Santo Antônio: doutor da Igreja e testemunha da caridade cristã

Neste sábado, 13, a Igreja recorda a memória litúrgica de Santo Antônio, conhecido como o padroeiro dos humildes. Apresentado ao povo vestindo o tradicional habito franciscano e com o Menino Jesus nos braços, o frade é um dos santos mais populares em todo mundo, Padroeiro de Portugal e Doutor da Igreja.

(Crédito: Reprodução da internet)

Fernando de Bulhões – o nome de Santo Antônio – nasceu em 15 agosto de 1195, em Lisboa, Portugal. Primogênito de família nobre, aos 15 anos, decidiu ir morar em uma periferia de Lisboa, juntamente com os cônegos regulares de Santo Agostinho. Dedicou-se aos estudos e, em 1220, aos 25 anos, foi ordenado sacerdote agostiniano.

No mesmo ano, o jovem Padre conheceu mais profundamente a missão e o carisma da Ordem dos Frades Menores, por meio de missionários franciscanos que iam em direção ao Marrocos. Estes missionários, no entanto, foram mortos por anunciar o Evangelho e se tornaram os primeiros mártires franciscanos.

Fernando, então, decidiu ingressar na ordem franciscana, mudando seu nome para Frei Antônio. Ele se ofereceu para seguir até o Marrocos como missionário, mas questões de saúde e alterações na rota de viagem o impossibilitaram a concretização de seu desejo.

De acordo com Frei Gustavo Medella, da ordem dos frades menores e Vigário Provincial da província franciscana Imaculada Conceição do Brasil, “esse sonho o movimentou, mas não aconteceu da maneira como ele planejou. Ele soube, porém, readaptar-se e exercer sua missão aonde foi chamado, nos diversos lugares por onde viveu”.

HÁ OITO SÉCULOS

Em 2020, a Ordem Franciscana recorda os 800 anos da entrada de Frei Antônio na congregação religiosa. Frei Gustavo afirmou à reportagem que a vida de Santo Antônio segue sendo inspiração para os frades: “Ele abraça valores fundamentais de São Francisco de Assis e da ordem franciscana, até hoje atuais e necessários para as diversas questões que vivemos”.

O Vigário Provincial destacou, ainda, as principais virtudes do Santo, realçando sua capacidade humana, inteligência, habilidade com as palavras, paixão pelo conhecimento teológico, seu ardor missionário, atenção com a realidade que o cercava e sua “capacidade de olhar o outro em sua necessidade a tendê-la de maneira ampla e o carinho com os pobres”.

Frei Gustavo recordou um sermão proferido por Santo Antônio, em uma Solenidade de Pentecostes, no qual o Frade afirmou que o cristão, olhando para a misericórdia de Deus, é chamado a ter misericórdia com o próximo, em uma tripla atitude: perdão, quando alguém peca; se a pessoa desvia-se do caminho, deve ajudá-la a voltar; e se ela tem fome, deve dar a ela o que comer.

Tais ensinamentos, segundo Frei Gustavo, devem representar uma profunda inspiração para a compreensão do ser Igreja, sendo necessário “cultivar a empatia e capacidade de estar próximo das pessoas as atendendo em suas necessidades”.

DEVOÇÃO POPULAR

Uma das principais tradições que envolvem a devoção ao Santo é a distribuição do pão aos pobres, todo dia 13 de junho.

Frei Gustavo explicou umas das justificativas para o costume popular: “Uma das histórias é que um pobre teria batido na porta do convento. Santo Antônio, então, pegou o pão que seria a refeição dos frades na dispensa e deu ao pobre. Depois, ficou preocupado como iria fazer se o superior lhe cobrasse aquele pão para a comunidade ter a sua refeição. De repente, milagrosamente, a dispensa estava cheia. É uma história que conta sobre sua generosidade”.

Outro costume é a realização da “Trezena de Santo Antônio”, semelhante as conhecidas novenas, que duram 13 dias, fazendo menção a data de sua morte. Em outros lugares, recorda-se o Frade às quartas-feiras, dia de seu sepultamento.

DOUTOR DA IGREJA

Após conhecer São Francisco, em um encontro com mais de 5 mil frades franciscanos chamado “Capítulo das Esteiras”, Santo Antônio tornou-se responsável pela formação teológica dos irmãos do Mosteiro, devido a sua grande inteligência e bom uso das palavras.

Durante o capítulo geral da ordem dos franciscanos, ele foi enviado a Roma para tratar de assuntos diretamente com o Papa Gregório IX. O Pontífice, impressionado com sua sabedoria, o chamou de “Arca do Testamento”.

São Francisco de Assis o nomeou como o primeiro leitor de Teologia da Ordem.

Santo Antônio foi proclamando, em 1946, “Doutor da Igreja Universal”, com o título de Doctor Evangelicus, pelo Papa Pio XII. Tal proclamação é destinada aos cristãos que se dedicam com maestria aos estudos teológicos e doutrinais da fé católica. O título Doctor Evangelicus significa que Santo Antônio foi um exímio pregador do Evan­gelho.

Mesmo sendo reconhecido por sua grande inteligência e dom com as palavras, sobretudo em sermões, Santo Antônio não possui muitos escritos registados.

O Vigário Provincial reiterou que Santo Antônio “foi muito produtivo e muito competente na parte intelectual, mas essa intelectualidade não o afastou da vida pastoral, da proximidade com as pessoas e do carinho que ele tinha com o povo”.


‘EU VEJO O MEU SENHOR’

Fachada da Igreja de Santo Antônio, em Lisboa, Portugal

Aos 36 anos, o Frade adoeceu e foi transferido para Pádua, de onde vem a nomenclatura: Santo Antônio de Pádua. Relatos indicam que poucos antes de falecer, em 13 de junho de 1231, ele respirou e murmurando disse: “Eu vejo o meu Senhor”. O corpo de Santo Antônio foi sepultado na igreja do convento franciscano da mesma cidade.

Santo Antônio foi canonizado em 30 de maio de 1232, pelo Papa Gregório IX, na Catedral de Espoleto, apenas 11 meses após sua morte, reconhecido como este sendo o processo mais rápido da história da Igreja. “Em vida, a fama de santidade fazia com que o povo o aclamasse. Creio que essa agilidade se deu pela comoção popular e do amor que o povo de sua época já tinha por sua missão”, salientou Frei Gustavo.

Três filmes sobre a vida de Santo Antônio

Santo Antônio – uma vida de doutrina e bondade

Santo Antônio de Pádua

Santo Antônio – Guerreiro de Deus

Leia sobre o Santo que é Doutor da Igreja

Sermões – Editora Vozes.

Santo Antônio – o humilde pregador que se tornou santo do mundo inteiro – Editora Petra.

Santo Antônio de Pádua: por onde passa, entusiasma – Editora Paulus.

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