A inteligência e a criatividade secular

O tema da Inteligência Artificial (IA) tomou todas as rodas de interesse. Num mundo em que todos são especialistas em absolutamente tudo, naturalmente muitos comentários não têm qualquer fundamento. Tem de tudo: que a IA é como uma entidade provida de conhecimento e entendimento absolutos ou que suas respostas seriam inspiradas pelo anticristo. Todas redondamente enganadas.

No meu último artigo, discorri, de forma simplista, sobre o ‘treinamento” de uma IA, sempre baseada e circunscrita à base de conhecimento utilizada para a sua criação. É importante ter em mente esse conceito: de que existe uma base de dados ou de conhecimento envolvida.

Assim, num mundo profundamente secularizado e muito contaminado pela visão anticristã, não podemos achar que a IA não estaria de alguma forma influenciada pelo “tom” do conhecimento utilizado para criá-la.

Considerando que até mesmo humanos não inspirados pelo Espírito Santo e largados no mundo se tornam “mundanos”, por que a IA não? Aí precisamos ser justos: ela em si, a IA, não tem culpa. A culpa é do repertório fornecido pelos humanos.

Olhando com mais atenção, o nome “inteligência” parece também exagerado, pelo menos até agora. Se suas respostas são baseadas em um grande conjunto de dados, então é um sistema provido de grande repertório e não de inteligência. No campo humano, chamamos uma pessoa com grande repertório de “experiente”. Talvez fosse mais honesto chamá-la de “repertório artificial”.

Em paralelo, estão tentando dar à IA características humanas, que ela não tem. É verdade que muitos têm feito o mesmo com os animais domésticos. Por mais que achemos que eles possam ter virtudes ou consciência avançada, não têm. A IA também não.

Ela não tem consciência, sentimento ou criatividade. Todos esses dons, e tantos outros originados na criação divina, foram dados com exclusividade à obra prima da criação: eu e você.

Perguntei isso a ela (IA), que me respondeu:

“A IA pode gerar respostas que parecem criativas porque foi exposta a uma ampla variedade de informações e padrões linguísticos durante o treinamento. No entanto, é importante destacar que a ‘criatividade’ exibida por esses modelos é diferente da criatividade humana.”

Não é nas interfaces conversacionais (chat), porém, em que essa tal “criatividade” pode ser mais bem notada. Dessas outras, a que me parece mais intrigante são aquelas que criam desenhos baseados em uma descrição.

 Você escreve uma descrição detalhada e a IA, baseada em seu repertório, cria uma imagem totalmente nova, a partir da descrição fornecida.

Correram vídeos por aí mostrando alguns desenhos, um deles de São Miguel com seis dedos ou de Nossa Senhora com símbolos maçônicos, alertando que seriam imagens com marcas do anticristo. Não sabemos, contudo, se foi um erro ou se a própria descrição já não estaria embarcada com essas características. Para demonstrar isso, resolvi testar.

As imagens que você vê abaixo foram desenhadas por uma IA com base em uma descrição bastante simples: “A Santa Mãe de Deus, abençoando o globo no estilo de uma pintura a óleo”.

Podemos discutir sua precisão no campo da fé ou das artes, mas devemos reconhecer que o pedido foi atendido com muita assertividade.

Assim, devemos tratar o tema da IA com o mesmo cuidado pedido a um cristão para tudo. A sobriedade, evitando um “juízo temerário”, e a “coerência cristã”, que não pode fazer concessões ao que é contrário ao Cristo.

Muitas discussões e orações ainda serão necessárias. Que o Espírito Santo nos ajude!

Luiz Vianna é engenheiro, pós graduado em marketing e CEO da Mult-Connect, uma empresa de tecnologia. Autor dos livros “Preparado para vencer” e “Social Transformation e seu impacto nos negócios”, é também músico e pai de três filhos.

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