Frei Patrício Sciadini, OCD
Em 2 de janeiro se celebrou os 150 anos do nascimento de Santa Teresinha. A Igreja está em festa, bem como todos os devotos da Santa das rosas que, com sua doutrina, conquistou o coração da humanidade, e mesmo a UNESCO a tem proclamado a mulher do ano. Por que tanta festa para uma jovem que morreu somente com 24 anos de idade, que com 15 anos, desafiando as mesmas leis da Igreja, entrou no Carmelo para rezar pelos pecadores e pelos sacerdotes? Ela, que os Papas todos depois dela têm falado da sua doutrina, chamada “o caminho da infância espiritual” ou do abandono total em Deus. Por que tudo isto?
Dela, podemos parafrasear as palavras que os judeus disseram da sabedoria de Jesus: “de onde lhe vem tamanha sabedoria?” Não dos estudos humanos, não pela leitura de livros, mas por ter-se colocado como discípula do Espírito Santo. Esta jovem que, pelo seu amor pela salvação das almas, mereceu ser proclamada Padroeira das Missões, junto de São Francisco Xavier, que não parou de percorrer as estradas do mundo, ficou silenciosa no claustro do Carmelo, mas o seu coração e o seu espírito missionário viajaram pelo mundo, por meio do amor: “quero ser missionária, gostaria de implantar a cruz de Cristo em todos os continentes, mas não me é possível…
“Ah! apesar da minha pequenez, queria iluminar as almas como os profetas, os doutores. Tenho a vocação de apóstolo… Gostaria de correr a terra, propagar teu nome e fincar tua Cruz gloriosa no solo infiel. Ó meu amor, uma missão só não seria suficiente. Gostaria também de pregar o Evangelho nas cinco partes do mundo, até nas mais longínquas ilhas… Queria ser missionária42, não só durante alguns anos, mas gostaria que fosse desde a criação do mundo e até o final dos séculos…” (MB 251).
A doutrina de Teresinha é revolucionária. Ela quer ser santa, não o consegue, por causa da sua fragilidade, e da visão de Deus em sua época, este Deus que só pode ser aplacado por quem se oferece como “vítima da cólera divina”. Teresa, então, se oferecerá como “vítima à misericórdia de Deus”.
Durante este ano de 2023, veremos vários aspectos da doutrina de Santa Teresinha. Quero agradecer ao Cardeal Scherer e ao Padre Michelino Roberto, diretor do jornal O SÃO PAULO, pelo espaço que me dão no jornal São Paulo, meu velho amigo onde tenho cooperado por 20 anos. Conhecer Santa Teresinha é conhecer o rosto misericordioso de Deus. Ela diz: “não existe pecado que Deus não possa perdoar.”