Esperança e sabedoria: como os avós veem o mundo pós-pandemia

Papa Francisco: ‘Os idosos são o hoje e o amanhã da Igreja. São também o futuro de uma Igreja que, junto com os jovens, profetiza e sonha’

“Olhando para o ambiente familiar, queria destacar uma coisa: hoje, na festa de São Joaquim e Sant’Ana, no Brasil como em outros países, se celebra a festa dos avós. Como os avós são importantes na vida da família, para comunicar o patrimônio de humanidade e de fé, que é essencial para qualquer sociedade! E como são importantes o encontro e o diálogo entre as gerações, principalmente dentro da família”, disse o Papa Francisco, durante a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro (RJ), em 2013.

Em 26 de julho, dia em que a Igreja celebra a festa dos pais da Santíssima Virgem Maria e avós de Jesus, São Joaquim e Sant’Ana, comemora-se também o Dia dos Avós, que, além de sabedoria, comunicam fé e esperança.

O SÃO PAULO conversou com avôs e avós sobre a esperança no futuro, sobretudo num mundo pós-pandemia.

ORAIDE DE ARAÚJO BICUDO, 91 ANOS

Aos 91 anos, Oraide de Araújo Bicudo espera o 37º bisneto e o segundo tataraneto. Em 27 de julho, dia seguinte à data em que se comemoram os avós, ela completa 92 anos e, ao ser perguntada sobre o futuro, diz que a esperança é uma criança crescendo.

“Não podemos prever. Mas, minha expectativa é de que as coisas vão melhorar, se Deus quiser. Eu tenho esperança em um futuro melhor para os outros, para as crianças que estão crescendo. Esta pandemia serviu para unir mais as famílias para que, no futuro, os pais sejam mais amigos dos filhos. Que os vizinhos se reconciliem e as pessoas fiquem mais unidas, quando puderem sair de suas casas e se encontrarem.”

Oraide nasceu em Jacareí (SP) e mora há mais de 60 anos em Ribeirão Pires (SP). Ela tem 10 filhos, 28 netos, 37 bisnetos e 2 tataranetos.

EDMUR SERVILHA, 64 ANOS

“O amanhã tende a ser mais promissor.  Acredito no fim da miséria. Vejo que o mundo de hoje é muito mais higiênico em relação ao passado, então, imaginem o futuro? O mundo pós-pandemia vai exigir muito de todos. Cuidados serão aplicados constantemente no nosso dia a dia. Precisamos de políticas públicas sérias e aplicadas para tudo funcionar. Tenho muita esperança.”

Edmur nasceu em Bariri (SP) e mora em Bauru (SP). Ele tem 2 filhas e 1 neta.

TARCILA SOUZA DO CARMO, 60 ANOS

“Continuo vendo o mundo com esperança de dias e pessoas melhores. Apesar de muitos conflitos, acredito na evolução do ser humano. Cada um em seu tempo, mas sempre em frente. Vejo essa pandemia como oportunidade de muitas mudanças: ideológicas, sociais e culturais. Oportunidade para melhorar as condições de vida das pessoas mais carentes. Tenho muita esperança.”

Tarcila nasceu e mora em Salvador (BA). Ela tem 2 filhos e 4 netos.

SEBASTIÃO FERREIRA DA SILVA, 64 ANOS

“Está difícil, mas sei que vamos passar por tudo isso e acreditar que será melhor, um passo de cada vez. Precisamos lembrar que o futuro só a Deus pertence. Quando falamos em futuro, antes de tudo, está Deus, e só depois caminham os homens. Cada tempo é uma mudança. Para mim, futuro melhor é ver meu neto crescendo. Se pensarmos que vai melhorar, o futuro, sim, será melhor.”

Sebastião nasceu em Virgolândia (MG) e mora em Ubiratã (PR). Ele tem 5 filhos e 10 netos.

VERA LÚCIA SCHEFER, 62 ANOS

“No momento, vejo o mundo com certa letargia, as pessoas um pouco inseguras, mas com fé e esperança. Sei que o futuro é um pouco incerto, mas precisamos ter confiança, ter esperança num futuro melhor. Quando passar a pandemia, tudo voltará ao seu lugar e nós seremos melhores. Não será a mesma coisa, porém, pois tudo mudou e nós também mudamos. Talvez não tenhamos mais tanta pressa, cuidaremos mais de nós, dos que amamos e diminuiremos nossos passos.

Ainda de acordo com Vera, “com a pandemia, nós nos voltamos mais para Deus, buscamos Nele o conforto, a paz e a esperança que tanto precisamos para passar por este período. Vejo que temos muito progresso e cuidado entre as pessoas. Acho que é tempo de redirecionar nossos filhos, para que não fiquem com traumas ou com medo. Vejo luz e serenidade por parte das pessoas responsáveis por outras pessoas. Vejo amor.”

Vera nasceu e mora em Cerro Largo (RS). Ela tem dois filhos e espera a chegada do primeiro neto.

 ‘OS IDOSOS SÃO TAMBÉM O FUTURO DA IGREJA’

(Crédito: Vatican News)

“Os idosos são o hoje e o amanhã da Igreja. Sim, eles são também o futuro de uma Igreja que, junto com os jovens, profetiza e sonha. Por isso, é importante que idosos e jovens conversem entre si. É muito importante”, disse o Papa Francisco, no dia 31 de janeiro de 2020, quando recebeu, no Vaticano, participantes do I Congresso Internacional da Pastoral dos Idosos, sobre o tema “A riqueza dos anos”.

Promovida pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, a conferência ajudou os participantes a refletir sobre a presença dos avós nas paróquias e sociedades.

“A riqueza dos anos é riqueza das pessoas, de cada pessoa que tem muitos anos de vida, experiência e história. É o tesouro precioso que toma forma no percurso da vida de cada homem e mulher, qualquer que seja a sua origem, sua proveniência, suas condições econômicas ou sociais. A vida é um dom, e quando é longa é um privilégio, para si e para os outros”, disse, na ocasião, o Papa.

O Pontífice recordou que, no século XXI, a velhice tornou-se um dos traços marcantes da humanidade: “A grande presença de idosos é uma novidade para o ambiente social e geográfico do mundo”. Ele convidou todos a ir ao encontro dos idosos em suas casas, sobretudo os que vivem sozinhos.

“Concedendo a velhice, Deus doa tempo para aprofundar o nosso conhecimento sobre Ele, a intimidade com Ele a fim de entrar sempre mais em seu coração e se abandonar a Ele. A velhice não é uma doença, mas um privilégio! A solidão pode ser uma doença a ser curada com a caridade, a proximidade e o conforto espiritual. Deus tem um povo numeroso de avós em todas as partes do mundo.”

(Com informações de Vatican News)

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