Política e Fraternidade

Tive a honra e a alegria de participar do II Encontro Internacional de Católicos com responsabilidades políticas, que teve lugar em Madri, entre os dias 3 a 5 de setembro, promovido pelo Cardenal Osoro, Arcebispo da Cidade, com patrocínio simultâneo da Konrad Adenauer Stiftung e da Universidade San Pablo Ceu, para trabalhar o tema da cultura do diálogo na vida política à luz da Carta Encíclica Fratelli Tutti.

Do evento, denominado “Uma Cultura de Encontro na Vida Política para o Serviço dos Povos”, participaram líderes políticos de diversos países e partidos, a título pessoal, contando ainda com a especial presença do Cardeal Pietro Parolin, Secretaria de Estado do Vaticano.

As palestras tocaram temas profundos, desde as lições e desafios da pandemia, passando pela amizade cívica, fraternidade e solidariedade na vida política, compreensão e misericórdia, até o amor a Deus e a todos os seres humanos, concordem ou discordem de nós.

Escolhi como tema “Valores Humanos, Diálogo e Pluralismo”, apresentando quatro considerações fundamentadas na proposta do documento em foco, que estimula a uma abertura social e política permeada pela amizade e centrada no bem comum.

Em resumo, pude destacar que os valores cristãos são, antes de tudo, humanos, e os compartilhamos de alguma forma. Nesse sentido, é preciso aprender a abrir-se também a entender os distintos aspectos que compõem o pensamento dos demais – sem preconceitos ou acepção de pessoas – e, ao mesmo tempo, não subestimar a capacidade do ser humano de ser humano. Nesse contexto, pude falar das políticas familiares como uma pauta que une, e, sobre a família como escola de relações, cidadania e solidariedade.

O segundo requisito para um diálogo mais fecundo seria o estilo. Não se pode defender o ser humano de forma infra ou desumana. Temos que cultivar o respeito, a cordialidade, a afabilidade, etc., de maneira compositiva, e, não, opositiva. A verdade penetra por meio da caridade. É preciso querer as pessoas, vencendo repulsas e dilatando o coração.

O terceiro ponto tratou da necessidade de formar uma nova geração de políticos, com sentido de missão e amor ao bem comum. De fato, os jovens estão sedentos de valores pelos quais valha a pena lutar – ainda que a mídia barulhenta insista em demonstrar o contrário –, também por experiência de falta ou gozo da felicidade própria ou das pessoas que lhes circundam, buscando uma vida mais plena. Acrescentei ainda, a partir de observação e prática, que a reflexão filosófico-antropológica pode ser um bom caminho para pensar e agir por conta própria e de forma auto-transcendente.

Por último, sublinhei a obrigação de manter o coração reto e expurgado de auto-interesse, como essencial à vocação política.

Porém, o que mais desejo destacar é o que pudemos aprender e aprofundar, também por meio da convivência, neste fraterno e animado intercâmbio. Entre tantas outras lições, saliento a necessidade de ser pontes – deixando-se pisar pelos dois lados –; saber escutar a todos; presentear aos demais com nossa amizade e, em especial, servir!

Por fim, uma boa conclusão, a partir das palavras do Cardeal Parolin, que identificou a política como serviço, sintetiza-se nesta definição, que, como afirmamos, deve levar à ação: Política é poder? Política é servir? Política é poder servir!

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