Pandemia e as crianças

Pais e responsáveis precisam ensinar aos menores como se proteger do novo coronavírus e a adoção de mudanças habituais

Governo Federal

A declaração de pandemia de COVID-19 trouxe inúmeras mudanças comportamentais para toda a sociedade, seja no trabalho, seja em casa. As crianças também tiveram suas rotinas alteradas com a suspensão das aulas presenciais, o que as faz passar mais tempo em casa, muitas vezes na companhia exclusiva dos pais. E cabe aos seus responsáveis uma explicação didática e eficiente para tais mudanças.

“As crianças aprendem bastante por imitação. Ao verem pessoas realizando algo, elas tentam reproduzir à sua maneira. Portanto, cabe aos pais fornecer regras completas e coerentes, recompensando os comportamentos adequados da criança, além de se atentar aos seus próprios comportamentos”, indicou o psicólogo clínico Murillo Sabatier, em entrevista ao O SÃO PAULO.

AJUDA DOS PAIS

Um componente fundamental para a relação saudável e menos traumatizante das crianças com a pandemia é, de acordo com Sabatier, a comunicação intencional, pela qual elas podem se tranquilizar e se conscientizar a respeito do que, de fato, está acontecendo, uma vez que as crianças estão sempre muito atentas ao seu redor.

“A forma como isso irá ser feito dependerá de cada faixa etária, porém, de modo geral, os pais devem buscar recursos criativos e utilizar a linguagem mais adequada. Para os pais que têm maior dificuldade, há diversos vídeos na internet que podem ajudar. O importante é, no fim, perguntar às crianças o que elas entenderam, ter um tempo para esclarecer suas dúvidas e deixar o canal de comunicação aberto para outras conversas”, ilustrou.

LEIA E REPASSE

A Fundação Oswaldo Cruz elaborou a cartilha “Crianças na pandemia de COVID-19”, com a finalidade de elucidar aspectos referentes à saúde mental e à atenção psicossocial a crianças durante o período de pandemia da doença causada pelo coronavírus.

Contemplada na série “Saúde Mental e Atenção Psicossocial na Pandemia COVID-19”, a pesquisa foi realizada por colaboradores do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde (Cepedes/Fiocruz), sob a coordenação de Débora Noal e Fabiana Damásio, que atuam, respectivamente, como pesquisadora e diretora da Fiocruz Brasília (DF).

O material aborda sete assuntos sobre como vivenciar este período com as crianças. Alguns destes temas são:

Interação familiar

Neste trecho, o documento apresenta duas situações resultantes da quarentena: a primeira é a maior interação entre pais e filhos neste momento em que se passa a maior parte do tempo em casa, incluindo a sensação de descanso entre as crianças que não estão expostas ao trânsito e muitas horas de atividades. A segunda situação é, justamente, o impacto negativo decorrente da primeira causa, como a necessidade de desenvolver as atividades escolares de forma virtual, aumentando o tempo de exposição às telas e a falta de espaço físico para desenvolver ações individuais, que podem gerar impaciência.

Para solucionar essa demanda, o estudo aponta a relevância do diálogo e acolhida para que as crianças entendam que na vida existem momentos mais difíceis, que envolvem sofrimento, mas que é possível superá-los.

Rotina familiar

Em um cronograma diário, é preciso relacionar e dividir as atividades de modo que se assemelhem às rotinas habituais das crianças, a fim de evitar o surgimento de sintomas relacionados à ansiedade e ao estresse. Assim, estabeleça horários para acordar, fazer as refeições, estudar, praticar atividades de lazer (é fundamental que elas se movimentem) e descansar. É possível, ainda, contar com a colaboração dos menores nas tarefas domésticas, respeitando as limitações de idade e priorizando a segurança.

Além disso, aumente a atenção quanto ao tempo de exposição às telas e conteúdos acessados. Quanto maior o tempo de acesso, maior é a vulnerabilidade da criança aos perigos da internet.

No caso de crianças com necessidades especiais, é preciso refletir sobre estratégias específicas, para que não existam retrocessos no desenvolvimento. Para tanto, vale a flexibilidade e abertura às mudanças necessárias.

Preparando o término da quarentena e do distanciamento social

Em alguns estados, começou a ser implantado um sistema gradual de retomada das atividades. Neste momento, é preciso explicar às crianças que a contaminação pelo vírus não será extinta, mas que se espera uma considerável diminuição de pessoas infectadas.

Rememorar sobre o que significa vivenciar uma pandemia e o que este momento trouxe de mudanças é fundamental. Além disso, é essencial o compartilhamento de situações que envolvam resiliência e solidariedade.

Todo o material da cartilha “Crianças na pandemia de COVID-19” pode ser acessado em formato PDF.

TRÊS PASSOS DE COMO EXPLICAR A DOENÇA PARA AS CRIANÇAS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) também elaborou um documento didático sobre como ensinar as ações preventivas às crianças.

Eis os aspectos principais:

  • Fale com seus filhos de forma didática e lúdica;
  • Não se esqueça de ensiná-los sobre como lavar as mãos e fazer uso de álcool em gel;
  • Mantenha um diálogo aberto e sincero sobre a doença com seus filhos.

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