A Igreja no Brasil, no mês de setembro, destaca e aprofunda a Palavra de Deus, é o mês da Bíblia. Trata-se de um convite a todos para que se aproximem ainda mais da Palavra de Deus. Estamos no 3º Ano Vocacional, que, com o tema “Vocação: Graça e Missão”, recorda e afirma que a origem, o centro e a meta de toda a vocação e missão é a pessoa de Jesus Cristo, o Filho amado do Pai, a quem devemos escutar. Nesse sentido, é importante evidenciar que esta Palavra chama também a cada um pessoalmente e revela que a própria vida é vocação em relação a Deus. Como batizados, somos chamados à santidade e convidados a aprofundar a relação com a Palavra de Deus segundo a própria específica vocação.
A Sagrada Escritura nos revela esta fundamental vocação à santidade: “Sede santos, porque Eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (cf. Lv 11,44; 19,2; 20,7). São Paulo nos mostra a raiz cristológica do chamado à santidade, quando afirma que Deus Pai, em Cristo, “escolheu-nos, antes da constituição do mundo, para sermos santos e imaculados diante dos seus olhos” (Ef 1,4).
Na exortação apostólica Verbum Domini, o Papa Bento XVI assim diz: “Quanto mais aprofundarmos a nossa relação pessoal com o Senhor Jesus, tanto mais nos damos conta de que Ele nos chama à santidade, por meio de opções definitivas, pelas quais a nossa vida responde ao seu amor, assumindo funções e ministérios para edificar a Igreja” (no 77).
É importante notar que a partir da Palavra de Deus se ilumina e realiza o diálogo vocacional, na relação chamado e resposta, que toca o coração de cada pessoa. Da Palavra vem o apelo, o convite, o mandato, como nos mostram as diversas narrativas vocacionais presentes na Sagrada Escritura. De fato, quando falamos de vocação, nos referimos ao ato de chamar e responder, ou seja, o processo que descreve as condições de uma pessoa que se sente chamada a dialogar com o Criador, Deus Pai, em Jesus Cristo. Deste encontro, e profunda relação, se faz uma escolha, um projeto de vida de acordo com o plano de felicidade e salvação proposto pelo Senhor. Essa dimensão projetual determina e define a existência pessoal, o destino de criatura amada por Deus e qual o seu futuro. Diz, neste sentido, o Documento de Aparecida, ao indicar a tarefa da pastoral vocacional: “Deve dirigir-se às crianças e especialmente aos jovens, para ajudá-los a descobrir o sentido da vida e o projeto que Deus tem para cada um, acompanhando-os em seu processo de discernimento” (n.314). De fato, a Palavra de Deus chama para um diálogo entre duas liberdades, a de Deus e a da pessoa humana, em que esta faz um itinerário de amadurecimento e de descoberta gradual do sentido de seu chamado.
Todos somos interpelados, vocacionalmente, pela Palavra de Deus, e somos chamados, à luz da Palavra, a deixarmo-nos interpelar. Nela, encontra sentido nossa vocação e missão. Com a Palavra de Deus, realizamos um encontro vital, que transforma a nossa vida. E é no encontro profundo com Jesus Cristo, a Palavra encarnada, que podemos compreender e seguir nossa vocação, realizando o projeto que Deus tem para nós. Assim diz o Papa Francisco, na Christus Vivit: “Jesus caminha no meio de nós, como fazia na Galileia. Passa pelas nossas estradas, detém-Se e fixa-nos nos olhos, sem pressa. A sua chamada é atraente, fascinante” (nº 277). E prossegue o Santo Padre: “Procura, antes, aqueles espaços de calma e silêncio que te permitam refletir, rezar, ver melhor o mundo ao teu redor e, então, sim, juntamente com Jesus, poderás reconhecer qual é a tua vocação nesta terra”. Vamos seguir este conselho, e com a Palavra de Deus, à sua luz e inspiração, encontrarmo-nos com Jesus Cristo e descobrir e realizar a nossa vocação e missão.