Redes sociais e a paz a todo o custo

Nos últimos meses, as redes sociais foram o palco das mais calorosas discussões políticas que já vimos na história. De um lado ou de outro, pudemos ver insultos e mentiras, não apenas entre os vários candidatos e seus apoiadores, mas também entre pessoas comuns. 

Se pararmos por um instante e olharmos para cerca de duas décadas atrás, – é verdade que não havia redes sociais tão difundidas –, veremos que o País não era tão ruidoso assim, não é da natureza do brasileiro comum a falta de acolhimentos; pelo contrário. 

Mas o que pode ter ocorrido? 

É da natureza do homem, por sua origem na imagem e semelhança com Deus, o desejo pelo amor, pela ordem, pelo respeito às leis naturais (que o Criador compilou nos Dez Mandamentos) e o desejo de uma vida em harmonia e paz. 

O homem comum quer o que lhe é de direito: viver em paz com sua família, ganhar seu pão trabalhando com honestidade, educar seus filhos segundo suas crenças pessoais, sejam lá quais forem, e viver num mundo de justiça onde as pessoas que desrespeitam as leis são punidas, e as pessoas honestas estão protegidas contra as injustiças.

Não parece muito, certo? 

Mas como isso tem sido difícil! Há uma enorme pressão, e sua origem não é apenas no Brasil, que o Estado seja o controlador de absolutamente tudo. Ele, o grande oráculo, deve proteger o povo de tudo aquilo que o Estado acha perigoso, controlando desde o nascimento das crianças, a informação que circula, o que os pais ensinam e até o que se come ou não. Enquanto fazem isso, corroendo nosso espírito de nação, nos dividem entre grupos oponentes: brancos e negros, cristãos e não cristãos e até mesmo homens e mulheres. Assim, todas as discussões acabam se resumindo em pequenas “lutas”.

Mas quem disse que eu quero lutar? Não sou soldado, sou apenas um pai de família! 

Incomodou-me ler outro dia, num relógio da cidade, a frase: “Hoje é o dia da luta das pessoas com deficiência”. Será que todos os assuntos devem ser tratados como uma “luta”?

Nos fizeram crer que tudo é “revolução”, tudo é “embate”, tudo é “espírito de guerra”! Sabemos que este não é o Espírito de Cristo, mas do outro. 

Mas como sair dessa armadilha? 

Resposta difícil, pois estamos imersos nisso até o pescoço. Penso que a resposta deve vir principalmente de nós, cristãos. Jesus nos ensinou a chave de desarme: “Odiar o pecado, mas amar o pecador”. 

Nós cristãos temos que ter claro aquilo que Jesus nos ensinou, sem entrar nas convenientes interpretações, que tentam nos fazer crer que, “em sua infinita misericórdia, Deus aceita tudo” ou que “Deus aceita o pecador do jeito que ele é”. 

Mentira! Deus sabe que podemos ser melhores e nos quer longe do pecado. Ele é o primeiro a nos amar, mas não aceita o nosso pecado. É justamente por isso que nos convida à Confissão. 

Precisamos olhar isso com absoluta clareza, separando a ideia do interlocutor. É preciso amar a todos, sem que seja necessário ser tolerantes com toda e qualquer ideia. Fazendo o paralelo aqui, é necessário amar o outro, mas odiar e rebater com energia as ideias que sejam contrárias aos ensinamentos de Jesus. 

Chega de falsa tolerância, em que somos levados a tolerar todos os ideais, menos os ideais do Cristo! 

O que precisamos é de consenso, não de concessões. Precisamos de entendimento, não de acordos. Estamos carentes de justiça, não de justiceiros. 

Entenda com cuidado o que digo: o cristão não deve buscar a “paz a todo o custo”, mas “buscar primeiro o Reino de Deus”, como diz a canção. Se na história da Igreja a busca pela paz fosse a pauta central, não haveria mártires, não haveria santos. 

Não podemos continuar a dizer “tudo bem” em nome da paz. Somos chamados a testemunhar Cristo, como fizeram os mártires, defendendo os valores cristãos com unhas e dentes, mas sem cair no pecado. Com dureza se necessário, mas sem falta de caridade, sem fazer “guerra”. 

O joio e o trigo precisam ser separados como o próprio Jesus nos deu pistas em Lc 12,51: “Vós pensais que eu vim trazer a paz sobre a terra? Pelo contrário, eu vos digo, vim trazer divisão”. 

Se conhecemos a Verdade, Cristo, exerçamos então nossa missão de “sal da terra e luz do mundo”. Levemos essa luz aos outros, defendendo essa verdade, mesmo que isso nos custe. E se isso nos custar algumas divisões, alguns comentários desrespeitosos, ou algum “cancelamento”, lembremos sempre que muitos pagaram isso com o preço de suas próprias vidas. 

Luiz Vianna é engenheiro, pós-graduado em Marketing e CEO da Mult-Connect, uma empresa de tecnologia. Autor dos livros “Preparado para vencer” e “Social Transformation e seu impacto nos negócios”; é músico e pai de três filhos. 

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