Trechos do Rio Tietê mostram melhoras na qualidade da água, mas poluição ainda preocupa

Maior rio de São Paulo percorre 1.100 km no estado, desde sua nascente até a foz, no Rio Paraná, no município de Itapura

O Rio Tietê registrou água impropria para uso por 150km, o que equivale a 26,05% da extensão monitorada neste ano. Por outro lado, a condição de água boa e regular – o que permite vida aquática, abastecimento público, produção de alimentos, atividades de lazer e esportivas – foi encontrada em 382 km do rio, o que representa 66,32% do trecho monitorado.

Este percurso morto no ano passado que inclui a qualidade ruim ou péssima da água alcançou a marca de 163km. A menor mancha de poluição já registrada na série histórica do levantamento ocorreu em 2014, quando a extensão do trecho era considerado morto foi de 71km. Esses dados são do relatório “Observando o Tietê 2020 – O Retrato da Qualidade da Água e a Evolução dos Indicadores de Impacto do Projeto Tietê”, da Fundação SOS Mata Atlântica.

“É urgente promover a requalificação ambiental das bacias hidrográficas paulistas, com envolvimento de todos os usuários e governos, com ações que começam pela recuperação e a proteção de corpos d’agua urbanos e rurais e que formam a vasta rede de drenagem das bacias hidrográficas da Mata Atlântica”, disse Malu Ribeiro, gerente da Fundação SOS Mata Atlântica em entrevista à Agência Brasil.

TRECHO MONITORADO

O estudo abrange, desde 2010, 576km do rio, desde o município de Salesópolis, na sua nascente, até Barra Bonita, na Hidrovia Tietê-Paraná. O Tietê corta o estado por 1.100 km, desde sua nascente até a foz no Rio Paraná, no município de Itapura. As análises foram feitas pelos voluntários entre setembro de 2019 e fevereiro de 2020, e depois realizadas em agosto deste ano. A interrupção nas coletas entre março e julho se deu por conta da pandemia do novo coronavírus.

Por esse motivo, não foi possível analisar 44 km (7,63%) do trecho historicamente monitorado devido às dificuldades que impossibilitaram a saída a campo. Esse trajeto, compreendido entre os municípios de São Paulo e Barueri é bastante poluído e apresenta pouca variação na condição de qualidade da água nas séries históricas de monitoramento.

Segundo a SOS Mata Atlântica, se fosse considerado com qualidade de água ruim, com base nos indicadores aferidos na Ponte das Bandeiras, até o subsequente em Santana de Parnaíba, a mancha de rio considerado poluído e em condições impróprias atingiria 194km, ficando maior que no período anterior, de setembro de 2018 a agosto de 2019, quando estava contida, de forma contínua, em 163km.

MELHORAS E PIORAS

A entidade realizou a coleta em 83 pontos – distribuídos em 47 rios de 38 municípios -, seis (7,2%) mantiveram qualidade de água boa de forma perene, 55 (66,3%) regular, 21 (25,3%) ruim e 1 (1,2%) péssimo. Nenhum ponto registrou qualidade de água ótima. Houve registro de trechos com qualidade de água péssima apenas em um de seus afluentes, o Córrego José Gladiador, na cidade de São Paulo.

O estudo apontou que as mudanças de comportamento da sociedade por conta da pandemia de COVID-19 contribuíram para a redução de poluição no maior rio do Estado de São Paulo, principalmente com a diminuição do lixo nas ruas e a fuligem de veículos.

Por outro lado, o aumento da mancha de poluição pode estar relacionada a uma operação de abertura de comportas e barragens ao longo do rio para escoar as águas dos temporais que causaram grandes enchentes em fevereiro na capital. Junto com a água, o Tietê levou para o interior lixo, lodo e outros poluentes que pioraram a qualidade da água em Porto Feliz e Laranjal, a 240km da capital.

O QUE ESTÁ SENDO FEITO

Segundo o Governo do Estado, desde que foi iniciado em 1992, o projeto Tietê já levou coleta e tratamento de esgoto a mais de 11 milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo.

Em nota, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) diz que tem realizado obras de despoluição do rio e que entre 2019 e 2020 “foram concluídos importantes empreendimentos que elevaram considerável volume de esgotos tratado contribuindo para este resultado.”

Além disso, a Sabesp afirma que as prefeituras têm que zelar pela gestão dos resíduos sólidos e limpeza urbana para que o lixo deixado nas ruas não vá para o rio com as chuvas e reiterou que a população desempenha um papel fundamental neste processo.

O estudo na integra pode ser consultado no site da SOS Mata Atlântica.

(Com informações de SOS Mata Atlântica, Agência Brasil e G1)

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