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No Mês da Bíblia, Igreja no Brasil convida ao aprofundamento da Carta aos Romanos

Livro mais lido em todo o planeta, a Bíblia já foi traduzida para aproximadamente 3 mil idiomas
Luciney Martins/O SÃO PAULO

Em setembro, a Igreja no Brasil comemora o Mês da Bíblia. Instituída em 1971, essa comemoração tem o objetivo de contribuir para o desenvolvimento das diversas formas de presença da Bíblia na ação evangelizadora, criar subsídios bíblicos nas diferentes formas de comunicação e facilitar o diálogo entre a Palavra, a pessoa e as comunidades. 

No dia 30 de setembro, memória litúrgica São Jerônimo, tradutor da Bíblia para o latim e patrono dos estudos bíblicos, comemora-se o Dia da Bíblia. 

Todos os anos, a Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) propõe um texto de estudo para ser aprofundado pelas comunidades no Mês da Bíblia. Em 2025, o livro proposto é a Carta de São Paulo aos Romanos, e o versículo inspirador é “A esperança não decepciona” (Rm 5,5), em sintonia com a temática do Jubileu de 2025. 

PALAVRA DE DEUS 

A Bíblia Sagrada é o livro mais lido do planeta. Traduzida para cerca de 3 mil idiomas, estima-se que quase 4 bilhões de exemplares tenham sido vendidos em todo o mundo. Ela reúne as Sagradas Escrituras, a Palavra de Deus, pela qual é possível ter uma experiência real e concreta com o Deus vivo. Para isso, é preciso lê-la, meditá-la e vivê-la cotidianamente. 

De bolso, com capa dura, ilustrada, em braile, em áudio, on-line ou nos dispositivos digitais, a Bíblia está ao alcance de todos, nas mais variadas plataformas e com preços acessíveis. Entretanto, em alguns países, como a China, a obra ainda é proibida, sendo mantida clandestinamente pelos cristãos. 

Muitas pessoas afirmam ter dificuldade de ler e compreender as Escrituras, por não entender sua linguagem, símbolos e contextos. É por isso que a Igreja apresenta caminhos e métodos para auxiliar as pessoas a ter uma íntima relação com a Palavra de Deus. 

A Igreja Católica indica a seus fiéis que adquiram familiaridade com os textos da Bíblia por meio da leitura diária individual ou comunitária. Além disso, os cursos bíblicos, grupos de oração e círculos de leitura orante da Palavra são outros meios eficazes de aprofundamento dos ensinamentos da Bíblia. 

Para a vivência do Mês da Bíblia, a Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB elaborou um subsídio de propostas de encontros bíblicos com roteiros para serem utilizados pelas paróquias, famílias e grupos de estudo. O material pode ser adquirido pelo sitewww.edicoescnbb.com.br/sagrada-escritura/mes-da-biblia

OBRA-PRIMA DE PAULO 

Considerada a mais longa e importante do epistolário de São Paulo, a Carta aos Romanos é uma verdadeira obra-prima da teologia cristã, como destaca o comentário introdutório da Bíblia de Navarra, edição das Sagradas Escrituras desenvolvida por professores da Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra, na Espanha. 

Escrita por volta do ano 57-58 d.C. enquanto o apóstolo estava em Corinto, a carta foi concebida como uma introdução à sua doutrina e um prelúdio para sua planejada viagem apostólica à Espanha, usando Roma como base de operações. 

A epístola, que abre a série de livros do gênero no Novo Testamento, é um tratado meticuloso sobre a salvação. Nela, Paulo aprofunda e sistematiza a doutrina da obra redentora de Cristo. O ponto central da mensagem é que a salvação é um dom gratuito de Deus, alcançado unicamente pela fé, e não pelo cumprimento da Lei de Moisés. 

ESTRUTURA 

A Carta aos Romanos é dividida em quatro partes principais: 

Prólogo (Rm 1,1-17): Paulo se apresenta como um servo de Jesus Cristo. 

Parte Doutrinal (Rm 1,18-11,36): O apóstolo descreve um cenário de humanidade sem salvação, afastada de Deus, e a necessidade absoluta da redenção de Cristo. Ele discorre sobre como a justificação se opõe a quatro forças: o pecado, a morte, a carne e a Lei. A seção culmina com uma reflexão sobre a infidelidade de Israel e a eleição de um novo povo. 

Parte Moral (Rm 12,1-15,13): Paulo aplica a doutrina à vida prática e à conduta dos cristãos, oferecendo orientações sobre como viver no mundo. 

Despedida (Rm 15,14-16,27): Uma seção longa na qual Paulo compartilha seus planos de viagem e se despede afetuosamente dos cristãos de Roma. 

LEGADO 

O documento destaca que a comunidade cristã de Roma, com uma mistura de fiéis judeus e gentios, pode ter sido mais conservadora em relação às tradições judaicas. Por isso, a abordagem de Paulo na Carta aos Romanos é mais cuidadosa do que em sua Carta aos Gálatas. 

O valor da carta é ressaltado por sua influência histórica. Ela não apenas serviu como ponto de referência para o pensamento de São Paulo, mas também desempenhou um papel crucial no desenvolvimento da teologia cristã europeia e foi central nas discussões sobre justificação, salvação e livre-arbítrio durante a Reforma Protestante. Atualmente, o documento continua a ser um marco, contribuindo para o diálogo e a compreensão ecumênica. 

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