Missa aconteceu no sábado, 29 de novembro, no Santuário São Francisco, presidida por Dom Odilo Scherer

Com os olhos voltados para a imagem de Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, Mercedes Useche, 67, rezou em agradecimento pelas graças alcançadas por intermédio do frade brasileiro que, no século XVIII, se dedicou ao atendimento dos pobres. Venezuelana, ela sempre visita o Santuário São Francisco de Assis, na região central.
“Frei Galvão é um bom exemplo para seguirmos em direção a Deus. Ele nos impulsiona e nos inspira, pois tudo o que aprendeu com o Senhor colocou em prática. Ele nos ajuda a sermos pessoas melhores”, afirmou Mercedes ao O SÃO PAULO.
A visita de Mercedes à imagem do Frade aconteceu no sábado, 29 de novembro, data em que a família franciscana celebrou a festa de Todos os Santos da Ordem Seráfica. No mesmo dia, a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil festejou 350 anos de atuação no País, em missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer.
A EXEMPLO DE FRANCISCO E CLARA
O dia 29 de novembro é dedicado à festa de Todos os Santos da Ordem Franciscana porque, nessa mesma data, em 1223, o Papa Honório III confirmou solenemente a Regra de São Francisco.
Ao todo, a Ordem Franciscana reúne 482 santos. Para o Frei Laerte de Farias dos Santos, OFM, Pároco do Santuário São Francisco de Assis, celebrar a santidade franciscana é uma forma de inspirar a comunidade atual a viver uma vida plenamente entregue ao Evangelho.
“É muito importante para nós, como família franciscana, celebrar esses santos. Eles mostram que é possível viver esse modo de vida inspirado pelo Espírito em São Francisco e Santa Clara e confirmado pela Igreja. Eles percorreram esse caminho, alcançaram a santidade, e a santidade é a meta de todo cristão”, declarou o Frade.
EM TERRAS BRASILEIRAS, A FAVOR DOS POBRES

No dia 15 de julho de 1675, o Papa Clemente X erigiu oficialmente a Província da Imaculada Conceição do Brasil, desmembrada da Província de Santo Antônio do Brasil, instituída no dia 24 de agosto de 1657.
À época de sua criação, a Província contava com dez conventos. O mais antigo era o Convento São Francisco em Vitória (ES), construído em 1591.
Frei Laerte recordou que a presença franciscana no Brasil se manifesta em diferentes períodos da história e é reconhecida especialmente pelo trabalho de evangelização e atendimento aos mais necessitados ao longo destes 350 anos.
“Muitos momentos fortes me vêm à memória, mas é importante lembrar que, todos os dias, um pão é distribuído aos pobres que batem à nossa porta. Depositamos nosso cuidado e amor nesses que são os preferidos de Deus. Creio que a maior contribuição que nós, franciscanos, podemos oferecer à sociedade é o cuidado com nossos irmãos mais fragilizados”, afirmou.
RENOVAR OS COMPROMISSOS
Para o Frei Paulo Roberto Pereira, OFM, Ministro Provincial da Província da Imaculada Conceição do Brasil, celebrar os santos franciscanos e os 350 anos de missão em terras brasileiras é uma oportunidade de revisitar a história e contemplar o futuro.
“A vida franciscana é essencialmente missionária. Ao celebrar este marco, buscamos renovar nosso compromisso com o anúncio do Evangelho. Essa é a essência de nossa presença. Somos profundamente gratos a Deus por nos conceder uma vocação tão bonita e igualmente agradecidos a todas as pessoas que caminham e partilham dessa missão conosco”, frisou.
O VERDADEIRO TESOURO

Durante a homilia, o Cardeal Scherer recordou as leituras bíblicas da celebração e enfatizou o Evangelho segundo Mateus 19, 16-30, no qual o homem rico pergunta a Jesus o que deve fazer para entrar na vida eterna.
A resposta de Jesus, segundo o Arcebispo, revela o princípio do carisma franciscano: vender os bens, ajudar os pobres e entregar a vida inteiramente aos que mais precisam.
“O tesouro na terra era muito importante para aquele homem rico; por isso, ele não conseguia se desapegar. Não compreendeu que o tesouro do céu era infinitamente maior. São Francisco, ao contrário, entendeu essa verdade e, por isso, abandonou seus bens e abraçou a pobreza como testemunho de que o maior bem é Deus. Esse é o coração do carisma franciscano: lembrar sempre que o verdadeiro tesouro da vida é Deus. Que o carisma franciscano ajude a Igreja a reconhecer o tesouro que realmente vale a pena buscar. Que São Francisco continue a nos evangelizar, e que a Imaculada Conceição permaneça como nossa intercessora.”
VOCAÇÕES EM FAVOR DA PAZ
Entre os santos franciscanos mais populares está Santo Antônio de Sant’Anna Galvão. Nascido em Guaratinguetá (SP), ingressou aos 21 anos no noviciado da Ordem dos Frades Menores, no Rio de Janeiro, sendo ordenado sacerdote em 11 de julho de 1762.
Em São Paulo, atuou como confessor do Recolhimento Santa Teresa. Os últimos anos de Frei Galvão foram vividos no então Recolhimento da Luz, em um cômodo simples no fundo da igreja, atrás do sacrário. Ele morreu em 23 de dezembro de 1822 e foi canonizado em 11 de maio de 2007 pelo Papa Bento XVI.
No início da missão franciscana, Santa Clara, nascida em Assis, Itália, em 1193, destacou-se pela caridade e profunda amizade com São Francisco. Em 1212, aos 19 anos, deixou sua casa para encontrá-lo na Igreja de Santa Maria dos Anjos, onde professou votos perpétuos de pobreza, castidade e obediência.
Clara viveu com tanto rigor as regras franciscanas que fundou a Ordem das Clarissas, também chamada de Ordem das Pobres Senhoras, seguindo fielmente os princípios de Francisco. Ela faleceu em 11 de agosto de 1253, e foi canonizada em 1255.
Um dos grandes representantes da santidade dos frades capuchinhos é São Padre Pio de Pietrelcina, nascido em 1887. Ordenado aos 23 anos, exerceu sua missão principalmente em San Giovanni Rotondo. Padre Pio recebeu os estigmas da Paixão de Cristo e, durante a 2ª Guerra Mundial, a pedido do Santo Padre, organizou grupos de oração para atenuar o sofrimento causado pelos conflitos.
Ele também fundou a “Casa do Alívio do Sofrimento”, hospital que se tornou referência em toda a Europa. Em 23 de setembro de 1968, após participar das comemorações dos 50 anos dos grupos de oração que havia criado, Padre Pio faleceu aos 81 anos em decorrência de um ataque cardíaco. Foi canonizado em 16 de junho de 2002.
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