Faleceu na quarta-feira, 30 de outubro, em Belo Horizonte (MG), o músico e compositor holandês frei Joel Postma, OFM, que foi assessor do Setor de Música Litúrgica da Conferência Nacional dois Bispos do Brasil (CNBB) por 13 anos, no período que vai de 1984 a 1997. Na Conferência, pelos menos três grandes frutos surgiram do trabalho do frei Joel.
O primeiro deles é o Curso Ecumênico de Formação e Atualização Litúrgico-musical (Celmu). O segundo fruto não nasceu como uma iniciativa direta do Setor de Música Litúrgica da CNBB, mas teve, no religioso, um grande colaborador e incentivador: o Ofício Divino das Comunidades (ODC) e o terceiro foi a sistematização e organização dos Hinários Litúrgicos da CNBB, iniciado durante o seu trabalho no Setor de Música Litúrgica.
A presidência da CNBB publicou uma nota de pesar pela morte e enviou condolências ao ministro provincial da Ordem dos Frades Menores, Frei Vicente Paulo do Nascimento, e aos frades da província Santa Cruz.
No documento, a CNBB reforçou que na beleza das composições desse franciscano, encontramos “a tradição musical da Igreja, que excede todas as outras expressões de arte, porque constitui parte integrante da Liturgia solene” (cf. SC 112). No seu generoso serviço, ele pode organizar as primeiras edições do Hinário Litúrgico da CNBB, publicadas pela Paulus, e atuou decisivamente para criar o Curso Ecumênico de Liturgia e Música (CELMU).
“Nossa gratidão a Deus pela vida e obra de Frei Joel, que cantou a liturgia com a vida e inspira nossas comunidades a cantar em fidelidade à tradição bíblico-litúrgica, a experiência eclesial latino-americana e a cultura musical do nosso país, na variedade de suas regiões. Somos imensamente gratos! Na certeza de que a vida não é tirada, mas transformada, pedimos que o Ressuscitado seja o vosso consolo”, pontuou a presidência da CNBB.
Confira a íntegra da nota (aqui)
Biografia
Frei Joel nasceu na Holanda, em 8 de março de 1929. Entrou para a Ordem Franciscana aos 13 anos e antes mesmo de ir ao noviciado, teve sua facilidade musical reconhecida, aprendida em sua família, e começou a ter aulas para poder tocar nas orações dos noviços de sua turma.
Foi indicado para o Brasil no final do curso de Teologia e começou a se preparar melhor para a empreitada que o esperava: ser o mestre de canto no seminário em Divinópolis. Após a sua ordenação presbiteral em 1956 e durante três anos (1957 a 1959), Frei Joel estudou no conceituado Instituto Holandês para Música Sacra, em Utrecht.
Em outubro de 1959, Frei Joel embarcou numa viagem de 17 dias até o Brasil. Na bagagem, trouxe um clavicórdio, que foi utilizado por ele anos depois na composição da Cantata “O Peregrino de Assis”. O Frei Joel permaneceu em Divinópolis (MG) de 1959 a 1964.
No Brasil, Cônego Amaro Cavalcanti de Albuquerque, da Arquidiocese do Rio de Janeiro e presidente da Comissão Nacional de Música Sacra, havia publicado uma pequena brochura com uma seleção das composições do Padre Gelineau, com a letra dos salmos e cânticos traduzidos e metrificados para o português.
Na sua vinda para o Brasil, Frei Joel recebeu de presente de seu pai um bom gravador de rolo Philips. Com a ajuda desse gravador, as melodias compostas pelo padre Gelineau, com as versões vertidas para o português por cônego Amaro, foram sendo gravadas por frei Joel em Divinópolis. (…) Com justiça, Padre Joseph Gelineau pode ser chamado o patriarca da música sacra conciliar”.
Em 1964, Frei Postma foi para Santos Dumont (MG). É desse período em Santos Dumont a primeira e, talvez, mais significativa composição dele: a cantata ‘O Peregrino de Assis’. O motivo da sua composição foi a comemoração dos 25 anos do Seminário Seráfico, celebrado em 1966. A iniciativa de verter a cantata para o português ocorreu em 1965.
O período de Frei Joel em Santos Dumont (1964 a 1984) corresponde à sua fase mais produtiva como compositor. Todo esse trabalho, além da sua participação nas diversas edições dos cursos de canto pastoral Brasil afora o tornaram a pessoa apropriada para assumir um serviço importante na Igreja do Brasil: assessor do Setor de Música Litúrgica da Comissão para a Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Muitos músicos brasileiros, ao irem estudar na Europa, acabavam menosprezando a cultura brasileira. Com frei Joel ocorreu o contrário. Ele fez questão de valorizar as tradições brasileiras e incentivar os compositores litúrgicos que prezavam por destacar as culturas locais, como Padre Jocy Rodrigues e Padre Geraldo Leite Bastos, Cônego Amaro Cavalcanti, o líder dessa turma, Padre Nicolau Vale, Padre José Alves, Reginaldo Veloso, entre outros.
Fonte: CNBB