Neste domingo, 16, os salesianos comemoram os 205 anos do nascimento do Santo que teve especial atenção à educação dos jovens
Em 16 de agosto, a família salesiana comemora 205 anos do nascimento de Dom Bosco, fundador dos salesianos e das irmãs filhas de Maria Auxiliadora. O apostolado do Santo destacou-se pelo cuidado e trabalho excepcionais que exerceu com a juventude. “Basta que você seja jovem para que eu o ame”, dizia Dom Bosco.
O carisma dos salesianos é ajudar os jovens, principalmente os mais pobres, a se aproximarem de Jesus. Devido à Revolução Industrial, havia uma grande quantidade de jovens sem famílias nas cidades. O apostolado de Dom Bosco foi muito frutífero e converteu diversos jovens que viviam afastados de Deus.
Aliado à sua santidade pessoal, Dom Bosco é conhecido, também, como pedagogo. Escreveu livros sobre o assunto em que descreveu o modo com que os jovens devem ser educados. O Santo rejeitava uma educação punitiva e rigorista, que tinha por objetivo educar os jovens por meio do medo. Ao contrário, desenvolveu um sistema de educação em que reinava a alegria e o amor, capaz de conquistar o coração dos jovens de seus oratórios. A esse sistema, o santo chamava de preventivo.
O sistema preventivo
Em seu livro “O sistema preventivo na Educação da Juventude”, Dom Bosco descreve a pedagogia das casas salesianas. O Santo começa diferenciando dois sistemas educacionais: o repressivo e o preventivo.
O primeiro “consiste em dar a conhecer as leis aos súditos e vigiar depois para conhecer os transgressores e aplicar-lhes, quando necessário, o castigo correspondente”. Esse sistema é menos trabalhoso de ser aplicado. Entretanto, contém diversos inconvenientes, com exceção se aplicado em instituições como o Exército. Aplicá-lo a jovens não trará os resultados esperados, segundo Dom Bosco, pois os superiores não serão amados e serão respeitados apenas pelo medo das punições. Os jovens não procurarão mudar de vida por convicção íntima, mas por mera pressão externa.
Oposto a esse sistema é o sistema preventivo, que “consiste em dar a conhecer as prescrições e regulamentos de um instituto e vigiar depois, de maneira que os alunos tenham sempre sobre si o olho vigilante do diretor ou dos assistentes, que, como pais amorosos, falem, sirvam de guia em toda circunstância, deem conselhos e corrijam com amabilidade”.
As vantagens desse sistema são muitas: os alunos não se sentem envergonhados pelas faltas cometidas e buscam, voluntariamente, a ajuda do superior. Este, por sua vez, leva em conta cada jovem em particular e é capaz de desculpar com amor os seus erros, levando em conta a sua juventude.
Além disso, o sistema preventivo é capaz de melhorar, de fato, os jovens, pois estes obedecem por amor e não por medo.
A alegria é uma característica fundamental do sistema preventivo. Os jovens devem ter ampla liberdade para brincar nas horas de divertimento. Baseado na frase de São Felipe Néri – “Faze o que queres; a mim me basta que não cometais pecado” –, Dom Bosco incentiva as boas diversões, como a ginástica, os esportes, a música, o teatro e os passeios.
O Santo também incentivava a Confissão e Comunhão frequentes de seus jovens, que eram a base de todo a sua pedagogia. Entretanto, os jovens não eram obrigados a frequentar os sacramentos, e tinham de fazê-lo por convicção interior.
Neste livro, Dom Bosco expressa pela primeira vez as três bases da pedagogia salesiana: a razão, a religião e o amor.
A Carta de Roma
No fim de sua vida, em 1850, Dom Bosco estava em Roma. De lá, escreveu uma carta dirigida aos salesianos que é considerada o testamento pedagógico do Santo. Nela, Dom Bosco descreve um sonho que teve, no qual são mostradas duas cenas: a primeira é do começo dos salesianos; a segunda, da situação do instituto no período em que a carta foi escrita.
A cena dos primórdios dos salesianos mostra os jovens se divertindo com intensidade e ligeireza e os padres do instituto brincando entre eles e se interessando por tudo o que fazem. A segunda cena, entretanto, mostra um oratório mais triste, em que algumas crianças brincam, mas outras estão cabisbaixas e desconfiadas de seus superiores.
No sonho, que é guiado por um jovem que fora cuidado por Dom Bosco, o Santo compreende a razão da mudança de atitudes dos jovens. A mudança ocorreu não porque os superiores não amavam mais as crianças, mas porque não demonstravam o seu amor a elas, participando das brincadeiras.
“Que os jovens não sejam apenas amados, mas que se deem conta de que são amados”, afirma o jovem que guia o sonho de Dom Bosco. Para isso, os jovens devem ser amados nas coisas que lhes interessam: nas brincadeiras e nos esportes. Apenas dessa forma, eles poderão se interessar por aquilo que os superiores desejam que se interessem, como os estudos e a religião.
É necessário demonstrar, concretamente, afeto pelos jovens, especialmente no recreio, pois é desse modo que surge a verdadeira confiança entre educador e estudante. Não se pode “substituir a caridade pela frieza de um regulamento”, afirma o jovem guia.
O modelo de todo educador é Jesus Cristo, que se fez pequeno e adaptou-se à necessidade de cada pessoa. O educador deve proceder da mesma maneira, sendo tudo para todos e não se recusando, até mesmo, a brincar com os jovens para conquistar-lhes o coração.
O educador deve ser flexível, apenas com o pecado mostrando-se irredutível. Fora essa exceção, o jovem guia afirma que “o melhor prato de comida é uma boa cara”.
“O superior seja tudo para todos, sempre disposto a escutar toda dúvida ou lamentação dos jovens, todo olhos para vigiar paternalmente sua conduta, todo oração para buscar o bem espiritual de seus subalternos e o bem-estar temporal daqueles que a Providência confiou a seus cuidados”, afirmou o Dom Bosco na carta.
A pedagogia de Dom Bosco é um guia eficaz para aqueles que trabalham com jovens. Com sólidos fundamentos na fé católica e na Psicologia, a doutrina salesiana sobre a educação teve impactos que influenciaram outras correntes posteriores da Pedagogia e deve continuar a iluminar a educação dos jovens, para que sejam conquistados pelo amor.