Como nossa família é afetada pelo uso das mídias sociais

Impossível andar cinco minutos em qualquer lugar e não notar alguém com seus olhos perdidos diante da tela de um celular. Sua atenção é praticamente sugada por aquele “buraco” negro, parece não haver mais nada ao seu redor.

Para mim algumas coisas chamam especial atenção:

Crianças comendo enquanto assistem desenhos: por toda a parte, encontramos crianças pequenas se alimentando diante de um desenho animado, enquanto os pais “comem em paz” na mesa do almoço ou do jantar.

Jovens na praia focados em seus aparelhos: quantos jovens nas praias, sozinhos ou em grupo, mergulhados nas redes sociais por longos períodos enquanto a natureza aguarda o seu olhar. Aquele momento tão incomum, vivido como se estivessem fechados em seus quartos.

Pessoas mais focadas em gravar do que viver: pessoas em eventos sociais, grandes ou pequenos, que estão mais preocupadas em “gravar o momento” do que vivê-lo. Acabam por assistir tudo a partir de seus próprios dispositivos.

Sem que percebamos, acabamos todos sendo esmagados por esse rolo compressor das redes sociais. Como sabemos, as redes sociais utilizam um mecanismo conhecido do corpo humano e conseguem, sem sequer encostar em nós, injetar um poderoso composto químico diretamente em nosso cérebro: a dopamina.

A dopamina é um neurotransmissor, liberado durante as sinapses e que traz uma sensação de prazer. É como se o cérebro respondesse com uma afirmação “gosto disso”. Em situações normais, é produzido durante as atividades físicas ou ingestão de alimentos saborosos, por exemplo. Outra situação em que se a produz é quando conquistamos algo, como uma recompensa.

Quando assistimos a um pequeno vídeo de que gostamos, recebemos uma “curtida” em uma imagem das férias ou um comentário elogioso sobre nossa foto, pronto, recebemos uma dose de dopamina.

É por isso que as redes sociais usam vídeos curtos e não há dislikes Para que a “próxima dose” seja breve. Assim, ao usar as redes, vamos aplicando doses uns nos outros.

Aqui, a seguir, apresento apenas três campos nos quais somos afetados por esse mecanismo: o físico, o social e o espiritual.

FÍSICO: No campo físico, parece mais óbvio perceber que algo que nos produz sensação rápida de satisfação, sem esforço, possa gerar uma condição de vício. Ficamos, sim, viciados nessa sensação, principalmente os mais vulneráveis no autocontrole como jovens e crianças.

EMOCIONAL: No campo emocional, criamos barreiras para a sociabilidade, para o diálogo e capacidade de enfrentar as situações reais; afinal, o mundo real é muito mais cruel que o mundo virtual.

ESPIRITUAL: O campo espiritual se utiliza dessa sensação de vazio interior para procurar preenchê-lo com uma mensagem anticristã. Aproveita a distração de todos para passar seu próprio conjunto de valores.

Assim, nossos jovens e crianças estão sendo sugados para dentro deste mundo virtual. Seu vício somado à necessidade de aprovação, curtidas e bons comentários fazem com que usem seu tempo para produzir novos conteúdos. Esses conteúdos serão a matéria prima para viciar os outros. Uma máquina “diabólica”.

Não nos esqueçamos de que a “rede social” não é apenas um grupo de pessoas compartilhando conteúdo. Entre você e a pessoa do outro lado existe uma empresa. Ela utiliza os conteúdos compartilhados pelas pessoas para manter todos ali dentro, visando a maximizar seus próprios objetivos.

Aí, não existe acaso, não existe mérito, não existem valores. Apenas um algoritmo focado em manter a sua atenção, enquanto ganha dinheiro, utilizando as tecnologias mais modernas como a Inteligência Artificial (IA) para fazer isso.

Então, saiba que, enquanto está almoçando tranquilamente, seu filho está à mercê desse mecanismo, aprendendo do “algoritmo” em vez de uma conversa com você durante o almoço. Enquanto você “descansa”, ele se afunda numa tela controlada por um desconhecido, focado em lhe dar uma droga invisível e mantê-lo viciado em sua própria casa. É como deixá-lo brincar com o traficante.

As consequências são claras. Crianças e jovens com crise de aceitação, mais preocupadas em agradar seus amigos virtuais do que as pessoas de sua vida real, como a família. Pessoas com dificuldade de concentração e de atenção. Ansiedade, desânimo e depressão.

Enquanto não entendermos o inimigo oculto que se esconde ali e tomarmos o controle da situação, definindo limites, acompanhando de perto conteúdos ingeridos e separando tempo de relacionamento real com nossos familiares, nossas famílias serão dragadas.

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