O controle das mídias sociais

Neste mês, o Centro Dom Bosco, uma associação de fiéis católicos que divulga em suas redes sociais mensagens e vídeos defendendo a fé católica e denunciando abusos, teve seu perfil removido do YouTube.

Segundo informaram, não houve qualquer notificação ou explicação do que motivou tal ação por parte da empresa proprietária da plataforma. 

Como sabemos, os casos de bloqueio, remoção ou censura dos conteúdos das redes sociais se tornaram corriqueiros, e não é de hoje. Particularmente no Brasil, tais bloqueios têm duas origens: ou os tribunais superiores, Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ou Supremo Tribunal Federal (STF), ou os próprios “sistemas de controle” das plataformas.

Com relação aos bloqueios realizados pelas próprias plataformas, não é assunto novo. Se voltarmos alguns anos no tempo, encontraremos um dos primeiros e mais emblemáticos casos de bloqueio a conteúdos cristãos, da Prager University, que rendeu ações judiciais nos tribunais norte-americanos contra o Google, proprietário do YouTube.

A universidade protestante de Dennis Prager é bastante conhecida por seus excelentes conteúdos com fundo cristão. Na época, a universidade questionou a desmonetização e a limitação do alcance de vários de seus vídeos impostos pela plataforma, incluindo vídeos como Os dez mandamentos: não matar e A minoria mais perseguida do mundo: os cristãos”. Em sua comunicação oficial, o YouTube informou que classificara esses e outros cerca de 200 vídeos como “conteúdo impróprio” ou “discurso de ódio”.

As plataformas usam suas “políticas de uso de serviço” para justificar seu direito de controlar o conteúdo. Contudo, nos Estados Unidos, tais plataformas são classificadas como “publicadores” e não “editores” de conteúdo, o que acendeu a discussão por lá o que, na lei local, mudaria seu conjunto de direitos e responsabilidades.

Do lado dos usuários, a reclamação é que as motivações dos bloqueios nunca são claras, não sendo indicado, por exemplo, qual ponto objetivo da “política de uso” fora desrespeitado ou em que ponto o conteúdo teria ferido tal termo. As formas de recorrer ou obter respostas são também sempre difusas.

Sob o aspecto do controle, discute-se que a linha pouco clara seria proposital, permitindo censura baseada em conceitos de interpretação questionável ou até mesmo a intenção de esconder do público a real linha ideológica seguida.

Naturalmente, nos tempos atuais, não podemos ser ingênuos em não perceber que as mídias sociais se tornaram meios de comunicação, e que a falta de controle deixa pessoas poderosas muito nervosas, como já abordei aqui no artigo “A pós-verdade e o controle da mídia”. 

E não se trata apenas de viés corporativo por questões comerciais. Essas empresas estão envolvidas no esforço globalista e da ordem mundial, e sabemos qual o conjunto de ideologias estão alinhadas por tais ideais e que devem ser “impulsionadas” na sociedade. 

Assim, o mundo, que se encaminha em direção ao “fim dos tempos”, vai se tornando  um ambiente cada vez mais anticristão, e a incômoda mensagem de Cristo não deve ser mais divulgada, como já havia previsto Paulo em sua segunda carta a Timóteo:

Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas” – 2 Timóteo 4,3-4.

Por esse e outros motivos, muitos produtores de conteúdo cristão e político estão migrando seus perfis para outras plataformas que prometem não ter o mesmo comportamento restritivo ou de censores com viés pouco claro. São os casos (anote aí) das plataformas de vídeos rumble.com, da comunidade locals.com ou a rede social truthsocial.com

Nessa linha, aguardemos ainda a evolução do novo Twitter sob o comando de Elon Musk.

Do nosso lado, para o cristão, é muito importante estarmos atentos a todos esses movimentos e nos esforçarmos para sair das teias do controle da informação. Por isso, torna-se vital procurar informações fora dos grandes produtores de conteúdos, seja TV, jornal ou plataformas, principalmente aquelas com aspecto de “oficiais”.

Não nos deixemos enganar pelo inimigo que irá agir “a ponto de seduzir, se isso fosse possível, até mesmo os escolhidos” (Mateus 24,24). De nossa parte, como cristãos, continuemos vigilantes e no caminho do Senhor, como nos instrui Paulo:

“Tu, porém, sê prudente em tudo, paciente nos sofrimentos, cumpre a missão de pregador do Evangelho, consagra-te ao teu ministério
2 Timóteo 4,5.

Luiz Vianna é engenheiro, pós-graduado em Marketing e CEO da Mult-Connect, uma empresa de tecnologia. Autor dos livros “Preparado para vencer” e “Social Transformation e seu impacto nos negócios”, é também músico e pai de três filhos.

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