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Luz, câmera, ação: o cinema como ferramenta de evangelização

Em meio às grandes produções, filmes católicos têm levado às telas histórias inspiradas na Palavra de Deus

Kolbe Arte

O filme está prestes a começar… Ao contrário do que muitos imaginam, a tela não será ocupada apenas por comédias românticas ou super-heróis. O público poderá rir, talvez chorar, mas, acima de tudo, será tocado por valores profundos, inspirados na maior história de todos os tempos: a da salvação da humanidade.

A relação entre o cinema e a evange­lização, embora mais evidente nos últi­mos tempos, vem sendo construída há décadas. Na encíclica Vigilanti cura, pu­blicada em junho de 1936, o Papa Pio XI refletiu sobre o uso dos meios de comu­nicação, especialmente o cinema, como instrumentos de formação humana.

“É muito necessário e urgente cui­dar para que os progressos da ciência e da arte, e mesmo das artes da indústria técnica, verdadeiros dons de Deus, sejam dirigidos de tal modo à glória de Deus, à salvação das almas, à extensão do rei­no de Jesus Cristo sobre a terra. Todos podem verificar que os progressos do cinema, quanto mais maravilhosos se tornam, mais perniciosos foram para a moralidade e para a religião, e mesmo para a honestidade do Estado civil”, es­creveu o Pontífice.

Já o Papa Francisco, durante o Jubi­leu dos Artistas, em fevereiro deste ano, destacou o cinema como “um grande instrumento de agregação”.

“Quantas praças, quantas salas, quan­tos oratórios foram animados por pesso­as que, ao assistir a um filme, transmitiam esperanças e expectativas. E dali saíam novamente com um suspiro de alívio, em meio às angústias e dificuldades da vida cotidiana. Um momento educativo e formativo, capaz de reconectar relações desgastadas pelas tragédias vividas. Gos­to do trabalho que vocês fazem, o traba­lho do cinema, da arte, da beleza como grande expressão de Deus. Uma beleza que é harmonia, obra do Espírito Santo”, manifestou Francisco.

TOCAR O INVISÍVEL POR MEIO DO VISÍVEL

Movida pelo desejo de transformar o cinema em um “púlpito silencioso”, a produtora Rosário Filmes dedica-se à criação de obras que unem excelência estética e fidelidade doutrinal.

Segundo Breno Moreira, diretor de cinema, a obra cinematográfica “atinge a alma pela via do símbolo, da imagem que desperta. Um filme bem feito não apenas informa, mas transforma. Evan­gelizar é tocar o invisível por meio do visível, exatamente o que a linguagem cinematográfica permite, quando colo­cada a serviço do Verbo.”

Ele destaca, ainda, a crescente de­manda por esse tipo de produção, que busca promover mais do que entreteni­mento, mas encontro: “A recepção tem sido calorosa, sobretudo entre aqueles que ainda sabem distinguir o essencial do supérfluo. Há um clamor silencioso por conteúdos que não profanem a inte­ligência nem a alma”.

LEVAR A PALAVRA CADA VEZ MAIS LONGE

Também a Kolbe Arte, distribuidora de filmes católicos, nasceu da vontade de unir fé e cultura. Ao O SÃO PAULO, a fundadora, Ângela Morais, declarou sempre ter acreditado “que a arte tem um poder profundo de tocar corações e o cinema, em especial, é uma linguagem universal”.

“Fundamos a Kolbe Arte com o de­sejo de colocar a beleza da fé católica nas telas do Brasil, oferecendo ao público produções que inspiram, evangelizam e provocam reflexão. Desde o início, qui­semos fazer mais do que distribuir fil­mes: queríamos criar experiências de fé por meio da arte”, completou.

Segundo Ângela, essa missão exige coragem e perseverança, pois lançar um filme com temática religiosa requer não apenas estratégia, mas também uma am­pla rede de apoio de paróquias, dioceses, comunidades e, sobretudo, um trabalho contínuo de formação do público quan­to à importância de valorizar esse tipo de conteúdo nas salas de cinema, resposta que aos poucos vem sendo alcançada.

“Destaco a crescente mobilização es­pontânea de católicos, o apoio dos mo­vimentos eclesiais e o engajamento de influenciadores comprometidos com a evangelização”, pontuou a fundadora.

“Hoje, temos redes exibidoras abertas ao diálogo e já conseguimos estrear filmes em cidades onde antes não havia espaço para esse tipo de conteúdo. A receptivida­de tem sido muito positiva. O público ca­tólico tem sede de conteúdos que o repre­sentem com dignidade e profundidade. Quando se vê na tela, ele não apenas com­parece, mas se mobiliza. Ainda há muito a conquistar, mas é inegável que existe uma demanda latente, e cada lançamento con­firma isso”, frisou Ângela.

A Kolbe Arte já levou mais de 1 mi­lhão de católicos ao cinema e em 2025 prepara três lançamentos: “Vencer ou Morrer” – drama histórico, baseado em fatos, sobre a resistência católica durante a Revolução Francesa; “São Miguel Ar­canjo – Santuário de Batalha”, um sus­pense contemporâneo que acompanha um escritor envolvido em fenômenos espirituais ligados à devoção da mãe e à misteriosa Linha Sagrada de São Miguel; e “O Poder do Rosário”, um drama sobre fé, superação e solidariedade.

VOCÊ JÁ ASSISTIU A ESTES CLÁSSICOS FILMES CATÓLICOS BRASILEIROS?

O MILAGRE DAS ÁGUAS

Divulgação

Dirigido pelo Padre Ronoaldo Pelaquin, conta a história de Nossa Senhora Aparecida por meio da vida de José, um se­nhor paraplégico, e seu filho, João. Ao retornarem à cidade natal, as lembranças de José trazem à tona o milagre ocorri­do no rio Paraíba do Sul.
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APARECIDA – O MILAGRE

Com direção de Tizuka Yama­saki, retrata a jornada de Mar­cos, um menino devoto que perde a fé após a morte do pai. Anos depois, um acidente com seu filho o leva a reaproxi­mar-se de Deus.
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A TRAVESSIA DA SERRA QUE CHORA

Dirigido por Zeca Portella e Vicente Abreu, narra a peregri­nação de uma família mineira a Aparecida. Um caminho de fé, reconciliação e amadureci­mento espiritual.
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MARIA – MÃE DO FILHO DE DEUS

Com direção de Moacyr Góes e atuação de Padre Marcelo Rossi, apresenta a história de Maria pelo olhar de uma crian­ça, em uma reflexão sobre fé, maternidade e esperança.
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IRMÃOS DE FÉ

Também dirigido por Moacyr Góes, acompanha a transfor­mação de um jovem preso, inspirado pela história de São Paulo, após o contato com a Bíblia.
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IRMÃ DULCE

Sob direção de Vicente Amo­rim, retrata a vida da freira baiana que se tornou símbolo de caridade e foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz.
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O AUTO DA COMPADECIDA

Clássico dirigido por Guel Ar­raes, baseado na obra de Aria­no Suassuna. Combina humor, crítica social e fé, destacando a devoção a Nossa Senhora.
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