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O papel essencial da educação digital

Imagem gerada pela IA Copilot

Diante das limitações da legislação e da tecnologia, a educação digital, voltada à aquisição de habilidades, conhecimentos e atitudes para usar tecnologias digitais de forma segura, crítica e responsável, emerge como a estratégia mais importante para proteger as novas gerações no ambiente virtual. Não basta apenas ensinar crianças a evitarem “estranhos on-line” – é preciso desenvolver o pensamento crítico sobre como algoritmos podem direcioná-las para conteúdo inadequado, como sua imagem pode ser explorada e qual visão de mundo e de pessoa está sendo-lhes oferecida nas redes sociais. 

As dificuldades dos pais. Mas, apesar de sua importância, a educação voltada para a segurança digital e a prevenção dos riscos da pornografia infantil enfrenta diversas barreiras. Muitos pais e responsáveis desconhecem a magnitude do problema e carecem de conhecimentos básicos para orientar e proteger seus filhos no ambiente virtual. Além disso, o tema da sexualidade muitas vezes é tabu, dificultando uma orientação segura diante das muitas possibilidades encontradas na internet.

A primeira providência é iniciar, desde cedo, respeitando as fases do desenvolvimento da criança, a alfabetização digital, que envolve tanto o domínio das ferramentas técnicas quanto a capacidade de identificar riscos on-line. É uma tarefa que envolve a família e a escola, agindo em harmonia, de forma colaborativa, pelo bem dos jovens.

A educação afetivo-sexual, que inclui tanto a questão sexual quanto a formação para uma afetividade sadia, torna-se tão mais necessária nesse contexto. Crianças e jovens precisam desenvolver a consciência da própria sexualidade, integrada a uma genuína experiência de amor. Conhecer a verdade sobre o amor é a forma mais eficiente de desenvolver um pensamento crítico diante das ofertas impróprias contidas na internet.

Frequentemente, as famílias e os educadores não estão capacitados para enfrentar esses desafios. Não receberam uma educação digital ou mesmo afetivo-sexual adequada. Por isso, as escolas e o governo têm a responsabilidade de oferecer cursos de capacitação e oficinas especializadas.

A colaboração de todos. Mas aqui, devido à grande pluralidade cultural de nossa sociedade, as igrejas e associações devem colaborar, oferecendo uma capacitação que se conforme à visão de mundo das famílias, respeitando a diversidade que seus filhos irão encontrar na sociedade, mas mantendo-se fiéis a seus princípios pessoais.

Infelizmente, nem sempre esses recursos chegarão no momento oportuno. Por isso, famílias, escolas e comunidades devem procurar manter espaços de diálogo e comunicação aberta, nos quais crianças e jovens se sintam confortáveis para dialogar sobre suas dúvidas e experiências. Escutar ativamente os menores e validar suas preocupações contribui para diminuir a influência negativa das pressões sociais e da circulação desenfreada de conteúdos impróprios.

Mesmo assim, o impacto psicológico da exposição precoce à pornografia pode ser profundo, gerando percepções distorcidas sobre a sexualidade e prejuízos emocionais. Por isso, é fundamental a existência, nas escolas e organizações que trabalham com jovens, de programas que oferecem aconselhamento e apoio psicológico, para ajudar os jovens a processar suas experiências e desenvolver resiliência.

O sucesso da prevenção depende da colaboração entre famílias, escolas, governos e sociedade civil, garantindo um ambiente digital em que crianças e adolescentes cresçam protegidos e informados, aproveitando os benefícios tecnológicos sem se tornarem vítimas de seus perigos.

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