A religião está perdendo espaço na sociedade?

Se a pergunta do título se refere a uma análise apenas quantitativa, a resposta – em termos globais – é “não”. Dependendo da estatística observada, entre 84% e 88% da população mundial se identifica com alguma religião. Em 2015, os cristãos eram o maior grupo, com 2,3 bilhões de seguidores – mais de 31% da população mundial. Na sequência, os muçulmanos, com 1,8 bilhão; os hindus, com 1,1 bilhão; e os budistas, com 500 milhões. Outras religiões, como as africanas, chinesas tradicionais ou nativas americanas, somam mais de 400 milhões de adeptos. As religiões menos praticadas, como Sikhismo, Bahá’í e Jainismo, somam algo como 58 milhões de praticantes. Os judeus são aproximadamente 14 milhões em todo o mundo.

Por outro lado, 1,2 bilhão de pessoas, que representam 16% da população mundial, dizem não ter filiação religiosa alguma. O Fórum Econômico Mundial aponta que esse número não chega a 12%. Isso não quer dizer que todas essas pessoas sejam ateus convictos. Alguns o são, realmente, mas outros são pessoas que, à sua maneira, acreditam em Deus, em deuses ou manifestam alguma forma de espiritualidade – simplesmente não praticam uma religião organizada.

A China, embora registre um maior número daqueles que se declaram ateus ou agnósticos, é um país que apresenta forte tendência de crescimento do Cristianismo. As religiões estão perdendo fiéis na Europa Ocidental e nos Estados Unidos, mas têm crescido em outras regiões. As Américas são solidamente cristãs, o Islamismo é a religião que mais cresce no mundo, particularmente no norte da África, ao passo que o sul do continente tem forte marca cristã. Na perspectiva mais qualitativa da questão, precisamos nos preocupar com a presença do materialismo.

Vale para toda a sociedade mundial a observação do Papa Francisco, feita especialmente com relação à inculturação do Evangelho na Amazônia: “Deve integrar melhor a dimensão social com a espiritual, para que os mais pobres não tenham necessidade de ir buscar fora da Igreja uma espiritualidade que dê resposta aos anseios da sua dimensão transcendente. Naturalmente, não se trata duma religiosidade alienante ou individualista que faça calar as exigências sociais duma vida mais digna, mas também não se trata de mutilar a dimensão transcendente e espiritual como se bastasse ao ser humano o desenvolvimento material. […] Deste modo, resplandecerá a verdadeira beleza do Evangelho, que é plenamente humanizadora, dá plena dignidade às pessoas e aos povos, cumula o coração e a vida inteira” (Exortação Apostólica Pós-Sinodal Querida Amazônia, 76).

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