Campanha da Fraternidade: chamado à conversão e à caridade

No Domingo de Ramos, como gesto concreto da Campanha da Fraternidade, realiza-se em todas as comunidades católicas do Brasil a Coleta Nacional da Solidariedade. Esse ato de partilha expressa o compromisso da Igreja com os mais necessitados e manifesta em gestos concretos o amor ao próximo. Os recursos arrecadados destinam-se ao fundo nacional e aos fundos diocesanos de solidariedade, que, ano após ano, financiam projetos sociais que transformam realidades e renovam esperanças. 

A Coleta da Solidariedade não é um evento isolado, mas é expressão da prática quaresmal da caridade. A Campanha da Fraternidade insere-se, portanto, no espírito da Quaresma, tempo penitencial de conversão. A conversão sincera passa pelo compromisso com Deus e com o próximo. Não há amor maior do que dar a vida ao irmão. A caridade cristã, vivida de modo integral, exige de nós não apenas esmolas ocasionais, mas um olhar atento às necessidades do outro e à transformação da sociedade segundo os valores do Evangelho. 

Em 2025, a Campanha da Fraternidade nos propõe um olhar mais amplo sobre essa conversão, refletindo sobre a Ecologia Integral. Inspirada na encíclica Laudato si’, do Papa Francisco, ela nos lembra de que o cuidado com a criação está diretamente ligado ao cuidado com os mais necessitados e com o bem comum. O meio ambiente degradado atinge de forma mais cruel os vulneráveis, e nossa responsabilidade cristã se estende ao zelo pela Casa Comum. Assim, a conversão pessoal à qual a Quaresma nos convida precisa abranger também nossas atitudes em relação ao mundo que Deus nos confiou. Viver uma fé autêntica implica reconhecer que não há verdadeira justiça social sem o respeito à criação, pois a degradação ambiental acirra desigualdades e compromete a dignidade humana. 

A Campanha da Fraternidade, portanto, não nos desvia do espírito quaresmal quando bem compreendida e vivenciada a partir da perspectiva do convite à conversão do coração. Desde sua origem, ela foi pensada como um caminho concreto para vivermos a caridade e a comunhão eclesial. É um equívoco interpretá-la como algo alheio à missão da Igreja. Seu propósito é justamente ajudar-nos a dar respostas evangélicas aos desafios da sociedade, sem substituir, mas aprofundando, o sentido do itinerário quaresmal. Ela nos convida a viver a fé como Cristo ensinou: unindo oração e ação, amor a Deus e amor ao próximo. A Coleta Nacional da Solidariedade, ao final desse percurso, não é apenas um gesto de generosidade, mas o sinal visível de um coração convertido, que compreende que a vida cristã se concretiza no serviço e na promoção da dignidade humana. 

Que esta Quaresma nos ajude a compreender que a conversão pessoal é também um chamado à transformação do mundo a partir do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, que veio para que todos tenham vida e a tenham em abundância. Que a Campanha da Fraternidade nos ajude a aprofundar nossa fé, tornando-nos discípulos mais comprometidos com o Evangelho, com a justiça e com a solidariedade, pois amar a Deus é, acima de tudo, amar e cuidar de seus filhos e de toda a sua criação. 

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