tentaram oprimir a Igreja e até excluí-la da sociedade, contudo, “esses sistemas passaram e a Igreja continua viva”, lembrando, ainda, que a Igreja é movida pela força do Espírito Santo, cuja vinda sobre os apóstolos será celebrada na Solenidade de Pentecostes, no domingo, 31.

 “Os cristãos, contando com a ajuda do Espírito Santo, têm a possibilidade de renovar a sociedade, o convívio social”, disse

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