A espiritualidade do Beato Adolfo Kolping

Exemplo de compromisso social cristão e de vida na fé, o Beato Adolfo Kolping teve uma espiritualidade profunda, extraindo da vida de oração, dos sacramentos e da contemplação as graças espirituais necessárias para dar respostas concretas aos problemas sociais enfrentados, levando ao homem condições para assegurar o desenvolvimento humano integral em todas as suas dimensões, tanto material e socialmente, quanto espiritualmente.

Reprodução/Kolping Oficial

Fundador de uma associação católica de trabalhadores no século XIX que produz frutos até hoje, em mais de 60 países, com mais de 400 mil membros, tornando-se uma das maiores associações católicas do mundo, o Beato Adolfo Kolping viveu uma espiritualidade profunda e muito concreta que, por sua força, ainda é a base fundamental de sustentação da Kolping em nossos dias.

Ao ser beatificado em 1991 pelo Papa João Paulo II, o Padre Adolfo Kolping nos é apresentado pela Igreja como um modelo de vida espiritual, bem como um homem que irradia e marca uma espiritualidade própria.

Sua vida, caminho, pensamentos e obra são mais bem entendidos ao se conhecer a sua concepção de Deus e do homem. Sua preocupação pelo ser humano se funda tanto na fé quanto no respeito à dignidade do homem, imagem de Deus.

A vida espiritual do Beato foi caracterizada por três atitudes testemunhadas em seu percurso:

1. Sua relação pessoal e íntima com Cristo, manifestada em diversas situações durante a vida. Ainda quando estudante, escreveu: “Agora sou noivo de Deus, entreguei-me totalmente a Ele, e isso me faz tanto bem, eleva-me de maneira tão inefável, que eu não trocaria por nada neste mundo.”.

Para ele, o amor a Cristo é indissociável do amor ao próximo; por isso dizia: “Onde há amor, ele deve aparecer em todas as situações da vida, estende-se ao homem integral, não só na salvação eterna, mas no seu bem-estar social. Por meio do amor ao próximo é que se manifesta a semelhança com Deus”.

2. Sua confiança inquebrantável em Deus, que o tornou um devoto da Divina Providência. Com atos de fé explícitos, ele conquistava os objetivos traçados para sua associação e motivava muitas outras pessoas a se unirem em torno daquela missão. Inclusive, em certa ocasião, quando foi questionado por um sacerdote pelo fato de não haver recursos disponíveis para levar a cabo os serviços sociais almejados, ele apenas respondeu “se não houver fé nesta casa, eu vou embora!”; resposta que constrangeu e convenceu aquele Padre a abraçar sua obra.

3. Seu amor à Igreja, manifestada pelo zelo na administração dos sacramentos, no dedicado ensino da doutrina, na obediência e admiração filial ao Papa, a ponto de se emocionar numa audiência privada com Sua Santidade, e, sobretudo, na defesa da fé por meio de suas exortações que denunciavam as injustiças e erros de seu tempo, convertendo muitas pessoas à fé da Igreja.

Destas três atitudes do Beato resulta: sua grande estima pela família cristã, célula primeira da sociedade que deveria ser protegida e promovida; sua proximidade compreensiva com seus irmãos e seu trato fraternal com eles; sua preocupação com os mais necessitados e marginalizados; sua profunda sensibilidade com a vida profissional e o mundo do trabalho; seu compromisso sociopolítico.

Sobre este último ponto, dizia: “A Igreja não pode nem deve afastar-se dos problemas sociais. Não deve deixar a vida secular nas mãos dos inimigos. Ela deve entrar em cheio na vida e não vacilar diante dos inimigos”.

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