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Dom Edson Oriolo: ‘A IA é uma ferramenta e não algo que vai dogmatizar tudo’

Estudioso constante das novas tecnologias de comunicação e marketing, Dom Edson Oriolo, Bispo de Leopoldina (MG), lançou na ExpoCatólica 2025 o livro “Inteligência Artificial como ferramenta de evangelização”, pela Editora Ave-Maria.

Em entrevista ao O SÃO PAULO, no estande da Arquidiocese de São Paulo na ExpoCatólica, realizada de 3 a 6 de julho, o Bispo destacou que a IA – seja em nível amplo, seja a inteligência artificial generativa – ainda é algo muito novo para a Igreja: “Nós sempre tivemos a preocupação de lançar a semente do Verbo, falar a respeito do Reino de Deus, por meio das nossas homilias, de nossos encontros. O uso da inteligência artificial generativa, das redes sociais, do WhatsApp e de tantos outros dispositivos de inteligência artificial ainda nos trazem essa grande preocupação”, observou.

O TEMA NA IGREJA NA AMÉRICA LATINA

Dom Edson é uma das 14 pessoas que ajudou a redigir o subsídio “La Inteligencia Artificial: Una mirada pastoral desde América Latina y el Caribe” (A Inteligência Artificial: uma perspectiva pastoral a partir da América Latina e do Caribe), lançado em maio pelo Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam), com a proposta de oferecer a toda a Igreja, e particularmente aos bispos da América Latina e do Caribe, “uma visão ampla e diversificada sobre Inteligência Artificial e seus impactos nas esferas social, econômica, política, ética, bioética, ecológica, teológica e pastoral…, encorajando a comunidade cristã a assumir, com responsabilidade e esperança, os desafios que a IA coloca atualmente”, consta na apresentação do documento.

Ele é o único bispo no grupo de 14 pessoas que redigiu o documento: “Há especialistas em robótica, em tecnologia da informação, teólogos. Nós estamos tentando elaborar – partilhando, conversando ­– alguns princípios para ajudar as pessoas a entenderem, a acolherem melhor a inteligência artificial. Por isso, foi elaborado um documento falando a respeito dessa realidade. Esse documento faz um histórico muito interessante. Também coloca pistas para que um sacerdote possa usar a inteligência artificial, pistas para que nós bispos possamos entender essa realidade”, detalhou.

“E o mais importante de tudo isso é entender que quem é o responsável, aquele que cuida, que gera, é uma pessoa humana, é a consciência humana que gera conteúdos ­– áudios, textos, códigos, imagens – mas é o homem que controla essa realidade”, prosseguiu Dom Edson.

O Bispo, no entanto, afirmou que é preciso haver um conhecimento e reflexões sobre a forma como essa tecnologia é alimentada.

“Há quem coloque na máquina coisas erradas, há quem coloque coisas certas. Assim, temos que ter formação para conhecê-la, porque é como que uma caixa preta, que pode fornecer uma cultura do cancelamento. Assim, devemos estar atentos com os princípios do Evangelho, as questões éticas e morais, porque, de fato, nós não sabemos o que pode acontecer. Entretanto, se a gente colocar pistas, parâmetros, vai melhorar, porque é uma arena difícil para a gente evangelizar. São areópagos totalmente complexos para a gente anunciar a Boa Nova, mas a gente tem que estar atento, saber que é uma ferramenta e não algo que vai dogmatizar tudo. A nós, católicos, há a referência do Evangelho, a Boa Nova”.

UM LIVRO INTERATIVO

O livro “Inteligência Artificial como ferramenta de evangelização” analisa os efeitos da IA na sociedade, com ênfase especial em seu impacto na Igreja, examinando suas várias aplicações, desafios e oportunidades.

Dom Edson ressalta que na obra os conceito de IA são apresentados de modo prático e interativo.

“Ao longo das páginas, você pode usar o QR Code do seu celular para ir a um vídeo que explique o capítulo ou para aprofundar uma determinada citação. A partir do QR Code, você vai achar um texto que eu pesquisei para aprofundar melhor um parte do conteúdo. Portanto, é um livro que você tem que ler com uma máquina inteligente”, concluiu o Bispo.

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