Os católicos diante das escolhas partidárias

Na passagem a seguir, o Compêndio da Doutrina Social da Igreja (CDSI 573-574) situa as escolhas partidárias no contexto da vida na comunidade cristã:

“Um âmbito particular de discernimento dos fiéis leigos diz respeito à adesão a um partido e às outras expressões da participação política […] Qualquer escolha deve ser radicada na caridade e voltada para a busca do bem comum (Octogesima adveniens, OA 46). As instâncias da fé cristã dificilmente são assimiláveis a uma única posição política: pretender que um partido ou uma corrente política correspondam completamente às exigências da fé e da vida cristã gera equívocos perigosos. O cristão não pode encontrar um partido plenamente fiel às exigências éticas que nascem da fé e da pertença à Igreja: a sua adesão a uma corrente política não será jamais ideológica, mas sempre crítica, a fim de que o partido e o seu projeto político sejam estimulados a realizar ações sempre mais atentas ao verdadeiro bem comum, incluindo os fins espirituais do homem (OA 46) […] A adesão a um partido ou corrente política é uma decisão pessoal, legítima, ao menos nos limites dos partidos e posições não incompatíveis com a fé e os valores cristãos (OA 50). Contudo, esta escolha, mesmo empenhando a consciência de cada um, não pode ser entendida como uma escolha exclusivamente individual: “cabe [à comunidade cristã] analisar, com objetividade, a situação própria do seu país e procurar iluminá-la, com a luz das palavras inalteráveis do Evangelho; haurir princípios de reflexão, normas para julgar e diretrizes para a ação na Doutrina Social da Igreja” [OA 4). ‘A ninguém é permitido reivindicar exclusivamente, em favor do seu parecer, a autoridade da Igreja’ (Gaudium et spes, GS 43): os fiéis devem antes procurar ‘esclarecer-se mutuamente num diálogo sincero, guardando a caridade mútua e tendo, antes de tudo, o cuidado do bem comum’ (GS 43)”.

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