Promover a caridade pessoal e comunitária

Luciney Martins/O SÃO PAULO

A seguir, alguns trechos da carta pastoral Comunhão, conversão e renovação missionária (nº 10), na qual Dom Odilo Pedro Scherer propõe a promoção da caridade como questão fundamental na vida da Igreja em São Paulo:

“A vida cristã e eclesial é fruto do amor de Deus e deve se expressar no amor a Deus e ao próximo, conforme recomendação de Jesus aos apóstolos: “Nisto conhecerão todos que vós sois meus discípulos: se tiverdes amor uns para com os outros […] Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (cf. Jo 13, 35; 15, 12). Amor a Deus e ao próximo são inseparáveis. Nossa fé mostra-se verdadeira, e não vazia, quando ela ‘opera pela caridade’ (Gl 5, 6). A prática da caridade não é opcional para os cristãos, mas um “mandamento” de Jesus para todos os seus discípulos (cf Jo 13, 34-35; 15, 17).

São Paulo reconhece que, numa comunidade, podem existir pessoas com dons, capacidades e responsabilidades diversas: ser apóstolo, profeta, mestre dos outros na fé, fazer curas e outros milagres, falar e interpretar línguas diversas. Podem também existir pessoas muito religiosas, parecendo ter fé, ou que fazem muita benemerência e até praticam atos heroicos. Mas se tudo isso não for motivado pela caridade sincera, de nada vale, servindo só para a vaidade própria. Entre as virtudes da fé, esperança e caridade, a maior delas é a caridade (cf. 1Cor 12, 27-13, 13).

Certamente, há muitíssimas formas de praticar o amor ao próximo, bastando ter sensibilidade e coração aberto diante das necessidades e sofrimentos do próximo […] O que não podemos deixar de fazer é amar o próximo, não importando quem ele seja.

Em nossas comunidades, o incentivo à prática pessoal da caridade deve ser constante, de maneira que isso se torne uma virtude de cada filho da Igreja e também de quem não é católico ou cristão. Para todos, a salvação passa pelas vias da caridade e das obras de misericórdia. A prática da caridade deve fazer parte da iniciação à vida cristã e eclesial. Além de pessoal, a caridade também precisa ser organizada, para ser mais eficaz e para estimular muitos a aderirem a ações concretas de serviço e caridade. A organização da caridade pode acontecer através de muitas iniciativas e organizações espontâneas ou instituídas nas comunidades da Igreja: obras sociais, iniciativas em favor de pessoas e grupos necessitados de socorro e assistência; iniciativas emergenciais, para socorrer situações decorrentes de catástrofes; através do voluntariado, no qual as pessoas podem se colocar à disposição para ações e iniciativas caritativas, de acordo com a sua formação profissional.

Em nossas comunidades há três grupos que merecem nossa atenção especial: os pobres em geral, os enfermos e os enlutados. Estes receberam sempre a atenção amorosa de Jesus e, por isso, todas as formas de vida eclesial também devem ter suas organizações para estar com os pobres, os enfermos e os enlutados. A caridade organizada faz aparecer melhor o testemunho cristão: ‘brilhe a vossa luz diante dos homens para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus’ (Mt 5, 16). Em todas as nossas comunidades deve haver expressões de caridade organizada”.

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