COVID-19 no Brasil: quem já está tomando a vacina e por quê?

Trabalhadores da área da Saúde, indígenas e pessoas que vivem em instituições de longa permanência estão sendo os primeiros vacinados. Grupo prioritário é composto por 77,2 milhões de pessoas

Foto: Governo do Estado de São Paulo

A vacinação contra a COVID-19 no Brasil começou no dia 17, após a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o uso emergencial de dois  imunizantes: a CoronaVac, desenvolvida pela farmacêutica Sinovac Biotech, em parceria com o Instituto Butantan; e a Covishield, mais conhecida como AstraZeneca/Oxford (nome de seus desenvolvedores), produzida em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Por que uso emergencial?

Geralmente, a liberação de doses de uma vacina no Brasil ocorre após o imunizante obter o registro na Anvisa. No entanto, diante da atual emergência de saúde pública, os fabricantes de vacinas contra a COVID-19 solicitaram a permissão para uso emergencial. Trata-se de uma autorização temporária e que não permite ampla vacinação da população, tampouco que as vacinas sejam comercializadas, o que só será possível quando elas obtiverem o referido registro.

Quantas já há disponíveis?

Até a tarde da quarta-feira, 27, um total de 6,9 milhões de doses da CoronaVac e de 2 milhões de doses da Covishield já haviam sido distribuídas para aplicação nos grupos prioritários em todo o País, em conformidade com o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação (PNOV), elaborado pelo Ministério da Saúde.

Quantas mais podem ser disponibilizadas em breve?

Até o fim de janeiro haverá mais 1,8 milhão de doses da CoronaVac. Depois, mais 1,4 milhão deste imunizante, ainda como parte de seu segundo lote.

Conforme houver a liberação, por parte da China, do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), serão produzidas mais 35 milhões de doses da CoronaVac até abril e 50 milhões da Covishield.

O Ministério da Saúde assegura que somados o que já se tem em contrato para a compra desses dois imunizantes e a quantidade de vacinas que receberá por meio do consórcio Covax Facility, coordenado pela Organização Mundial da Saúde, o Brasil terá 354 milhões de doses de vacinas contra a COVID-19 disponíveis neste ano.

Em quantas doses e em qual intervalo?

Tanto para a CoronaVac quanto para a Covishield, as fabricantes recomendam duas doses por pessoa. No caso da primeira, o intervalo máximo é de 28 dias entre as aplicações; já para a segunda, pode chegar a até três meses. Além disso, a Fiocruz já sinalizou ser possível, inicialmente, que apenas uma dose da Covishield seja aplicada em cada pessoa.

O quanto a vacina protege?

No caso da CoronaVac, a eficácia geral – capacidade de evitar que quem a receba adoeça – é 50,38%. Para quadros leves da doença, ou seja, aqueles em que a pessoa apresenta sintomas, mas não há necessidade de internação, a eficácia foi de 78%. Por fim, 100% dos que receberam a vacina na fase de testes não tiveram casos graves.

“A CoronaVac mostra, portanto, o potencial de reduzir pela metade o número de casos leves da doença, e de reduzir a um quinto o número de casos que precisam de atendimento médico”, explicam, em artigo, os pesquisadores Carlos Orsi e Natalia Pasternak, do Instituto Questão de Ciência (IQC).

Já a vacina Covishield tem eficácia geral de 73% e protege em 100% de sintomas graves da doença e de hospitalização.

Dado o momento de pandemia, a Organização Mundial da Saúde recomenda que sejam aplicadas vacinas com eficácia geral mínima de 50%. Assim, tanto a CoronaVac quanto a Covishield são eficazes e seguras.

LEIA TAMBÉM
Cardeal Scherer e infectologistas ressaltam a importância da vacinação contra a COVID-19

Prioridade para trabalhadores da área da Saúde

Os trabalhadores da área da Saúde estão entre os primeiros a receber a vacina, e a preferência é para aqueles que atuam no atendimento a pacientes com a COVID-19.

Chefe da Vigilância Hospitalar, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER), a médica infectologista Ana Angélica Bulcão Portela recebeu a primeira dose da CoronaVac na semana passada.

“Ao vacinar os profissionais da Saúde, além de tirá-los de maior risco de se infectarem com o coronavírus, se mantém uma força de trabalho essencial durante a pandemia”, afirmou a infectologista ao O SÃO PAULO.

Pessoas em instituições de longa permanência e indígenas

Idosos e pessoas com deficiência que vivem em instituições de longa permanência, como os asilos, por exemplo, também estão sendo vacinados. Ana Angélica explica que, entre os idosos, muitos têm comorbidades, e essa tem sido a população que mais morre por complicações da COVID-19.

Outro grupo prioritário são os indígenas que vivem em aldeias. “Sabe-se que a população indígena não é muito heterogênea, além de não ter anticorpos para inúmeros agentes. Assim, eles não têm o mínimo de imunidade montada no corpo e são muito vulneráveis a qualquer vírus”, detalhou a infectologista.

E aos demais, quando?

Os prazos serão estabelecidos conforme houver a disponibilidade de vacinas. O que já se sabe é a ordem de prioridade da fase 1 de vacinação, conforme a última atualização do PNOV, feita no dia 22: equipes de vacinação que estiverem envolvidas na etapa dos primeiros 6 milhões de doses; trabalhadores das instituições de longa permanência de idosos e de pessoas com deficiência; trabalhadores dos serviços de saúde públicos e privados, envolvidos diretamente na atenção/referência para os casos suspeitos e confirmados da COVID-19 e outros trabalhadores da saúde.

Nesta última revisão, o Ministério não menciona como ficará a imunização dos demais brasileiros. Anteriormente, os que tomariam a vacina na fase 2 seriam todos os idosos acima de 60 anos, e na fase 3 as pessoas com comorbidades, como diabetes, obesidade e doenças cardíacas. Foram acrescidos aos grupos prioritários os trabalhadores industriais, portuários, do transporte coletivo e os transportadores rodoviários de cargos.

Apenas após serem vacinados todos os dos grupos prioritários haverá um plano de imunização para o restante da população.

Importante: o Ministério da Saúde não está fazendo qualquer tipo de agendamento para a vacinação. Golpes nesse sentido já foram registrados no País, fazendo com que as pessoas forneçam seus dados a terceiros.

A vacinação e o combate à pandemia

De acordo com o Ministério da Saúde, o grupo prioritário para receber a vacinação totaliza 77,2 milhões de pessoas, ou seja, pouco mais de 36% dos cerca de 212 milhões de pessoas que vivem no Brasil.

A infectologista Ana Angélica lembra que a vacinação é uma estratégia fundamental de saúde pública para controlar a pandemia, mas, como o número de vacinas ainda é pequeno, a manutenção de medidas como o uso da máscara, a higienização frequente das mãos e o distanciamento social deve ser observada por todos. “As outras medidas não podem ser afrouxadas, porque ainda não se conseguiu alcançar uma margem de população que esteja vacinada em quantidade que permita proteger a todos. Este não é o momento de ser egoísta, de se pensar na proteção individual”, concluiu.

(Com informações de Gov.Br, Agência Brasil, G1, Instituto Questão de Ciência, Instituto Butantan, Fiocruz e Ministério da Saúde)

Deixe um comentário