Assistência aos pobres, promoção e desenvolvimento humano, transformações políticas revolucionárias são vias conhecidas no esforço da humanidade para superar a pobreza. Todas têm limitações. A evidência histórica dos séculos XX e XXI mostra que abordagens integradas, combinando serviços sociais com investimentos em desenvolvimento humano, são as mais eficazes. Estratégias participativas e graduais superam rupturas radicais na redução inclusiva e sustentável da pobreza. Isso não significa que grandes transformações políticas não sejam necessárias em boa parte dos casos, mas as revoluções costumam ter resultados incertos e não trazem o almejado bem-estar social.
As melhores soluções combinam promoção humana (escolarização, melhoria das condições de saúde e habitação) com desenvolvimento econômico, criando as capacitações e oportunidades necessárias para superar a pobreza. As economias de mercado se mostraram mais eficientes para essa combinação e foram adotadas, ao menos parcialmente, até mesmo em países comunistas, como a China. Contudo, o mercado por si só não garante justiça social nem desenvolvimento humano. O Estado precisa estar presente tanto na efetivação de políticas sociais quanto na regulação dos mercados (como na aplicação de leis antitruste, existentes até nos Estados Unidos).
Com base em sua longa caminhada histórica em favor dos pobres, a Igreja Católica se deu conta de que a superação das injustiças sociais não poderia acontecer sem o protagonismo da sociedade civil. Bento XVI, na Caritas in veritate (CV 38), considera que uma ordem social justa depende de três sujeitos trabalhando juntos: o mercado, o Estado e a sociedade civil – e, entre estes, valorizava a sociedade civil, como espaço privilegiado de solidariedade. O protagonismo da sociedade civil, demonstrado de modo exemplar em tantas iniciativas do Terceiro Setor, não exime o Estado de sua função social. Além disso, o controle social eficaz é condição necessária para evitar o abuso de poder tanto por parte de governos quanto de agentes econômicos.
(por Francisco Borba Ribeiro Neto)