Diante das dificuldades que o Brasil está enfrentando, é preciso que todos os cristãos se mobilizem e exerçam a sua responsabilidade de seguir, anunciar e imitar a Cristo no mundo. Nosso País precisa disso mais do que nunca! Além de ser uma das nações mais desiguais do mundo (fruto, sobretudo, da história de escravidão mais longa e mais extensa da História recente), o Brasil vem enfrentando uma crise econômica, política e sanitária. É o segundo País em pior situação do mundo em termos de contaminação e mortes pela COVID-19. A população desempregada cresce com a crise. Do ponto de vista político, duas correntes de pensamento correm em grande velocidade, e suas vertentes mais ideológicas sacodem os brasileiros de fora, mas também os de dentro da Igreja.
É salutar que existam visões diferentes e pluralismo, porém, para a Igreja, se seguirmos a sabedoria expressa em sua Doutrina Social, o cair numa ou noutra ideologia é idolatria, como já dissemos em artigos anteriores. E as consequências são graves para uma nação quando os próprios cristãos correm o risco de se apoiar em uma ideologia e não na única resposta adequada e exaustiva para todos os seres humanos, que é o próprio Cristo.
Qual o perigo da ideologia, seja ela de esquerda, seja de direita? A ideologia é uma construção feita por um conjunto de pensamentos e visões que tende a se autoavaliar como “perfeita”, “correta”, “exata” e que, portanto, deve ser seguida de forma “absoluta”, como única saída para os problemas da vida e, consequentemente, do País. Dizendo brevemente, para quem se apoia e propaga uma ideologia, há o “salvador da pátria da esquerda” ou o “salvador da pátria da direita”, e em um ou outro está a resposta para os nossos problemas.
A ideologia, por ser absolutizante, tende, aos poucos, a acabar com a democracia e a necessária e fundamental alternância de poder. Numa visão ideológica, a ação política, seja de esquerda, seja de direita, tende a ser o exercício do poder pelo poder. E se passa a fazer qualquer coisa para mantê-lo. Por isso, é fundamental a alternância de poder. Porque o poder, qualquer um, deve sempre ser relativo. Só o poder de Deus encarnado, Cristo, é absoluto.
A ideologia faz com que a esperança cada vez menos se deposite em Cristo, presente e atuante na História, e cada vez mais “nesse” ou “naquele” partido. Cristo? Sim, existe! Não conta muito na vida social concreta, no entanto. Ele fica distante dos nossos problemas reais e cotidianos. Como se não estivesse presente. Nem fosse, de fato, o único Senhor da História. É muito fácil e comum, atualmente, relegar Cristo para o plano espiritual e somente no fim de semana, no ambiente paroquial. No dia a dia, são “outras forças” que movem a História, e, por isso, apoiamo-nos nelas.
Enquanto a democracia desmorona, a pobreza, as mortes e o desemprego aumentam, assim como as rivalidades entre os brasileiros. Nós, que amamos a Igreja e temos consciência do seu papel único na História, devemos nos unir para nos educar todos a voltar os olhos para o que dizem as Escrituras Sagradas e para o ensinamento de como viver o que ali está descrito: como gerar o bem comum, o amor entre as pessoas, o cuidado com todos e não só consigo mesmo ou com a própria família, como amar o inimigo e como construir uma nação. Por isso, o Brasil precisa, mais do que nunca, que a Igreja se una e se mobilize para ajudar o povo neste momento tão difícil. O caminho para sairmos da situação em que estamos é a educação do povo. E a Igreja tem, nessa educação, uma responsabilidade única!