Um resumo sobre as comemorações do bicentenário da Independência

O jornal O SÃO PAULO apresenta uma síntese dos principais atos ocorridos por ocasião das comemorações do bicentenário da Independência do Brasil. 

Jefferson Rudy/Agência Senado

No Congresso, autoridades enaltecem a soberania nacional 

Para marcar as comemorações do bicentenário da Independência do Brasil, aconteceu na quinta-feira, 8, uma sessão solene do Congresso Nacional, com a participação de representantes dos poderes Legislativo e Judiciário e autoridades de outras nações, entre as quais o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza. 

Na abertura dos trabalhos, o senador Rodrigo Pacheco, presidente do Senado e do Congresso Nacional, ressaltou que a celebração do bicentenário da Independência é “um dos eventos cívicos de maior significado político da nossa ainda jovem e promissora nação. Sem dúvida, o enredo que culminou no grito do Ipiranga é digno de orgulho para todo o País”, comentou, destacando que o ato fez o Brasil passar da condição de dependência, “ao patamar de igualdade e de respeito em relação às demais nações soberanas”. 

Também o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, relembrou a história do País e a permanente construção da identidade brasileira. “As celebrações do bicentenário da Independência nos têm convidado a refletir sobre a Nação que construímos nos últimos 200 anos. Olhando para o futuro, que país construiremos nos próximos 100 anos? Que Brasil desejamos que seja celebrado no Tricentenário da In- dependência?”, indagou. 

Já o ministro Luiz Fux, até então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) – na segunda-feira, 12, com o término de seu mandato, a Corte passou a ser presidida pela ministra Rosa Weber –, destacou que mesmo quando a Nação enfrentou adversidades em sua história, “se consolidou como um País democrático, com instituições sólidas e harmoniosas”.

Por sua vez, o presidente de Portugal enalteceu o empenho dos brasileiros para a conquista da Independência do País e comentou que, em 1822, “Dom Pedro de Alcântara deu corpo ao arranque da vossa caminhada do futuro”. 

Também foram organizadores da sessão solene o presidente da Comissão Especial Curadora do Senado para o Bicentenário da Independência, o senador Randolfe Rodrigues; e o coordenador da Comissão Especial Curadora, o deputado federal Enrico Misasi. 

Grito dos Excluídos 2022: ‘Brasil: 200 anos de (in)dependência. Para quem?’ 

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Com atos organizados por pastorais sociais, movimentos populares, organizações sociais, sindicatos e partidos políticos, aconteceu, no dia 7, a 28a edição do Grito dos Excluídos, com o lema “Brasil: 200 anos de (in)dependência. Para quem?”. 

Realizado desde 1995, o Grito dos Excluídos tem como tema permanente “Vida em primeiro lugar” e surgiu em contraponto aos desfiles oficiais de 7 de setembro, a fim de cobrar do poder público melhorias em políticas públicas de trabalho, moradia, acesso à terra e comida, além da defesa da democracia. 

Em São Paulo, os atos do Grito dos Excluídos foram na Praça da Sé, onde foi ofertado um café da manhã para 5 mil pessoas, especialmente àquelas em situação de rua. Uma faixa em um carro de som em frente à Catedral da Sé indicava uma das preocupações centrais deste ano: “Por um Brasil livre da fome”, em alusão ao fato de que, no País, milhões de pessoas se encontram em algum nível de insegurança alimentar, conforme dados da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan). 

Bolsonaro discursa a apoiadores em Brasília e no Rio de Janeiro 

Isac Nóbrega/PR

Após acompanhar o tradicional desfile cívico-militar de 7 de setembro, o presidente da República, Jair Bolsonaro, discursou em um carro de som na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF), para uma multidão, vestida de verde e amarelo, muitos tendo a bandeira do Brasil nas mãos. 

Em seu discurso, Bolsonaro, que é candidato à reeleição, mencionou alguns dos feitos de seu governo, criticou opositores – sem citá-los nominalmente – e falou sobre valores que afirma ser característicos da pátria brasileira: “Somos uma pátria majoritariamente cristã que não quer a liberação das drogas, que não quer a legalização do aborto, que não admite a ideologia de gênero. Um país que defende a vida desde a sua concepção, que respeita as crianças na sala de aula, que respeita a propriedade privada e que combate a corrupção para valer. Isso não é virtude. É obrigação de qualquer chefe do Executivo”. 

Na tarde do mesmo dia, Bolsonaro participou de um ato público que lotou a Avenida Atlântica, na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ). Não houve estimativa de público pelas autoridades estaduais. Apoiadores do presidente falaram em centenas de milhares de participantes. 

Em diferentes partes do País, pessoas foram às ruas vestidas de verde e amarelo em apoio ao presidente. Atos ocorreram em capitais como Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Maceió (AL), Porto Alegre (RS), Recife (PE), São Luís (MA), Salvador (BA) e Porto Velho (RO). Em São Paulo (SP), ações se concentraram na Avenida Paulista. Em alguns momentos foi tocado o Hino Nacional e grupos rezaram a oração do Pai-nosso.

Nestes atos, com participação de jovens, adultos e famílias inteiras, foram comuns manifestações favoráveis ao impeachment de ministros do STF e à criminalização do comunismo no Brasil, bem como a defesa do voto impresso e ressalvas à parcialidade da imprensa. O presidente recebeu críticas por parte dos opositores pelo uso político dos atos de 7 de setembro. 

No Ipiranga, reabertura do museu, shows e as ‘Vozes da Independência’ 

Em 7 de setembro, diversas ações ocorreram no Parque da Independência, onde se localiza o Museu do Ipiranga, que reabriu na última semana, após ser fechado em 2013 para obras de ampliação e restauro. 

Pela manhã, na Avenida Dom Pedro I, ocorreu o desfile cívico-militar, com as tropas das Forças Armadas brasileiras e também das Polícias Militar e Civil de São Paulo. 

À tarde, o Parque da Independência se transformou num grande palco a céu aberto para o espetáculo “Vozes da Independência”, que recordou a história do grito de Dom Pedro I às margens do rio Ipiranga, em 1822, e fez memória, de forma lúdica, de outros gritos de libertação do povo. Houve, ainda, um “Balé de Drones”, que criou nos ares imagens de ícones do Brasil e realizações da cultura do País. À noite também ocorreram apresentações com artistas de diferentes estilos musicais e uma projeção de luzes na fachada do Museu do Ipiranga. 

(Com informações das Agências Brasil, Senado e Câmara, G1, Folha de S.Paulo, BBC Brasil, Gazeta do Povo, Diário do Nordeste e Brasil de Fato) 

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