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Rezar pelos cristãos perseguidos: uma obra de misericórdia ao alcance de todos

Na missa do domingo, 3, na Catedral da Sé, fiéis rezam pelos cristãos vítimas de perseguições
Luciney Martins/O SÃO PAULO

“Cristo, Senhor, neste dia, recordamos os cristãos que estão sendo perseguidos por crerem em Vós e queremos rezar por eles. Ajudai-nos, com a extraordinária força do alto, e despertai a sensível caridade em nós que gozamos de liberdade na manifestação da nossa fé”. 

Esta foi uma das preces na oração dos fiéis da missa do domingo, 3, na Catedral da Sé. A Eucaristia, presidida pelo Padre Luiz Eduardo Pinheiro Baronto, Cura da igreja-mãe da Arquidiocese de São Paulo, também foi celebrada no contexto do Dia de Oração pelos Cristãos Perseguidos, realizado anualmente, em 6 de agosto, pela fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN). 

A data faz memória ao dia 6 de agosto de 2014, quando cerca de 100 mil cristãos foram perseguidos pelo grupo extremista Estado Islâmico e fugiram da Planície de Nínive, no Iraque. No dia seguinte, a ACN mobilizou os benfeitores em todo o mundo e iniciou campanhas e projetos para socorrê-los. Nascia, assim, o Dia de Oração pelos Cristãos Perseguidos, celebrado desde 2015, e que chega à sua 11ª edição, sendo organizado com o apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). 

“Todo ano, nós enviamos cartazes e até um guia pastoral para todas as paróquias do Brasil, para que os párocos possam rezar com sua comunidade pelos cristãos perseguidos”, detalhou, ao O SÃO PAULO, o Diácono Bruno Redígolo, que desde 2001 colabora com a ACN Brasil. 

A FORÇA DA ORAÇÃO 

“Rezar a Deus pelos vivos e mortos” é uma das obras de misericórdia recomendada aos católicos e que na quarta-feira, 6, bem como ao longo de todo o ano, pode ser feita, individualmente ou em comunidade, em favor dos cristãos perseguidos. 

“Eu gosto muito de lembrar o que o Papa Francisco nos ensinou em uma catequese sobre o Pai-Nosso, na qual ele dizia que rezar muda a realidade das coisas ou muda o nosso coração”, disse o Diácono Bruno, recordando que nos locais em que a ACN presta ajuda aos cristãos, um pedido é recorrente: “Rezem por nós”. 

Em mensagem de vídeo, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, ao recordar que o Dia de Oração pelos Cristãos Perseguidos ocorre na Festa da Transfiguração do Senhor, 6 de agosto, exortou: “Lembremo-nos da dor de tantas pessoas que vivem o rosto ensanguentado e dolorido de Jesus, mediante as perseguições que sofrem com a falta de liberdade para manifestar sua fé e até com perseguições. Eles contam com a nossa oração e o nosso apoio. Portanto, todos os dias, lembremo-nos dos irmãos na fé, em todo o mundo, que não têm a mesma liberdade que nós temos para professar a fé”. 

UM PANORAMA DA PERSEGUIÇÃO 

De acordo com o Relatório de Liberdade Religiosa no Mundo 2023, produzido pela ACN, em 61 países a liberdade religiosa é violada de forma grave e quase 4,9 bilhões de pessoas, mais de 62% da população mundial, vivem em nações com violações graves ou gravíssimas à liberdade religiosa. 

Os cristãos estão entre estas vítimas, sofrendo perseguições como ataques a igrejas e em suas propriedades, restrições para professar a fé, sanções por leis anticonversão, sequestros e assassinatos em massa. 

“Há dez anos, o Oriente Médio era o grande epicentro da falta de liberdade religiosa e de ataques aos cristãos, especialmente pelo Estado Islâmico e outros fundamentalistas. Hoje, isso se pulverizou e há perseguição aos cristãos também na África, na Ásia e até em alguns países da Europa”, comentou o Diácono Bruno. “Não podemos cruzar os braços. Somos católicos e o apóstolo São Paulo nos ensinou que quando um membro sofre, o corpo todo sente. Temos de entender que a realidade da Igreja, onde quer que seja, nos diz respeito”, enfatizou. 

(Colaborou: Fernando Arthur)

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