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Anúncio, santificação e testemunho

Aproxima-se a realização de mais uma etapa da assembleia de pastoral da arquidiocese de São Paulo, desta vez realizada no dia 20 de setembro, no âmbito das Regiões Episcopais e Vicariatos Ambientais. A assembleia é mais uma etapa no acompanhamento pastoral e na implementação das diretrizes e propostas sinodais da Arquidiocese; de maneira especial, para acolher a nova organização pastoral resultante do 1º sínodo e traduzir em práticas eclesiais e pastorais o Plano emergencial, elaborado a partir do sínodo.

Para que existe toda a organização pastoral, senão para fazer acontecer, de forma organizada e harmônica, a missão e a vida da Igreja, que podem bem ser resumidas nas três palavras que traduzem a missão de Jesus Cristo, que seguem na história através da Igreja, comunidade dos seus discípulos: anunciar, santificar e testemunhar.

O anúncio é a primeira e mais importante ação da Igreja. Por ele, a Palavra de Deus chega às pessoas, toca os corações e, com a ação do Espírito Santo, promove a conversão e a adesão da fé em Deus. O anúncio se faz de muitos modos e mediante uma grande variedade de iniciativas: a promoção da leitura e acolhida da Palavra de Deus na Sagrada Escritura, a pregação litúrgica, os retiros, a catequese e muitos outros momentos formativos e, é claro, mediante a atividade missionária. São Paulo ensinou que a fé é desperta pelo anúncio da Palavra de Deus. E insistiu com seu discípulo Timóteo: “Prega, ensina, com toda paciência, quer ouçam, quer não ouçam”.

Nossa Arquidiocese, em cada uma de suas expressões (paróquias, comunidades diversas, Institutos de Vida Consagrada, Clero, Laicato) deseja ser, mais e mais, acolhedora e anunciadora da Palavra de Deus. Sem o constante e insistente anúncio, a fé não desperta e, onde ela já existe, pode até se enfraquecer e ser perdida.

A outra dimensão da vida e missão de Cristo e da Igreja é a santificação pessoal e comunitária do mundo. A santidade consiste na vida em comunhão com Deus e na acolhida dos dons da santificação que Jesus Cristo trouxe à humanidade e continua atuando nas pessoas mediante a ação do Espírito Santo. Jesus Cristo é o mediador entre Deus e nós mesmos, e continua a exercer essa mediação por meio da Igreja, na celebração dos sacramentos e no estímulo a viver conforme os mandamentos de Deus. A Igreja tem a missão santificadora de Jesus Cristo no mundo e deve exercer com generosidade e perseverança o serviço da santificação, que se alcança mediante a graça de Deus e nossa colaboração com ela. Jesus deixou à Igreja os meios de santificação, mediante os quais os nossos pecados são perdoados e podemos crescer na correspondência com Deus, no crescimento das virtudes e nos frutos da vida cristã.

Ainda falta mais uma dimensão fundamental da vida e missão da Igreja: o testemunho da vida nova em Cristo, mediante a caridade e a conformação da vida ao Evangelho do Reino de Deus. A Igreja existe para testemunhar, de muitas maneiras, que “o Reino de Deus chegou entre os homens” e que a vida pessoal e comunitária muda, cresce nos valores evangélicos e frutifica em toda obra boa. Por isso, a ação da Igreja tem também o objetivo de fazer o mundo crescer em justiça, paz, respeito, superação da violência e de tudo o que fere a dignidade e o verdadeiro direito das pessoas.

São Paulo usa muitas expressões para falar do testemunho do Reino de Deus que os cristãos devem dar no mundo: deixar de lado as “obras das trevas” para viver “como filhos da luz”; “revestir-se de Cristo” e ser “criaturas novas”; não mais ser “fermento velho”, mas “pães ázimos” novos, que “deixaram de lado o velho fermento”. A vida nova em Cristo deve traduzir-se, sobretudo, na vivência das virtudes da fé, esperança e caridade, que se tornam o estilo de vida do cristão.

A nova organização do acompanhamento e coordenação pastoral da Arquidiocese visa a agrupar todas as iniciativas pastorais em torno dessas três dimensões da vida e missão da Igreja: anúncio, santificação e testemunho. Não deixam de existir as muitas iniciativas e organizações pastorais. Mas, agora, cada uma deve ser acompanhada mais claramente em uma das três dimensões, para não fazermos uma pastoral dispersiva e sem rumos. A cada uma das três dimensões corresponde uma comissão Pastoral: Comissão Anúncio, Comissão Santificação e Comissão Testemunho.

Nossa assembleia arquidiocesana de Pastoral, na sua segunda etapa, feita nas Regiões e Vicariatos Episcopais, vai se interrogar até que ponto essa nova organização pastoral já está sendo assimilada. Ao mesmo tempo, tem o objetivo de verificar se os grandes propósitos de cada Comissão Pastoral, assinalados no Projeto emergencial de Pastoral já estão sendo assimilados.

Todo esse processo requer de nós uma boa abertura de mente e de coração para podermos avançar juntos (sínodo) na nossa missão. Nosso sínodo tinha uma palavra no seu tema que não pode ser esquecida: conversão. O sínodo universal também assumiu essa palavra no seu documento final. Sem verdadeira conversão pessoal e comunitária, não conseguimos avançar. Deus nos ajude com a graça do seu Espírito!

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