O Papa: “Olhar as feridas humanas com o coração para levar a sério a vida do outro”

Crédito: Vatican News

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira,25, na Sala Clementina, no Vaticano, os sócios do Círculo São Pedro.

“Oração, ação e sacrifício.” Este é o lema da associação, palavras que “representam os três princípios cardeais nos quais se baseia a vida do grupo”. O Pontífice recordou que no encontro do ano passado, concentrou sua reflexão na primeira palavra, oração. Este ano, se detém na palavra ação.

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“A pandemia, com a exigência de distanciamento interpessoal, pediu-lhes para repensar as modalidades concretas das obras de caridade que vocês realizam em favor dos pobres de Roma. Juntou-se às necessidades das pessoas que vocês costumam servir a exigência de responder às necessidades urgentes de tantas famílias, que se viram em dificuldades financeiras da noite para o dia”.

Segundo o Papa, a “uma situação extraordinária não se pode dar uma resposta usual, mas é necessária uma reação nova e diferente”.

“Para isso, é preciso ter um coração que saiba “ver” as feridas da sociedade e mãos criativas na caridade operosa. Estes dois elementos são importantes para que uma ação caritativa possa ser sempre fecunda.”

A misericórdia nos convida a ter “fantasia” em nossas mãos

Francisco recordou que “o nosso mundo, como observou São João Paulo II há quarenta anos atrás, parece não deixar espaço para a misericórdia. Cada um de nós é chamado a inverter a rota”. Segundo o Papa, isso “é possível se nos deixarmos tocar em primeira pessoa pelo poder da misericórdia de Deus. O lugar privilegiado para fazer esta experiência é o Sacramento da Reconciliação. Ao apresentar nossas misérias ao Senhor, somos envolvidos pela misericórdia do Pai. Esta é a misericórdia que somos chamados a viver e a doar”.

“Depois de ver as chagas da cidade em que vivemos, a misericórdia nos convida a ter “fantasia” em nossas mãos. Foi o que vocês fizeram neste tempo de pandemia: tendo aceitado o desafio de responder a uma situação concreta, vocês souberam adaptar o seu serviço às novas necessidades impostas pelo vírus. Também gosto de lembrar um pequeno-grande gesto que o grupo jovem do Clube fez aos sócios idosos: uma rodada de telefonemas para ver se estava tudo bem e para lhes fazer um pouco de companhia. Esta é a fantasia da misericórdia”.

Responder com ousadia às necessidades dos pobres

O Papa os encorajou “a prosseguir com compromisso e alegria em suas obras de caridade, sempre atentos e prontos a responder com ousadia às necessidades dos pobres”. “Não se cansem de pedir essa graça ao Espírito Santo na oração pessoal e comunitária”, ressaltou Francisco, agradeço-lhes por serem expressão concreta da caridade do Papa que cuida dos pobres de Roma, e pelo Óbolo de São Pedro que todos os anos eles coletam nas igrejas da cidade e oferecem ao pontífice.

Por fim, Francisco confiou a Maria, Salus Populi Romani, (título dado no século XIX para o ícone bizantino de virgem Maria com o Menino Jesus) e à intercessão dos santos padroeiros de Roma Pedro e Paulo, todos os membros do Círculo São Pedro, seus familiares e todas as pessoas que eles prestam assistência diariamente. 

CÍRCULO DE SÃO PEDRO

Fundado em Roma, em 1869, o Círculo de São Pedro é uma iniciativa de um grupo de jovens, sob acompanhamento do Cardeal Iacobini, que desejavam demonstrar sua fidelidade ao Santo Padre, à época Beato Pio IX e, assim, defendê-lo dos ataques anticlericais da época de sua criação.

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