Aprendendo a ser cristãos

Neste ano, o curso de aprofundamento teológico e pastoral do clero de São Paulo tem como tema principal a catequese, enquanto processo de iniciação à vida cristã. O curso realiza-se em Itaici entre os dias 25 e 28 de setembro, assessorado pelo Arcebispo de Santa Maria (RS), Dom Leomar Brustolin. Ele é o Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB. Dom Leomar é especialista no tema e fez várias publicações sobre aspectos da catequese.

A catequese, de fato, deve consistir no processo da iniciação à vida cristã e no progressivo aprofundamento e amadurecimento da vivência da fé. Ninguém nasce cristão, mas aprende a ser cristão mediante a adesão de fé pessoal a Deus e à Igreja, o conhecimento dos ensinamentos da fé e da vida cristã, a familiarização com a Palavra de Deus, o testemunho e o exemplo dos outros cristãos. Ser cristão e católico envolve conhecimentos e ação, que se aprendem pouco a pouco.

A catequese não será completa se não ajudar o cristão a inserir-se na comunidade de fé, a comprometer-se concretamente com a prática da vida cristã e a caminhar com a Igreja. Embora relacionemos, geralmente, a catequese com a infância e a adolescência, o processo catequético estende-se a todas as idades. Sem deixar de concentrar os maiores esforços à boa catequese na infância e adolescência, é preciso dar uma atenção especial também à catequese de adultos.

A pesquisa do sínodo revelou que a catequese anda em crise e precisa ser retomada e aprofundada em nossa Arquidiocese, em todas as paróquias e demais expressões de vida comunitária. O número de crianças que participam da catequese, geralmente, fica bem distante do número de crianças em idade de catequese das famílias católicas das paróquias. Provavelmente, trata-se de crianças e adolescentes que ficarão sem catequese alguma para o resto de suas vidas. Por haver poucas crianças e adolescentes, geralmente, também há um número reduzido de catequistas nas paróquias. Há disparidade nos tempos da catequese sistemática antes dos sacramentos de iniciação à vida cristã e uma grande diversidade de métodos e de material de apoio à catequese, nem sempre com a necessária supervisão de quem são os maiores responsáveis pela catequese: o pároco e o bispo.

A catequese é essencial para a evangelização, a transmissão da fé e a gradual iniciação e inserção na prática da fé e da vida eclesial. Sem uma boa catequese, o futuro da transmissão da fé e da vida eclesial ficará seriamente comprometido. Por isso, cada paróquia precisa avaliar seriamente como está sua catequese, se o número de catequistas e o de catequizandos está adequado ao número de famílias e membros da paróquia. Se os espaços físicos destinados à catequese, os horários, os materiais e os métodos adotados estão adequados. Poderá ser necessário um “mutirão catequético” na paróquia, para oferecer a participação a um maior número de interessados na catequese: crianças, jovens e adultos. Também a catequese feita em escolas e colégios precisa ser acompanhada pelo pároco; essa catequese precisa levar a uma progressiva inserção na vida da Igreja dentro das comunidades paroquiais.

A Arquidiocese de São Paulo está reorganizando a catequese mediante a ajuda da coordenação arquidiocesana de catequese, reelaborando as diretrizes arquidiocesanas para a catequese. Desejo destacar o papel insubstituível do pároco na animação e coordenação da catequese em cada paróquia. A Escola Catequética São José de Anchieta, da Arquidiocese, está retomando a formação aos catequistas. Muitos deles poderão, aos poucos, também receber o ministério laical de catequistas, conforme orientações da Igreja (Carta Pontifícia Antiquum Ministerium, CNBB e orientações arquidiocesanas). Para assegurar a boa qualidade e unidade na catequese, a Arquidiocese de São Paulo propõe-se a adotar um material catequético adequado para todas as paróquias.

A catequese para jovens e adultos assume um lugar sempre mais destacado, pois são muitos os que perderam a ocasião de frequentar a catequese na infância e procuram ou estão abertos a uma catequese na idade juvenil ou adulta. O futuro da evangelização passa pela catequese. Sem uma boa catequese, o futuro da nossa Igreja fica comprometido. Para tanto, vale a pena investir as melhores energias de nossas paróquias e da Arquidiocese no serviço da catequese.

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Mario Goya
Mario Goya
9 meses atrás

Muito bom, desde infância tem ser catequizado , estes dias assisti coisas horrorosa até crianças estão sendo treinadas no complexo da Maré RJ.