Nos dias 11 e 12, a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB Nacional) promoveu, em São Paulo, o 2º Congresso de Comunicação, que teve como tema central “Inovação, Inteligência Artificial e Estratégias Institucionais”. O encontro, realizado na Faculdade Santa Marcelina, em Perdizes, reuniu religiosos, comunicadores e especialistas para refletir sobre os impactos das novas tecnologias, a presença da vida consagrada nas mídias sociais e os caminhos para uma comunicação ética e evangelizadora.
A programação contou com palestrantes nacionais e internacionais, entre eles a professora Nataša Govekar, diretora da área teológica do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé. Em sua conferência, ela destacou a importância de verificar as fontes antes de compartilhar informações, mesmo quando elas vêm de pessoas de confiança, e alertou para os riscos do uso excessivo das redes sociais, sobretudo entre adolescentes.
“A credibilidade pessoal não substitui a verificação dos fatos”, afirmou, relatando casos em que a exposição prolongada às plataformas digitais afetou a autoestima e agravou crises de identidade.
LIDERANÇA
Em seguida, Kleberson Rodrigues, consultor da Unesco para a Educação, abordou o papel da liderança no mundo digital, destacando como a transformação tecnológica, especialmente a inteligência artificial (IA), altera a forma de conduzir as instituições católicas e sua comunicação. Ele enfatizou a necessidade de integrar ferramentas digitais aos processos pastorais e administrativos, sempre com discernimento ético e foco na missão evangelizadora.
Os participantes também conheceram experiências de hopetelling – narrativas de esperança – que mostram o potencial das redes para gerar engajamento e mobilização.
Irmã Nina Krapić, jornalista e doutoranda em Comunicação Social na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, refletiu sobre autenticidade e responsabilidade nas mídias sociais, sublinhando que as redes “não são apenas espaços de divulgação, mas de testemunho, diálogo e proximidade”. Para ela, a coerência de vida é fundamental para transmitir o Evangelho.
Na sequência, Paulo Moregola, diretor-adjunto confessional da FTD Educação, tratou da comunicação estratégica com stakeholders, destacando os desafios de alinhar missão institucional e práticas comunicativas.
NARRATIVAS DE ESPERANÇA
No segundo dia do congresso, Lindolfo de Alexandre Souza, decano da Escola de Linguagem e Comunicação da PUC-Campinas, falou sobre linguagens e diversidade cultural na construção de narrativas eclesiais.
Osnilda Lima, assessora da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), apresentou o caso do Fundo Nacional de Solidariedade, que em 2025 destinará mais de R$ 2,9 milhões a 112 projetos sociais ligados à Campanha da Fraternidade, com uma estratégia comunicacional baseada em contemplação, sacrifício e conversão.
As reflexões finais abordaram a comunicação em momentos de crise, com Rosângela Florczak, doutora em Comunicação e decana da Escola de Comunicação da PUC-RS, que defendeu a prevenção e o diálogo como atos de cuidado; e os impactos da inteligência artificial na vida da Igreja, apresentados por Maria Cristina Machado Domingues, diretora de tecnologias digitais do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que destacou os riscos éticos e a necessidade de preservar as relações humanas.
No encerramento do encontro, a CRB Nacional anunciou que a 3ª edição do Congresso de Comunicação será realizada nos dias 10 e 11 de setembro de 2026, novamente na Faculdade Santa Marcelina, com o tema “Inovação, Tecnologias Emergentes, Humanidades e Comunicação”.
(Colaborou: Assessoria de Comunicação da CRB Nacional)
