Saiba como funciona o processo de distribuição do montante arrecadado nessa coleta de âmbito nacional da Campanha da Fraternidade, que neste ano tem por tema a educação
Realizada sempre no Domingo de Ramos em todo o Brasil, a Coleta da Solidariedade, gesto concreto da Campanha da Fraternidade (CF), ocorrerá no domingo, 10. Neste ano, o tema da CF é “Fraternidade e Educação” e o lema “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26), que convoca todos a refletir sobre os fundamentos do ato de educar.
“O primeiro grande gesto concreto é a conversão do coração, que, uma vez convertido pela Palavra de Deus, jamais será indiferente aos irmãos e irmãs. O segundo gesto é o da solidariedade”, disse ao O SÃO PAULO o Secretário Executivo de Campanhas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Padre Patriky Samuel Batista.
COLETA
Em todo o País, para doar à Coleta da Solidariedade no Domingo de Ramos, os fiéis devem participar das celebrações de sua comunidade ou paróquia e, assim, concretizar seu gesto.
“Essa coleta é muito importante porque, por meio dela, conseguimos apoiar diversos projetos sociais ligados ao tema da CF em todo o território nacional. É a nossa ajuda para transformar os cenários que desafiam a educação”, afirmou o Padre Patriky.
“Que a nossa preparação para a celebração da Páscoa de Cristo, para a vitória de Cristo sobre o pecado e a morte, seja marcada também pela solidariedade, guiada pela fé e pela fraternidade que nos ajudam a cuidar uns dos outros”, disse o Sacerdote. “Que no próximo dia 10 todos participem e se inteirem também dos projetos da sua diocese que são apoiados pelo Fundo Nacional de Solidariedade (FNS).”
Padre Patriky explica que o montante da Coleta, oriundo das mais de 270 dioceses do País, é que determinará quantos projetos o FNS poderá apoiar ao longo do ano.
“Vamos vendo a partir da realidade daquilo que vai chegando. Às vezes, temos que priorizar aquilo que já é prioridade. Como as receitas caíram por causa da pandemia, temos que priorizar em cima da prioridade. É um desafio muito grande”, contou, explicando ainda que o conselho gestor do FNS se reúne três vezes por ano para poder avaliar os projetos.
DISTRIBUIÇÃO DOS RECURSOS
Os recursos arrecadados em todas as dioceses integram os Fundos Diocesanos e Nacional de Solidariedade, pelos quais são destinados valores para a promoção da dignidade humana, o compromisso com os pobres e a vida plena. A cada ano, são priorizadas instituições e projetos que atendam aos objetivos gerais e específicos propostos pela CF em vigor.
Padre Patriky explicou que, do total arrecadado, 60% fica na própria diocese em que foi coletado, compondo o Fundo Diocesano de Solidariedade, e 40% vai para o Fundo Nacional de Solidariedade da CNBB.
O Secretário esclareceu ainda que, para receber o apoio desses fundos, a instituição, bem como seu projeto, precisa se encaixar naquilo que o edital propõe. É preciso ter vínculo com os três eixos determinantes do edital do FNS, estar em conformidade com os propósitos católicos e ter uma carta de anuência do bispo da diocese do território no qual a instituição se encontra.
Padre Patriky frisa que o edital do FNS só é disponibilizado na primeira semana da Páscoa, ou seja, após o Domingo de Ramos. Por isso, ainda não é possível saber quais serão os três eixos determinantes para a Coleta deste ano.
Apesar disso, o Secretário contou que estão previstos os seguintes eixos: iniciativas comunitárias no campo da educação; enfrentamento da insegurança alimentar e vulnerabilidade social; e capacitação para a geração de renda. Entretanto, pode haver alterações. O Secretário exemplifica que, quando se fala em iniciativas comunitárias
no campo da Educação, isso significa “pensar uma educação para o huma- nismo solidário, prevenção à violência no ambiente escolar e formação social, envolvendo os atores sociais na questão da educação, juntamente com as famílias locais”.
“No edital estarão todas as informações e todo o processo é feito de forma on-line. Basta entrar no site do FNS e fazer o cadastro da instituição. Lá, há toda a documentação necessária para se cadastrar”, orientou o Sacerdote.
“A partir das dicas do edital, é possível ver em qual área e em qual eixo [o projeto] se encaixa. Se ele for correspondente a algum dos três eixos, toda a documentação necessária deve ser enviada, inclusive a carta de anuência do bispo.”
É permitido a um projeto se inscrever por até três anos seguidos para receber recursos do FNS. “Alguns projetos necessitam de continuidade. Não adianta apoiarmos só a primeira fase e depois deixar morrer o que já foi pensado e investido”, explicou o Padre Patriky.
O Secretário reforça que a carta de anuência do bispo “é o que garante que aquela instituição é idônea e que realmente o projeto necessita [de recursos]. Sem ela, nem olhamos o projeto, porque ao indicar uma instituição o bispo se compromete e nos ajuda a acompanhar a prestação de contas”, completou. Além disso, essa carta assegura que as instituições e projetos apoiados seguem os propósitos da Igreja.
Outro ponto fundamental é que essa instituição possua um CNPJ. “Temos a responsabilidade da prestação de contas diante do governo. Então, tem que ser pessoa jurídica”, detalhou o Sacerdote.
BONS EXEMPLOS
No ano passado, por exemplo, 94 iniciativas foram apoiadas com recursos arrecadados durante a CF 2021, as quais tinham alinhamento com algum dos três eixos de atuação que foram definidos no edital: auxílio a situações de insegurança alimentar; insumos para cuidados sanitários ligados à pandemia; e captação para a geração de renda.
Como exemplo de projetos que já foram apoiados pelo FNS, Padre Patriky menciona a ação “Cozinha Solidária: alimentando sonhos a serviço do bem comum”, realizada no fim de 2021, na Diocese de Cametá do Tocantins (PA). Por meio do apoio, foram distribuídas refeições para 500 pessoas em risco alimentar.
Para mais informações, basta acessar o site do FNS. Nele ficam disponíveis o edital, as datas das reuniões do conselho gestor e ainda o Portal da Transparência da CNBB, no qual é possível consultar informações dos projetos apoiados.