
Aos 61 anos, Rosângela Maria Lara faz caminhada diariamente, além de exercícios de alongamento, eletroestimulação leve duas vezes por semana e ioga. A opção pela prática de atividades físicas surgiu há cinco anos.
“Sempre acreditei que envelhecer com qualidade é um direito – e uma escolha. O desejo de me sentir ativa, lúcida, forte e capaz de realizar meus sonhos foi o maior impulso para adotar hábitos mais saudáveis”, afirmou ela, que também é estudante do 4º ano de Medicina.
MUDANÇA DE HÁBITOS
Rosângela recordou que, na juventude, não se preocupava com os cuidados com a saúde, mas, com o passar dos anos, entendeu que um envelhecimento saudável se constrói diariamente, por meio de escolhas conscientes.
Segundo ela, o desejo de iniciar a formação em Medicina transformou sua rotina: “Além de mais disposição física e mental, notei uma melhora na minha postura, no sono, no humor e na capacidade de concentração. Os exercícios me ajudam a manter o foco nos estudos e o equilíbrio emocional diante dos desafios da rotina médica”, complementou.
Hoje, com uma rotina consolidada, ela recorda a insegurança que sentiu no início da mudança de hábito:
“Eu achava que não conseguiria acompanhar o ritmo, mas logo percebi que não existe idade para começar e que o importante é persistir com leveza e consistência. O corpo e a mente agradecem cada passo em direção ao cuidado. Comece devagar, no seu tempo, mas comece”, salientou a estudante de Medicina, que compartilha sua rotina nas redes sociais para incentivar outras pessoas a mudarem seus hábitos em relação à saúde.
MAIS MADUROS E MAIS ATIVOS
De acordo com dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população brasileira com 60 anos ou mais ultrapassou pela primeira vez a quantidade de jovens, de 15 a 24 anos: 15,6% contra 14,8%. Pessoas entre 40 e 59 anos também apresentaram índices maiores, com um total de 26,2%, em comparação ao público de até 14 anos (20,1%) e de 25 a 39 anos (23,3%).
Com uma população cada vez mais madura, cresce também a escolha por um envelhecimento saudável. Isso foi demonstrado por uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que constatou que 9 milhões de idosos realizam algum tipo de atividade física, sendo a caminhada o exercício mais praticado, com 66,5% de adesão, seguida pelo passeio de bicicleta (13,3%) e academia (9,69%).
BENEFÍCIOS CONCRETOS
A prática de exercício físico realizada de forma regular ajuda a prevenir e controlar algumas doenças crônicas frequentes na terceira idade. Também contribui para a manutenção da mobilidade, independência e autonomia no envelhecimento, pois fortalece músculos, ossos, articulações e reduz o risco de quedas.
“Além dos benefícios para o corpo, a atividade física também traz vantagens para a saúde mental, pois ajuda na prevenção e no tratamento de sintomas depressivos e ansiosos, no controle do estresse, na qualidade do sono e no bem-estar. Também tem efeitos positivos na função cognitiva, o que ajuda a prevenir síndromes demenciais, como o Alzheimer”, explicou Luciana Louzada Farias, geriatra na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
O QUE FAZER ANTES DE COMEÇAR
Segundo Luciana, antes de a pessoa idosa iniciar ou modificar significativamente sua rotina de atividades físicas, é necessário que faça uma avaliação médica individualizada para que seja analisada a presença de comorbidades, a intensidade e os objetivos do programa de exercícios.
“Essa avaliação visa a garantir segurança, identificar possíveis riscos, otimizar os benefícios dos exercícios e adaptar o programa às necessidades e capacidades individuais, prevenindo lesões e complicações de saúde”, reiterou.
A especialista também frisou que as principais contraindicações para a prática de exercício físico incluem: hipertensão arterial não controlada, arritmias com frequência cardíaca não controlada, angina instável, insuficiência cardíaca descompensada, asma descompensada; assim como lesões musculoesqueléticas graves agudas e situações como o pós-operatório imediato.
Luciana também recomenda que a pessoa idosa incorpore mais movimento em suas atividades cotidianas, mesmo as que nunca tiveram esse hábito ou que estão sedentárias há muito tempo: “Nunca é tarde para começar. O importante é ter uma boa orientação, um acompanhamento adequado, começar devagar, respeitar os limites do corpo e progredir de forma gradual”, completou.
A ROTINA REGULAR DE EXERCÍCIOS FÍSICOS AJUDA A:
- Reduzir o risco de doenças cardiovasculares (como infarto, insuficiência cardíaca e AVC);
- Prevenir e controlar comorbidades (como hipertensão e diabetes);
- Controlar o peso corporal, prevenindo a obesidade e suas complicações;
- Prevenir problemas de saúde frequentes no envelhecimento, como perda de massa e força muscular (sarcopenia), osteopenia e osteoporose, além de dores decorrentes de patologias como osteoartrite e fibromialgia;
- Reduzir o risco de depressão, ansiedade e distúrbios do sono;
- Prevenir doenças neurodegenerativas (como a demência);
- Reduzir o risco de vários tipos de câncer (de mama, do endométrio, do cólon, do rim, da bexiga, do esôfago e do estômago).