Na atualidade, diante das crises e conflitos políticos, sociais, econômicos, ambientais, de valores morais e éticos para a condução da vida individual e coletiva, o que espera a juventude? O que leva os jovens a se interessar pela política e usá-la como meio de transformação socioambiental? Os jovens querem uma mudança “agora”, sentem que não se pode deixar para amanhã a mudança necessária para sairmos das atuais crises. Querem viver no mundo atual de forma diferente da que se vive hoje. Querem aproveitar os bens comuns construídos de forma conjunta.
Não é certo pensar que a juventude de hoje “não quer nada, não se interessa por nada”. Não se pode tomar a leitura da realidade juvenil pelo víeis dos descompromissados. Certamente, não encontraremos respostas prontas e receitas inequívocas de como salvar o mundo “adulto” de suas escolhas. Contudo, existem inúmeras juventudes e vertentes de jovens, como os engajados em partidos políticos, aqueles vinculados a projetos ou movimentos e mesmo outros que realmente não pretendem realizar nada. Encontramos ainda outro recorte, em termos de lutas e manifestações de representatividade, classe, origem, local de pertença, etnia, raça, orientação sexual e gênero. Nesse cenário diversificado e complexo, percebemos que, seja qual for seu vínculo, os jovens possuem como mola propulsora o querer mudar a realidade em que estão inseridos.
Aqueles que, em alguma medida, possuem restrições de acesso a educação, saúde, trabalho, renda e bem-estar social, provavelmente buscarão na participação política a transformação social da sua realidade e a garantia de acesso a esses direitos. Aqueles jovens que possuem esses bens e direitos podem utilizar a política para a manutenção dos seus privilégios, mas muitas vezes buscam a transformação social, procurando uma sociedade mais justa para todos.
Em diversos documentos e iniciativas, o Papa Francisco insiste em convocar a juventude a transformar a realidade, pois acredita na energia revolucionária dos jovens. Ele reconhece que essa fase da vida possui inquietações que impulsionam para a mudança, com uma energia capaz de romper com a estagnação dos adultos, mudando a realidade para algo melhor para todos. Francisco propõe que os jovens sejam protagonistas, fazendo já, agora, algo de melhor para suas vidas e para a humanidade. Encoraja a juventude, por meio da ecologia, da educação, da economia e da política, a mudar a realidade em busca do bem comum e do cuidado com o planeta e a humanidade.
Pode-se pensar o empenho político em termos da participação parlamentar tradicional, pela democracia representativa. Para além disso, todavia, a política torna-se mais atrativa à juventude atual na possibilidade do exercício da participação direta: os jovens querem estar presentes de forma direta perante órgãos estatais e privados para alterar a realidade e minimizar as crises políticas, sociais, econômicas, ambientais e de valores morais e éticos.
Por fim, é preciso manter a paciência e a esperança em relação às expectativas do mundo adulto sobre as aspirações das juventudes, para que assim estas não se sintam sufocadas ou pressionadas a atender as demandas de outros. Mas, sim, podemos confiar na juventude e acreditar que ela poderá ajudar nas transformações socioambientais.