‘Que o Amparo Maternal continue de portas abertas para acolher o menino Jesus’

Fernando Geronazzo e Flavio Rogério Lopes

Disse o Cardeal Scherer, em missa no último sábado,19, na maior maternidade de assistência pública do Brasil

Luciney Martins/O SÃO PAULO

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu missa no sábado, 19, no Amparo Maternal, na Vila Clementino, por ocasião da proximidade do Natal.

A Eucaristia foi concelebrada pelo Padre Jorge Bernardes, Diretor Eclesiástico da instituição, e contou com a participação de profissionais, voluntários da maternidade, além de mães e gestantes acolhidas pela entidade.

Maior maternidade de assistência pública do Brasil, o hospital surgiu com o desejo de acolher e dar assistência a todas as gestantes em situação de risco e vulnerabilidade social na cidade de São Paulo.

Desde a sua origem a entidade tem ligação com a Igreja, pois foi fundada graças ao empenho do médico obstetra Álvaro Guimarães Filho, da religiosa franciscana Madre Marie Domineuc e do então Arcebispo de São Paulo, Dom José Gaspar D’Affonseca e Silva.

UMA MISSÃO DE ACOLHER

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Na homilia, Dom Odilo recordou que Maria e José não encontram lugar para o nascimento de Jesus, pois todas as portas estavam fechadas. Segundo ele, a falta de acolhida para o nascimento do menino Jesus acontece ainda hoje.

“Não será o anjo Gabriel que irá bater na nossa porta, mas o mensageiro de Deus vem ao nosso encontro de muitas outras formas, na pessoa dos pobres, doentes, daqueles que sofrem e não têm casa. De tantas maneiras, os nossos irmãos batem em nossa porta e nós devemos acolher, pois estamos acolhendo o próprio jesus”, enfatizou. 

O Cardeal Scherer agradeceu ao trabalho do Amparo Maternal e desejou muitas bênçãos a todas as pessoas que se dedicam com generosidade a essa instituição que tem como missão acolher, mesmo diante das dificuldades atuais.

“Que o amparo maternal continue sua história de mais de 80 anos de portas abertas para o acolher o menino Jesus, que vem de formas surpreendentes e sem discriminar ninguém, por isso devemos acolhe-lo. Que a instituição continue amparado e preservando a vida e a dignidade da mulher e de seus filhos”, concluiu.

PARTOS HUMANIZADOS

Luciney Martins/O SÃO PAULO

O Amparo Maternal é referência em parto humanizado. Anualmente a instituição realiza uma média de 560 partos por mês, dos quais 71% são partos naturais. As qualidades de seus serviços médicos são aprovadas por 97% das pacientes e todos os atendimentos realizados são 100% gratuitos, feitos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).

INFRAESTRUTURA

Para assegurar a saúde dos recém-nascidos em situação de urgência, o Amparo Maternal possui leitos de atendimento neonatal e de UTI Neonatal. Também há leitos no Alojamento Conjunto, sistema hospitalar em que mãe e bebê permanecem juntos 24 horas por dia, no mesmo quarto, desde o parto até a alta hospitalar.

A instituição conta, ainda, com Pronto Atendimento Obstétrico, que, em 2019, registrou média de 1,7 mil atendimentos por mês, número que vem crescendo ano a ano. Já o atendimento ambulatorial oferece consultas médicas articuladas com a rede básica de saúde. O hospital também realiza exames laboratoriais e de diagnóstico por imagem.

VOLUNTARIADO

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Desde 1985, o Amparo Maternal contava com o auxílio de cerca de 120 voluntários. Contudo, este ano, devido à pandemia, o número de voluntárias caiu significativamente pelo fato de algumas pertencerem ao grupo de risco para desenvolverem formas graves da COVID-19.

Entre as voluntárias, há muitas doulas, mulheres que permanecem com as gestantes antes, durante e após o parto, orientando e proporcionando conforto físico e emocional.

Há, ainda, voluntários que colaboram no Centro de Acolhida, abrigo provisório mantido em parceria com a Prefeitura de São Paulo. Nele, gestantes em situação de vulnerabilidade e risco social, como moradoras de rua e refugiadas de outros países, podem residir por um período determinado e participar de ações pedagógicas, artesanais e motivacionais, realizadas diariamente pelos voluntários.

UMA VERDADEIRA FAMÍLIA

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Tainá Tulio Berti, 25, nasceu em Curitiba (PR) e está há 1 ano em São Paulo. Passou o inicio da gravidez no Amparo. Após o nascimento da pequena Lua Hara, há 5 meses, em um hospital de São Paulo, a jovem enfrentou novas dificuldades e retornou à instituição.

Em relato ao SÃO PAULO, a jovem destacou a acolhida e suporte oferecidos pela maternidade que, segundo ela, tem uma equipe muito bem preparada, que presta suporte alimentar, médico e psicológico tanto para mãe, quanto para criança.

“Eu vim parar no Amparo por uma dificuldade que encontrei no meu casamento. Infelizmente foi bem triste, pois longe da família encontrei muitas outras dificuldades, é como se eu tivesse perdido o colo materno. Mas o amparo supre toda essa falta que sinto da minha mãe, pois eles se tornam uma verdadeira família”, enfatizou Tainá.

A Paulistana Sílvia Sodré Coelho, 43, após um desentendimento familiar, descobriu que estava gravida e não tinha onde morar. Foi assim que a mãe da Eloá Vitória, de 6 meses, chegou ao Amparo Maternal.

“O Amparo é uma casa e uma mãe para todas que são acolhidas. Desde os funcionários, voluntários e os profissionais da limpeza. Todas às vezes que estou triste tenho um amparo, quando estamos alegres devido à alguma conquista eles comemoram conosco e assim vamos caminhando”, concluiu.

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