Entre os dias 1º e 4 de setembro é celebrado pelos cristãos de todo o mundo o Tempo da Criação. Momento em que se reflete sobre às raízes da fé, no que diz respeito ao cuidado para com a humanidade e tudo o que foi criado por Deus, como num gesto de reconhecimento desse dom. Em 2015, o papa Francisco instituiu o dia 1º de setembro como Dia Mundial de Oração pelo cuidado da Criação.
Dom Vicente Ferreira, bispo auxiliar de Belo Horizonte e membro da Comissão para a Ecologia Integral e Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), afirma que a data é propícia para a renovação de nossa relação com o Criador e com toda a criação, através de celebrações, da busca de um estilo de vida mais simples e do compromisso coletivo com ações concretas, no cuidado com a Casa Comum.
“Desde 1989, os ortodoxos, para os quais o ano litúrgico inicia-se em 1º de setembro, com a comemoração de como Deus criou o mundo, celebram o Tempo da Criação e, em 2015, o Papa Francisco acolheu também esse compromisso. Cada ano, há um tema escolhido pelo comitê ecumênico. Jubileu pela Terra: Novos Ritmos, Nova Esperança é a temática de 2020″, afirma dom Vicente.
O Tempo da Criação, ao propor um jubileu pela terra, anima a todos a tomar algumas atitudes concretas, segundo dom Vicente. “Reforçar a oração, o louvor a Deus por todas as criaturas (Cfr Dn 3); rever nosso jeito de viver, eliminando acúmulos e desperdícios, participar de redes que buscam caminhos alternativos, valorizando as sabedorias ancestrais, a agroecologia, as culturas indígenas e quilombolas; lutar nos municípios, estados e federação por políticas públicas, exigindo de nossos dirigentes a gestação e cumprimento de leis de proteção ambiental etc”, complementa dom Vicente.
Valendo-se do que esse tempo proporciona de reflexões e atitudes, a campanha Amazoniza-te preparou algumas ações para serem vividas nessa semana. Para o Dia de Oração, um roteiro celebrativo foi organizado para ajudar as comunidades a rezarem, conforme o pedido de Francisco. Textos, orações e músicas fazem parte do material que ajuda a refletir sobre o dia com um convite específico a olhar e rezar pela Amazônia.
Uma live com o diretor do filme Amazônia Sociedade Anônima será realizada no dia 4, sexta-feira. Estevão Ciavatta participará de um bate papo com a doutora Débora Duprat, que foi membro do Ministério Público Federal de 1987 a 2020, e vice-procuradora-geral da República entre 2009 e 2013. O teólogo e diretor do Instituto de Teologia Pastoral e Ensino Superior da Amazônia e assessor da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), padre Ricardo Castro, também participa da conversa. O filme será exibido em uma sala virtual, no mesmo dia, a partir das 18h. Os interessados em receber o link para assistir ao filme devem se cadastrar no link.
Dia 5 de setembro é celebrado o dia da Amazônia e o dia internacional da mulher indígena. Juntamente com uma série de organizações, a proposta é de mobilização nas redes sociais para visibilizar a Amazônia, suas causas e as mulheres indígenas de toda a Pan-Amazônia.
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Amazoniza-te
Lançada em julho deste ano, a campanha Amazoniza-te nasceu do diálogo entre organizações eclesiais e da necessidade de sensibilizar a opinião pública brasileira e internacional sobre o perigo ao qual está sendo exposta a vida na Amazônia, com os territórios e as populações.
A campanha levanta o chamado a “Amazonizar-se”, em um convite de ações que articulem as lideranças dos povos e comunidades tradicionais,a Igreja na Amazônia, os diferentes organismos eclesiais, artistas e formadores de opinião, pesquisadores e cientistas. A convocatória “Amazonizar” propõe a participação ativa de todo o povo em defesa da Amazônia, seu bioma e seus povos ameaçados em seus territórios.
As organizações que articulam a campanha são a Comissão Episcopal para a Amazônia da CNBB, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam-Brasil), o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), Mídia Ninja e Movimento Humanos Direitos (MHuD).