
Colégio Madre Cabrini
A cada início de ano, Edlaine Chiappo conversa com seu filho Murilo, 7, sobre o que a nova fase escolar irá proporcionar. Diariamente, a advogada reforça como o retorno às aulas permitirá que ele reveja os amigos, se divirta e aprenda novos conteúdos.
Aluno do Colégio Madre Cabrini há cinco anos, Murilo inicia, em 2025, o segundo ano do Ensino Fundamental, o que lhe trará novas experiências, como a realização de provas e maior autonomia nas atividades, tudo amplamente discutido com o garoto para que o processo de adaptação ocorra da melhor maneira possível.
Em entrevista ao O SÃO PAULO, Edlaine relembrou que durante o período da educação infantil de Murilo, ela procurava conversar com a escola sobre as expectativas das novas experiências que estavam por vir. Mesmo já conhecendo bem a instituição e seu processo pedagógico, ela recomenda que pais e responsáveis dialoguem com a escola sempre que surgirem dúvidas ou inseguranças.
“A fase escolar é o cotidiano da criança. Se ela não se sentir segura e confortável, com certeza os desafios serão maiores. Hoje, vemos em muitas escolas uma preocupação em estabelecer uma parceria com as famílias. Esse ponto é fundamental, pois além de criar um ambiente mais acolhedor para o aluno, mantém os pais seguros”, destacou.

PROCESSO CONTÍNUO
Estabelecer estratégias para uma adaptação tranquila dos alunos é essencial a cada recomeço, pois, como explica Simone Fuzaro, mestra em Educação e orientadora familiar, mesmo que a criança já tenha frequentado a escola no ano anterior, esta fase exige atenção renovada.
“Quando a criança ingressa na escola pela primeira vez, tudo parece mais óbvio. No entanto, é comum que os alunos maiores enfrentem dificuldades para se adaptar às novas circunstâncias. No caso do primeiro ingresso na escola, é fundamental que os pais se mostrem confiantes – a insegurança deles afeta diretamente a adaptação da criança, que percebe que seus pais não estão tranquilos no momento de deixá-los sob os cuidados dos professores”, observou a educadora.

ESFORÇO COLETIVO
Simone também destacou que, com base no seu conhecimento sobre o desenvolvimento infantil, a escola deve criar estratégias que proporcionem segurança aos pais, que, por sua vez, precisam estar confiantes na escolha feita, transmitindo esse otimismo à criança.
“São inúmeras as estratégias que podem ser adotadas para fortalecer o vínculo entre a escola e os pais, estabelecendo uma parceria que torne o trabalho com as crianças mais eficiente. Quando essas estratégias não são implementadas, os resultados podem ser desastrosos: estudantes sofrendo excessivamente para se adaptar, pais que decidem retirar a criança da escola por não perceberem que ela está se adaptando bem, e até um processo de aprendizagem mais tumultuado, devido à falta de alinhamento entre a família e a escola”, pontuou a especialista.
Ela também ressaltou que as famílias devem compreender que algum desconforto nesse momento é esperado e faz parte do processo de amadurecimento da criança: “Quando os pais tentam evitar o desconforto da adaptação, acabam criando pessoas que não estarão preparadas para lidar com as adversidades da vida”.
SEM O TELEFONE CELULAR
Além das mudanças habituais no período de volta às aulas, o ano letivo de 2025 marca o início da restrição ao uso de telefones celulares nas escolas, conforme a Lei Federal nº 15.100/2025, sancionada em 13 de janeiro.
Simone destaca que o uso de celulares na escola pode prejudicar o desempenho dos estudantes e afetar a autonomia da comunidade escolar: “No ambiente escolar, é importante que os problemas sejam levados àqueles que possuem autoridade para resolvê-los. Posteriormente, se necessário, devem ser comunicados aos pais. Outro aspecto que deve melhorar bastante é o relacionamento entre as próprias crianças, já que não era raro que cada uma ficasse isolada durante o recreio, brincando com o celular”.
Mais do que o cumprimento dessa medida por parte das escolas, a mestra em Educação acredita que os pais devem entender essa restrição como uma oportunidade de regular o uso dos telefones celulares pelos filhos, pois o acesso precoce e a utilização excessiva do aparelho podem ser muito prejudiciais.

NA PRÁTICA
No Colégio Madre Cabrini, segundo Cristiane Ribas, coordenadora pedagógica, o processo de volta às aulas é planejado desde o primeiro momento em que a família ingressa na escola, com um acolhimento especial para os novos alunos e seus responsáveis. Além disso, há horários diferenciados para as crianças mais novas e formações internas para os colaboradores.
Cristiane também contou que, no caso da troca de ciclo, o processo de adaptação começa ainda no segundo semestre do ano anterior, com encontros entre pais e a equipe que acompanhará os alunos, além de vivências dos estudantes com os professores da nova etapa, incluindo atividades recreativas entre diferentes ciclos.
Sobre a restrição ao uso de telefone celulares, a coordenadora afirmou que a escola já adotava uma política parecida para os estudantes do 1º ao 5º ano. “Como instituição, entendemos que esse processo de diálogo é fundamental. O aluno não deve encarar a medida como uma imposição, mas como um processo de reflexão, que contribuirá para a construção de um novo modelo de ensino-aprendizagem”, concluiu.
5 DICAS PARA MELHORAR A ADAPTAÇÃO DOS ALUNOS NA VOLTA ÀS AULAS
1. Confie na escola que escolheu para seu filho e transmita essa confiança à criança com atitudes: mostre alegria ao levá-la, otimismo ao falar sobre a escola e destaque as atividades e experiências positivas que lá acontecem;
2. Em caso de dúvidas ou insatisfações, converse diretamente com o responsável na escola, sem discutir esses assuntos na frente da criança;
3. Evite despedidas longas na porta da escola. Prefira não levar a criança no colo até o portão e, ao se despedir, seja breve: “Brinque bastante, estude, até mais tarde”;
4. Não se atrase ao buscar a criança. Especialmente nos primeiros dias, isso pode gerar insegurança — ela percebe os colegas indo embora enquanto ainda fica na escola;
5. Siga as orientações da escola à risca e, se sentir insegurança, compartilhe com clareza com o responsável escolar, que poderá ajudá-lo(la) a conquistar essa confiança.