A campanha iniciada em 2014, foi estabelecida em todo o território nacional por meio da Lei Federal nº 14.556/23
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Promover a conscientização da sociedade sobre a importância de cuidar da saúde mental é o objetivo da campanha Janeiro Branco, instituída em 2014, em Uberlândia (MG), e que, neste ano, apresenta o tema: “O que fazer pela saúde mental agora e sempre?”
Há mais de uma década, o psicólogo, palestrante e escritor Leonardo Abrahão, junto com um grupo formado por cerca de 50 outros profissionais da psicologia, iniciou a campanha nos espaços públicos da cidade mineira, dialogando com as pessoas sobre como elas se sentiam e como poderiam preservar a sua saúde mental.
A ação foi abraçada rapidamente pela sociedade e se consolidou nas agendas municipais e estaduais de todo o Brasil. Desde 2023, o Janeiro Branco se tornou uma ação prevista em todo o território nacional por meio da Lei Federal nº 14.556/23.
O fundador da campanha falou ao O SÃO PAULO que, no fim de 2013, ele se viu angustiado pelo aumento no número de pacientes que atendia em seu consultório e refletiu que o Brasil possuía, à época, diferentes ações de conscientização sobre saúde, cuidado no trânsito etc., mas que ainda não existiam debates sobre o cuidado da saúde mental das pessoas.
O mês de realização da campanha e a cor escolhida para representá-la se deram, segundo Leonardo, porque, no início do ano, as pessoas costumam repensar suas vidas e estabelecer novas metas para os próximos meses.
“Do primeiro momento até hoje, a campanha sempre foi bem recebida e aceita pela sociedade. Tanto foi a sua receptividade que ela se espalhou rapidamente pelo País. As empresas e igrejas pediam palestras e a imprensa, entrevistas. Mesmo com dezenas de psicólogos, era difícil dar conta da demanda”, recordou Leonardo.
EMERGÊNCIA
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde, o Brasil é o país com maior prevalência de depressão na América Latina e o segundo com maior número de casos nas Américas.
Além disso, uma pesquisa da OMS mostrou que o Brasil lidera o número de casos em relação a transtornos de ansiedade. Dados divulgados em 2023 apontam que 26,8% dos brasileiros receberam diagnóstico médico de ansiedade.
A taxa de suicídio entre jovens cresceu 6% ao ano no Brasil entre 2011 e 2022. No mesmo período, as notificações por autolesões entre pessoas de 10 a 24 anos aumentaram 29%.
“A campanha é mais necessária do que nunca, afinal, basta vermos os dados que mostram como a sociedade brasileira está adoecida. São muitos os aspectos que mostram a importância do Janeiro Branco como uma campanha nacional sobre saúde mental. Quando nasceu, ela era uma necessidade; hoje ela é uma emergência”, enfatizou o psicólogo.
PESSOAL, SOCIAL E POLÍTICO
De acordo com o fundador da campanha, o Janeiro Branco trabalha a partir de três pilares: o cuidado individual, o compromisso institucional e a criação de políticas públicas.
Essas ações são importantes, pois, para Leonardo, à medida que a campanha vai disseminando informações e boas práticas, cada pessoa vai aprendendo a cuidar da sua saúde emocional individualmente.
Em paralelo, quando a sociedade, sobretudo as empresas, entendem o seu papel no processo de preservação e promoção do bem-estar dos seus colaboradores, uma vez que as pessoas passam a maior parte do dia trabalhando, menores serão os casos de transtornos emocionais relacionados ao trabalho, como burnout, por exemplo.
Essas duas etapas, quando alinhadas à criação de políticas públicas, não somente de saúde, mas também de educação, transporte e segurança, têm benefícios evidentes e concretos para toda a sociedade e o índice de casos de pacientes que buscam sistemas de saúde psicossocial na rede pública e privada será cada vez menor.
O psicólogo acredita que a federalização da campanha ajudará na ampliação de tais pilares.
“A campanha amadureceu, foi amplamente abraçada e mostrou sua legitimidade. Com a Lei Federal, ela se intensificou, ganhou mais credibilidade e houve um aumento no número de ações para a conscientização sobre a saúde mental”, salientou Leonardo.
COMO CUIDAR DA SAÚDE MENTAL SEMPRE?
A Fundação Janeiro Branco divulgou uma lista de atitudes que podem contribuir para a preservação da saúde mental das pessoas:
Faça atividades físicas: movimente-se regularmente para aliviar o estresse, fortalecer o corpo e melhorar o humor;
Durma bem e o suficiente: priorize o sono de qualidade, pois ele é fundamental para o equilíbrio emocional e mental;
Alimente-se de forma saudável: uma alimentação equilibrada nutre corpo e mente, favorecendo uma saúde mental mais estável;
Invista em autoconhecimento, autoestima e autonomia: conheça-se e valorize suas qualidades para desenvolver uma vida mais autônoma e autoconfiante;
Tenha hobbies terapêuticos: envolva-se em atividades que tragam prazer e relaxamento, ajudando a reduzir o estresse;
Conecte-se com a natureza e a proteja: passar tempo na natureza acalma a mente e promove uma conexão saudável com o ambiente. Pratique a gentileza, a paciência, a tolerância e a sensatez. Atitudes positivas e conscientes melhoram a convivência e favorecem o bem-estar coletivo;
Procure ajuda pessoal e profissional quando necessário: buscar apoio é essencial para superar desafios e manter a saúde mental em equilíbrio;
Incentive a conexão humana e o respeito em todos os tipos de relações: valorize as relações saudáveis e respeitosas para criar laços que apoiem a saúde mental;
Exerça os seus direitos e respeite os direitos alheios: direitos são fundamentais para o bem-estar de todos, precisam ser garantidos e exercidos com liberdade, consciência e responsabilidade;
Defenda a sua qualidade de vida e a qualidade de vida de todo mundo: cuidar do seu bem-estar e contribuir para o bem-estar das outras pessoas fortalece a sociedade;
Promova a ampliação e a efetivação de políticas públicas: apoiar políticas inclusivas fortalece a saúde coletiva e promove uma sociedade mais justa e mais saudável.
Outras dicas e materiais podem ser consultados no site do Instituto: janeirobranco.org.br.
SINAIS DE QUE A SAÚDE MENTAL NÃO VAI BEM
- Mudanças de humor drásticas
- Isolamento social
- Alterações no sono
- Mudanças no apetite
- Dificuldade de concentração
- Pensamentos autodestrutivos ou suicidas
- Comportamento autodestrutivo
(Fonte: Qualicorp)