Presidente da Conferência Episcopal da Bielorrússia é proibido de reingressar ao País

Dom Tadeusz Kondrusiewicz foi impedido de retornar, após ter feito uma viagem a trabalho para a Polônia; Mandatário da nação concentra poderes e persegue aqueles que o criticam

Dom Tadeusz Kondrusiewicz (crédito: Vatican News)

Desde que o atual presidente da Bielorrússia, Aleksandr Lukashenko, foi acusado de fraudar a eleição realizada em agosto, o país está no centro das atenções da mídia internacional.

O resultado oficial concedeu a Lukashenko a vitória com mais de 80% dos votos, perpetuando-o no poder como o único presidente do país desde sua independência da União Soviética, em 1991.

Após a divulgação dos resultados, boa parte dos 10 milhões de habitantes do país foram às ruas para protestar contra Lukashenko. O governo respondeu com dureza, houve violência e há acusações de prisões arbitrárias e torturas por parte das forças de segurança. Apesar da repressão, os protestos continuaram.

Segundo publicação no site da Igreja Católica bielorrussa no dia 31 de agosto, as autoridades negaram a entrada no País do arcebispo de Minsk-Mohilev e presidente da Conferência Episcopal da Bielorrússia, Dom Tadeusz Kondrusiewicz.

Dom Tadeusz havia criticado o Presidente em defesa dos manifestantes que o acusavam de fraude eleitoral, exigira investigações sobre uma repressão policial que ocorreu às portas de uma igreja de Minsk e, no dia 19 de agosto, rezara do lado de fora de uma prisão na qual manifestantes detidos teriam sido torturados.

O Arcebispo saíra da Bielorrússia por razões de trabalho e, ao retornar, os oficiais da fronteira do País com a Polônia negaram a sua entrada sem oferecer explicações. Segundo Dom Yuri Kasabutsky, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Minsk-Mohilev. Dom Kondrusiewicz nasceu em família de origem polonesa, mas é cidadão da Bielorrússia.

Em oração

Dom Yuri convocou sacerdotes, consagrados e leigos a rezarem “por nosso pastor, para que o Senhor o apoie no momento da prova e lhe permita regressar a seu rebanho o quanto antes”.

“Pela experiência de nossos antepassados, os quais durante a perseguição nos transmitiram o tesouro da fé como o maior valor, sabemos que a oração tem um poder que a tudo conquista. Portanto, lhes peço que rezem incansavelmente pela Igreja Católica na Bielorrússia, por nossa Pátria e por todo o povo bielorrusso, para que o Senhor misericordioso, através da representação de Nossa Senhora de Budslau, nos salve de todo o mal e envie Sua graça em todas as nossas necessidades”, acrescentou.

Posteriormente, Dom Yuri exortou novamente os católicos do País a rezar pelo Arcebispo e pediu aos sacerdotes que celebrassem missas pela Bielorrússia, pela Igreja e pelo Arcebispo. Convidou os leigos a participar das missas e a adorar o Santíssimo Sacramento, bem como a rezar o Rosário e o Terço da Divina Misericórdia.

O Papa Francisco já havia se manifestado a respeito da crise no país durante o Angelus do dia 16 de agosto: “Sigo com atenção a situação pós-eleitoral nesse país, a faço apelo ao diálogo, à rejeição da violência e ao respeito da justiça e do direito. Confio todos os bielorrussos à proteção de Nossa Senhora, Rainha da Paz”.

Centralização de poder e perseguições

Aleksandr Lukashenko é presidente desde 1994. Ainda em seu primeiro ano de governo, ele, ex-membro do Partido Comunista da União Soviética, conseguiu instituir uma nova constituição, concentrando o poder nas mãos do presidente e permitindo reeleições ilimitadas para mandatos de cinco anos.

Lukashenko tem procurado calar com a força todos os seus críticos, inclusive membros da Igreja Católica. Os católicos compõem cerca de 15% da população bielorrussa, e são a segunda maior comunidade religiosa do país, atrás apenas dos cristãos ortodoxos.

Fontes: Catholic News Agency, Religión en Libertad e Vatican News

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