Nos primeiros séculos do Cristianismo, figuras eram usadas para comunicar a mensagem do Evangelho aos cristãos. Atualmente, com a massificação dos veículos de comunicação e o crescimento das mídias sociais, fotos e vídeos se transformam em ferramentas de evangelização, memória e identidade comunitária.
A respeito deste tema, o Caderno Pascom em Ação conversou com Robson Aparecido Francisco, Vice-coordenador da Pastoral da Comunicação da Região Episcopal Santana e agente da Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, Decanato Santo Estêvão dessa mesma região episcopal.
Como a fotografia entrou em sua vida?
Robson Aparecido Francisco – Recebi do Padre Silvano Alves do Santos, MSJ, em meados de 2013, o convite para participar da Pascom. No início, me designaram para fotografar, mas eu não queria, pois não sabia nem mexer em câmeras. Padre Silvano, com certeza iluminado pelo Espírito Santo, já estava vendo mais além do que eu podia ver naquele momento.
Como você se planeja para fazer uma cobertura fotográfica?
É um trabalho de registro, mas antes de tudo é um serviço para Deus. Por isso, sempre que vou fazer uma cobertura, tenho alguns hábitos de preparação. O primeiro deles é chegar com pelo menos 40 minutos de antecedência, para ter um tempo de oração e reflexão diante do Santíssimo. É algo muito importante que se faça. Depois, dou algumas voltas pela igreja, analisando os espaços, os ângulos em que posso executar boas capturas, fazendo o trabalho de forma discreta, sem chamar a atenção.
O que não pode faltar em uma cobertura fotográfica da Pascom?
Com a experiência em coberturas de eventos pastorais e missas, cheguei à conclusão de que não pode faltar o entendimento por parte do agente em saber que ele não está ali apenas para fazer uma foto, cobrir uma celebração. É preciso entender que, além de servir, é necessário participar como todos os fiéis, prestar atenção à Palavra, às homílias. As imagens serão uma ferramenta de evangelização, mas para isso, a pessoa por trás da câmera também deve estar em comunhão com Deus.
E o que não se deve fazer?
Nas celebrações, evito tirar fotos dos fiéis no momento da Comunhão ou quando estão rezando ou chorando, pois é uma ação particular do fiel com Deus. Eu não sei o que se passa na cabeça da pessoa naquele momento. É algo íntimo, não deve ser invadido. Momentos como consagração, adoração também merecem um cuidado especial. O agente jamais deve ser desrespeitoso e indiscreto.
Quais são os principais desafios em fazer essas coberturas?
Hoje, 99% das pessoas têm um celular à mão, uma câmera à disposição, então, em alguns eventos, como missas com Crisma e de primeira Comunhão, sempre vai ter aquele familiar que entra na frente ou um fotógrafo pago que disputa o espaço e, às vezes, acaba atrapalhando. Nesses casos, o ideal é sempre se manter amistoso e focar fazer o seu melhor trabalho.
Como você lida com a responsabilidade de fotografar momentos sagrados ou de expressão de fé?
A responsabilidade de fotografar momentos sagrados é muito grande. Eu não falo apenas de “missas festivas nas quais estão os bispos”. Os registros pastorais vão muito além disso. Eu tive a dimensão da importância desse trabalho de evangelização quando uma fiel de uma das paróquias em que fui fazer cobertura me falou que o filho dela aprendeu o rito da missa por meio das fotos. Por isso, eu sempre falo que as fotos devem seguir o rito litúrgico. Antes, eu não sabia como lidar com uma responsabilidade dessas, mas graças a Deus, tenho pessoas que me ajudaram a lidar com isso.
Tecnicamente falando, quais são os melhores formatos de foto para fazer os registros?
Para registros em redes sociais, impressos, eu sempre prefiro uma foto na horizontal, assim tenho margem de corte, maior amplitude e qualidade de imagem. Para stories, o modelo vertical funciona bem. Na hora de salvar os arquivos, sempre opto pelos formatos JPG ou PNG, eles são mais fáceis de editar e compartilhar.
Quais editores de fotos você costuma usar?
Hoje existem vários editores de fotos. Atualmente, utilizo três e os indico: Photoshop, Lightroom – ambos pagos – e o próprio Canva, que possui versão gratuita.
Qual a mensagem que você gostaria de deixar para os agentes da Pascom que trabalham com as coberturas fotográficas?
Perseverar sempre! Busque conhecimento, aperfeiçoamento, por meio de formações, converse com o pároco, explique a importância da Pascom para a paróquia. Lembre-se de que somos uma pastoral de unidade que está ali para mostrar as atividades das pastorais, muitos paroquianos não têm a dimensão dos inúmeros trabalhos necessários dentro da igreja, a Pascom está ali para levar essa informação a eles.
O Caderno Pascom em Ação agradece a Robson Aparecido Francisco por compartilhar suas experiências para esta edição, foi uma rica contribuição. Usar imagens na evangelização é uma forma de enriquecer a experiência espiritual dos fiéis e, também, tornar a mensagem de Cristo mais acessível. Seja por uma escultura, pintura ou da espontaneidade de um momento capturado pelas câmeras, as imagens continuam sendo uma ponte entre a fé e a humanidade