A boca fala do que o coração está cheio: a rotina espiritual do agente da Pascom

Juliana Fontanari e Benigno Naveira*

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Faz parte da natureza do ser humano o dom de comunicar e se expressar, pois somos imagem e semelhança de Deus, que nos enviou seu Filho para transmitir a mensagem da Salvação. Espiritualidade e comunicação, portanto, não estão dissociadas. 

“Podemos dizer que a espiritualidade, como encontrada nas Escrituras, é o deixar-se conduzir pelo Espírito de Deus e Nele residir, o que pressupõe a resposta da criatura ao chamado do Criador. Portanto, a espiritualidade se constitui em uma ação dialógica entre aquele que clama pela misericórdia divina e Aquele que o acolhe como ele é, na sua condição”, comenta o professor Antonio Silva, Doutor em Filosofia e coordenador do Bacharelado em Teologia do Unisal-Pio XI. 

Mas, de onde vem a oração? Conforme aponta o Catecismo da Igreja Católica no número 2562, qualquer que seja a linguagem da oração (gestos e palavras) é o homem todo que reza, mas “para designar o lugar de onde brota a oração, as Escrituras falam às vezes da alma ou do espírito, geralmente do coração”. Enfim, é o coração que reza, é a casa em que estamos, inatingível pela razão e por outra pessoa, só o Espírito de Deus pode sondá-lo e conhecê-lo, e se o coração está longe de Deus, vã é a expressão da oração que fazemos. 

Para Santa Teresinha do Menino Jesus, “a oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado ao céu, um grito de reconhecimento e amor ao meio da provação ou no meio da alegria”.

A rotina espiritual do agente da Pascom

Dom Cícero Alves de França, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, destaca que o agente da Pascom deve ter em mente que a Igreja é eminentemente pastoral e espiritual. 

“Para viver a espiritualidade no dia a dia, o ‘pasconeiro’ deve renunciar a si mesmo, fazendo valer o Evangelho segundo João, de modo que Jesus apareça e ele (o agente) diminua, entregando seu serviço nas mãos de Deus. O agente da Pascom deve se tornar um mantenedor da esperança, de modo que seja um evangelizador que anuncie àqueles que o assistem, que veem suas publicações, que mesmo depois de um momento de crise, de choro, de dor, enfim, do momento em que estejam passando, há uma esperança que se funda em Deus. Deve-se fazer com que o serviço que prestam nas paróquias e dioceses sejam o braço de Deus na humanidade, de modo que ninguém seja confundido, como está na passagem de Romanos 5,5”, orienta o Bispo.

Ainda de acordo com Dom Cícero, em um tempo que a humanidade está sempre a procura de respostas, não bastam aquelas imediatas, proporcionadas pelas tecnologias: “Mesmo tendo o mundo nas mãos, o coração se sente vazio e quer se completar. Há um gemido no peito, que é a ressonância das lutas e buscas, dramas e esperanças. Esse desejo misterioso que nos habita é que nos explica como seres espirituais e está para além das crenças religiosas pessoais e/ou religião”.

‘Pausa Espiritual’

Para ajudar o ‘pasconeiro’ em sua vida de oração, a Pascom Brasil publica mensalmente, em todos os seus canais, o subsídio “Pausa Espiritual”. 

Segundo Marcelo Godoy, da Arquidiocese de Campinas (SP), membro da comissão arquidiocesana de comunicação e coordenador do GT Produção da Pascom Brasil, trata-se “de um material rico em espiritualidade pensado de pasconeiro para pasconeiro e que deve ser celebrado e rezado junto com toda a equipe, reforçando sempre a missão da Pascom em transmitir a mensagem do Amor de Cristo”.

Na avaliação da Irmã Maria Nilza Pereira da Silva, jornalista e mestre em Filosofia da Linguagem, é preciso incluir na rotina diária o contato com Deus e a cada dia perceber como é importante que cada pessoa dedique-se a momentos de oração.

“Ao acordar, pedir a bênção de Deus e apresentar a Ele todos os projetos do seu dia. São esses gestos que podem nos ajudar a fazer dessa rotina de oração um hábito diário, algo que faz parte de nós”, afirma. “Lembremo-nos de consagrar o nosso dia a Nossa Senhora porque ela é aquela que no Cenáculo preparou os apóstolos para receber o Espírito Santo”, finaliza.

O silêncio na rotina espiritual de oração

Silenciar o coração, nos desligarmos por uns instantes da inquietude exterior e interior, também é fundamental. O Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, em seu parágrafo 77, destaca que “na experiência do silêncio, a pessoa encontra Deus e o significado profundo da sua Palavra”.

“No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus, e a Palavra era Deus” (Jo 1,1). No silêncio, a Palavra é comunicada e transmitida em sua totalidade, porque a palavra e o silêncio são caminhos para a evangelização.

*Juliana Fontanari é jornalista e membro do grupo de trabalho de produção da Pascom Brasil
*Benigno Naveira é jornalista, assessor de imprensa e membro da Pastoral da Comunicação na Região Lapa.

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Noêmia Carvalho
Noêmia Carvalho
4 horas atrás

Muito Bom! Gostei e repasso p jovens católicos.