O Brasil registrou na quinta-feira, 18, um total de 2.087 mortes por COVID-19, segundo a média móvel de sete dias, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O número é o dobro do observado há um mês (1.036 óbitos) e 54% superior às mortes de duas semanas antes (1.353).
O número de casos também atingiu um novo recorde nessa quinta-feira (71.871, segundo a média móvel de sete dias), 24% a mais que 14 dias antes (57.610) e 59% a mais que no mês anterior (45.245).
A média móvel de sete dias é calculada pela Fiocruz, em seu boletim Monitora Covid, através da soma dos números do dia com os seis dias anteriores e dividindo-se o resultado da soma por sete. Por isso, o dado é diferente daquele divulgado pelo Ministério da Saúde, que considera apenas os óbitos e casos confirmados em um dia.
Na terça-feira, 16, ao divulgar o Boletim Extraordinário do Observatório COVID-19 Fiocruz, a instituição disse que os indicadores apontam uma situação extremamente crítica em todo País e que se vive atualmente o maior colapso sanitário e hospitalar da história do Brasil.
O Boletim mostra que das 27 unidades federativas, 24 estados e o Distrito Federal estão com taxas de ocupação de leitos de UTI COVID-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS) iguais ou superiores a 80%, sendo 15 com taxas iguais ou superiores a 90%. Em relação às capitais, 25 das 27 estão com essas taxas iguais ou superiores a 80%, sendo 19 delas superiores a 90%
A fim de evitar que o número de casos e mortes se alastrem ainda mais pelo país, assim como diminuir as taxas de ocupação de leitos, os pesquisadores defendem a adoção rigorosa de ações de prevenção e controle, como o maior rigor nas medidas de restrição às atividades não essenciais. Eles enfatizam também a necessidade de ampliação das medidas de distanciamento físico e social, o uso de máscaras em larga escala e a aceleração da vacinação.
BOLETIM INFOGRIPE
Quinze das 27 unidades federativas (estados e DF) apresentam sinal de crescimento de número de casos e óbitos de Síndrome Respiratória Aguda (SRAG) e de COVID-19 aponta o Boletim InfoGripe, realizado pela Fiocruz.
Apenas dois estados apresentam tendência de queda: Amazonas e Pará. No entanto, mesmo nesses dois estados há macrorregiões de saúde com sinal de crescimento.
A análise é referente à Semana Epidemiológica 10, que abrange o período de 7 a 13 de março, e tem como base os dados inseridos no Sistema Nacional de Vigilância de Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 15 de março. Entre os registros com resultados positivo para os vírus respiratórios, 97,4% dos casos e 99,3% dos óbitos são em decorrência do novo coronavírus e suas variantes.
Distrito Federal, Espírito Santo, Maranhão, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Sergipe, Tocantins, Alagoas, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia e São Paulo mostram sinais de crescimento.
Já Bahia, Ceará, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Roraima e Santa Catarina – que no Boletim anterior apresentavam tendência de crescimento – passam a apresentar sinal de estabilidade.
“Apesar de apresentar sinal de estabilidade, não são recomendadas flexibilizações das medidas de prevenção da transmissão enquanto não houver reversão e manutenção de sinal de queda. É importante reforçar ainda que, como a SRAG está associada a eventos de internação, locais em que a rede de atendimento hospitalar estiver sobrecarregada podem resultar em diminuição na capacidade de registrar novas ocorrências”, afirmou o pesquisador Marcelo Gomes, coordenador do InfoGripe.
Capitais e região de saúde central do Distrito Federal
Em relação às capitais, a atualização mostra que 14 das 27 apresentam sinais de crescimento até a Semana Epidemiológica 10. Três capitais indicam tendência de queda – Manaus (AM), Belém (PA), e Cuiabá (MT) -, sendo que a última não tem mantido o sistema Sivep-Gripe atualizado e, portanto, o dado não deve ser utilizado para tomada de decisão.
Belo Horizonte (MG), Maceió (AL), Natal (RN), Porto Velho (RO), Rio de Janeiro (RJ), São Luís (MA), São Paulo (SP), Teresina (PI) e Vitória (ES), apresentam sinal forte (prob. > 95%) de crescimento na tendência de longo prazo (seis semanas). Campo Grande (MS), Curitiba (PR), Macapá (AP), Palmas (TO), e plano piloto de Brasília e arredores (DF), apresentam sinal moderado, probabilidade maior que 75% (três semanas) de crescimento, na tendência de curto prazo.
Aracaju (SE), Boa Vista (RR), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Porto Alegre (RS) e Salvador (BA), embora apresentem sinal de estabilidade na presente atualização, vêm de longo período de mantendo sinal de crescimento na tendência de longo prazo.
“Conforme vem sendo relatado em boletins anteriores, foi identificada diferença significativa entre as notificações de SRAG no estado do Mato Grosso registradas no sistema nacional Sivep-Gripe e os registros apresentados no sistema próprio do estado. Essa diferença se manteve até a presente atualização”, alertou Gomes.
Macrorregiões de saúde
Em 23 dos 27 estados, há ao menos uma macrorregião de saúde com sinal de crescimento. Apenas quatro estados possuem todas as suas macros com sinal de estabilidade ou queda: Acre, Amapá e Roraima estão em situação de estabilidade, enquanto, no estado do Paraná, três macros apresentam sinal de queda e uma apresenta estabilidade na tendência de longo prazo.
Dentre os estados com macrorregiões de saúde apresentando sinal de crescimento estão Amazonas, Pará, Rondônia e Tocantins na região Norte, todos os estados das regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, além dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina na região Sul.
Casos de SRAG no país
Em nível nacional, o cenário atual sugere que a SRAG, independentemente de presença de febre, encontra-se com sinal de crescimento, com dados semanais na zona de risco e ocorrência de casos semanais muito altos.
Desde 2020 até a presente atualização, foram reportados 882.663 casos. Desse total, 177.503 casos são referentes ao ano epidemiológico 2021, sendo 108.223 (61,0%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório; 24.292 (13,7%) negativos; e ao menos 27.263 (15,6%) aguardando resultado laboratorial positivos, 0,0% Influenza A, 0,0% Influenza B, 0,8% vírus sincicial respiratório (VSR) e 95,5% de Sars-CoV-2 (COVID-19).
Referente a 2020, já foram registrados 705.160 casos, sendo 407.501 (57,8%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 212.541 (30,1%) negativos, e ao menos 44.249 (6,3%) aguardando resultado. Dentre os casos positivos, 0,3% Influenza A, 0,2% Influenza B, 0,3% vírus sincicial respiratório (VSR), e 97,9% Sars-CoV-2 (Covid-19).
Fonte: Agência Fiocruz e Agência Brasil