COVID-19 no Brasil: em 1 ano, mais de 10 milhões de casos e escassez de vacinas

Na semana em que se completa um ano da confirmação do primeiro caso de COVID-19 no Brasil, em 25 de fevereiro de 2020, o saldo da pandemia no País até agora é de mais de 10 milhões de infectados, quase 250 mil mortos pelo novo coronavírus e aproximadamente 6 milhões de pessoas vacinadas, cerca de 3% da população.

Com pouco estoque de vacinas, algumas cidades no País interrompem o processo de vacinação (foto:
Jonatas Campos/Agência Estadual de Notícias do Paraná)

Em todos os estados, a vacinação foi iniciada em janeiro, a partir de grupos prioritários – profissionais da Saúde, indígenas aldeados, pessoas que vivem em instituições de longa permanência e idosos. Um mês depois, porém, algumas cidades ficaram sem estoques de vacina na semana passada, entre essas ao menos, nove capitais: Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Goiânia (GO), Manaus (AM), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Porto Velho (RO), Rio de Janeiro (RJ) e Salvador (BA). Na maioria delas, a vacinação foi retomada nesta semana.

IMPACTOS DA INTERRUPÇÃO DA VACINAÇÃO

Na terça-feira, 23, um lote com 2 milhões de doses da Covishield, desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, chegou ao Brasil vindo da Índia, e se somará aos 2 milhões de doses já disponíveis desse imunizante e aos 9,8 milhões da CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac. Até domingo, o Butantan afirma que irá entregar mais 3,9 milhões de doses.

Com essa quantidade de vacinas será possível imunizar, com a aplicação de duas doses por pessoa, aproximadamente 8,8 milhões de brasileiros, cerca de 11% das 77,2 milhões de pessoas que integram o grupo prioritário para a vacinação, definido pelo Ministério da Saúde em janeiro.

O fim dos estoques das vacinas e a interrupção do processo de vacinação podem fazer com que os resultados esperados inicialmente com a imunização não sejam alcançados.

“Quando se imuniza um grande contingente populacional, é como se fosse criado um cordão ao redor da comunidade e, assim, se consegue quebrar a cadeia de transmissão, ou seja, gradativamente, o vírus não irá encontrar pessoas suscetíveis à infecção causada por ele. Por isso, a interrupção da vacinação é uma péssima notícia”, explicou ao O SÃO PAULO o infectologista  Jamal Suleiman, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.

PROMESSA DE 230 MILHÕES DE DOSES ATÉ JULHO

No dia 15, o Ministério da Saúde, em nota, apontou que é obrigação das prefeituras “assegurar que a segunda dose chegue a todos os que já tomaram a primeira” e garantiu ter enviado quantidades suficientes dos imunizantes para que isso ocorresse.

No dia seguinte, a Confederação Nacional dos Municípios criticou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e afirmou ter relatos “de prefeitas e prefeitos de várias partes do País indicando a suspensão da vacinação dos grupos prioritários a partir desta semana, em consequência da interrupção da reposição das doses e da falta de previsão de novas remessas pelo Ministério”.

Menos de 24 horas depois, o Ministério da Saúde apresentou, no dia 17, um cronograma no qual prevê, até julho, a entrega de 230,7 milhões de doses de imunizantes contra a COVID-19. Serão 112,4 milhões de doses da Covishield, 77,6 milhões da CoronaVac, além de vacinas que ainda não tiveram o registro de uso emergencial aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): 10,6 milhões de doses via Covax Facility; 10 milhões da Sputnik V/Instituto Gamaleya, via laboratório União Química; e 20 milhões da Covaxin/Barat Biotech, por meio do laboratório Precisa Medicamentos.

PRECAUÇÃO AINDA É O MELHOR REMÉDIO

Diante das taxas de infecção por COVID-19 em alta, das incertezas sobre os impactos das novas variantes do vírus e das notícias de cidades em que infectados aguardam por leitos para se tratar da doença, como se registrou recentemente em Araraquara (SP), Sobral (CE), Manaus (AM) e Rio Branco (AC), por exemplo, manter o conjunto de medidas protetivas contra a doença é fundamental.

“Não podemos abaixar a guarda em relação às estratégias de proteção, em hipótese alguma. Com as vacinas, estamos chegando a um porto seguro, mas isso só vai ser bom quando for para todo mundo. Temos de ser resilientes, entender que neste momento é preciso hierarquizar quem será vacinado, pois a quantidade de vacinas ainda não é grande, e continuar exigindo das autoridades que todos tenhamos acesso à vacina”, comentou Suleiman.

As situações de aglomeração de pessoas, como nos transportes públicos em horários de maior fluxo,  nos eventos de entretenimento, como em confraternizações em bares, bailes e festas clandestinas, têm levado ao aumento de casos, em especial entre os mais jovens. No começo da pandemia em São Paulo, em março de 2020, a faixa etária de 10 a 19 anos representava 1% dos infectados e a de 20 a 29 anos, 11,7%. Na primeira quinzena de janeiro deste ano, os percentuais eram respectivamente de 6,7% e de 20,7%.

“Não há outra equação para esta doença: havendo mais aglomeração, aumenta o número de casos”, afirma o infectologista.

Em entrevista à CNN Brasil em janeiro, o secretário da Saúde do município de São Paulo, Edson Aparecido, falou sobre as consequências dessa atitude. “Os jovens têm ido às festas, bares e baladas, contraem a doença, são assintomáticos, vão para a casa e contaminam a família, que acaba adoecendo e precisando de um leito na cidade”, observou.

(Com informações de CNN Brasil, G1, Agência Brasil, Ministério da Saúde, Governo de São Paulo e UOL)

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