Serviço Pastoral do Migrante celebra 40 anos de comprometimento com seminário em Brasília

CNBB

Com o objetivo de celebrar os 40 anos da ação do Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM), a Comissão Episcopal para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) reúne diversas instituições e congregações religiosas, em Brasília (DF), para refletir a atuação da Igreja na realidade das migrações. O Seminário Migração e Refúgio foi aberto na manhã desta terça-feira e segue até amanhã, 11, na Casa Dom Luciano Mendes de Almeida, em Brasília (DF).  

O evento também tem como instituições promotoras o próprio SPM, as agências de desenvolvimento Misereor e Adveniat e a Rede Clamor. Durante os dois dias de aprofundamento, reflexões e discussões, o SPM, as organizações, pastorais e redes comprometidas com os migrantes e refugiados vão avaliar como tem sido realizada sua ação e os impactos sociais, políticos, econômicos, culturais, religiosos e ecológicos que a influenciam.  

Para isso, serão considerados o cenário das migrações na conjuntura atual no Brasil e na América Latina, a caminhada de 40 anos do Serviço Pastoral dos Migrantes e as políticas públicas sobre migração e refúgio. Como encaminhamento, será proporcionalizado um momento de escuta para partilha de proposições em vista da ação da Igreja do Brasil.  

Compromisso renovado 

Na mesa de abertura do seminário, o bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário-geral da CNBB, Dom Ricardo Hoepers, situou a celebração dos 40 anos do SPM como “uma trajetória de fé e serviço” e manifestou o desejo de renovar o compromisso de acolhida e solidariedade frente ao cenário de migração.  

“Reafirmamos nosso empenho e compromisso ao Magistério da Igreja, que sempre defende a dignidade, a solidariedade e a acolhida como fundamentos essenciais para uma sociedade mais justa e fraterna. Como Igreja, somos chamados a continuar caminhando com os migrantes, promovendo a cultura do encontro e da esperança, reconhecendo o rosto de Cristo em cada um deles”, disse dom Ricardo. 

O bispo ainda motivou que os 40 anos do SPM sirvam de impulso para fortalecer as ações, ampliar as vozes e reforçar a doação na defesa dos direitos dos migrantes. “Com esperança renovada, agradecemos a todos que fazem parte deste serviço pastoral, testemunhando que o amor e a solidariedade são capazes de transformar vidas”, disse dom Ricardo. 

Caminhar juntos

O Bispo de Primavera do Leste-Paranatinga (MT) e presidente do Serviço Pastoral do Migrante, dom João Aparecido Bergamasco, partilhou ser uma alegria celebrar os 40 anos do SPM, “este serviço da Igreja que busca acolher, proteger, encaminhar os migrantes que chegam em nossas cidades, em nossas comunidades, em nosso país”. O bispo destacou o trabalho de criação de pontes e conexões com organismos, pastorais, a Cáritas e os missionários Scalabrinianos e da oferta de casas de acolhida e as iniciativas nas comunidades: “o que demonstra esse grande amor de Jesus que nos revela nos Evangelhos: ‘Eu era migrante, e vocês me acolheram’”.  

“Nosso desejo é continuar, cada vez mais, acolhendo, cuidando, protegendo, ajudando e caminhando junto com os migrantes para que eles p\ossam ter uma vida digna”.  

Projeto de amor, fé e solidariedade

Durante a mesa de abertura, a migrante venezuelana Maria Alejandra partilhou sua experiência com a Pastoral dos Migrantes, que tornou possível sua acolhida e inserção na sociedade brasileira. “Como milhões de pessoas ao redor do mundo, deixei meu país, não por escolha, mas por necessidade”, contou, lembrando dos desafios enfrentados pelos migrantes, como o medo, o preconceito, o desemprego, a solidão e a barreira da comunicação. Para ela, o SPM tem sido um projeto de amor, fé e solidariedade, um espaço onde ninguém é invisível, onde cada história importa.  

“Quero dizer a todos os migrantes e refugiados que não estão sozinhos, há pessoas que se importam conosco, que nos amam e querem nos ajudar. Quero dizer a todos que trabalham na Pastoral dos Migrantes que seu trabalho não é em vão, vocês estão fazendo a diferença na vida de muitas pessoas, continuem a acolher, acompanhar e amar, porque neste amor que encontramos a verdadeira esperança”, agradeceu.

Migração forçada

Maria Ozania da Silva, membro da coordenação colegiada do SPM, disse que o seminário é oportunidade de celebrar os 40 anos do serviço “com grande gratidão essa caminhada, com grandes desafios, com a sua construção do bem que fez, avaliar e agradecer”.  

Ela recorda que a realidade da migração é desafiadora, num contexto em que “temos cada vez mais os migrantes sendo forçados a deixar a sua terra, deixar a sua pátria por várias questões políticas, econômicas, guerras”. Por outro lado, a política migratória na Europa e nos EUA, principalmente, vai fechando-se para a acolhida do outro. “Os desafios são muito grandes para nós, de garantir a dignidade dessas pessoas que se veem obrigadas a migrarem, para garantir o sustento, a vida, um pouquinho de dignidade”, pontua. 

Fonte: CNBB

Deixe um comentário