“Siga, pois, este livrinho o caminho que a adorável Providência lhe tiver traçado, sob os auspícios do exímio doutrinador Santo Agostinho!…”. Assim escreve Frei Benvindo Destéfani, OFM, no exórdio (prefácio) de seu livro “Coleção de Exemplos para a Doutrina Cristã”, publicado pela Editora Vozes em 1961.
O livrinho, cuja Providência o fez chegar em minhas mãos, como diz o título, é uma coleção de pequenas histórias destinadas à elucidação e confirmação das verdades cristãs, da qual extraí o texto a seguir, chamado Os remos do barco da vida.
O Frei Destéfani conta que um velho pescador, barqueiro e bom cristão, gravara em um dos remos da sua canoa a palavra ‘trabalhar’, e no outro a palavra ‘rezar’. Assim, em seu ofício, sempre tinha ante os olhos essa lição prática da vida. Certo dia, conduzia ele para outra margem do rio um jovem, desses que tem a religião em conta da velharia inútil. O moço, ao ver em um dos remos a palavra ‘rezar’, disse ao velho em tom de mofa: “Você é dos tempos atrasados. Para que rezar, quando o trabalho é o que basta?”
O barqueiro nada disse e, como única resposta, parou de movimentar o remo, que levava a senha ‘rezar’, continuando só a manejar o outro lado, onde estava escrito ‘trabalhar’. O resultado foi que o barco começou a girar no mesmo lugar, sem progredir no rumo da margem demandada. O jovem compreendeu a lição, e concordou que, para chegar aonde queria ir, era necessário manejar também o remo de ‘rezar’.
Quantas pessoas há no mundo a girar e marcar passo em seu barco, porque não unem a oração ao trabalho, conclui o Frei Destéfani. Ou ainda pior: excluíram Deus de suas vidas sem se dar conta!
O Cardeal Angelo Comastri, italiano, narra outra história, de maneira extraordinária, vivida por um jornalista inglês que não tinha fé, Malcom Muggeridge. Em 1969, ele foi a Calcutá com o simples e inocente objetivo de filmar um documentário sobre a vida de Madre Teresa e de suas Irmãs, dentro da “Casa do Coração Imaculado”.
Malcom Muggeridge, escreve o Cardeal Comastri, observou atentamente o que acontecia nos dois grandes dormitórios da “Casa dos Moribundos” e depois se permitiu dizer à Madre: “Madre, aqui há tanto o quanto basta para ter o inferno na terra. Aqui há miséria, aqui há gente destruída, aqui há esqueletos cobertos apenas por pele, aqui há morte, vê-se no rosto. E, no entanto, aqui todos sorriem, aqui não há desespero, mas alegria de viver. Madre, por quê?”. Madre Teresa, que estava alimentando uma pobre mulher desnutrida e recém-recuperada da rua, parou por alguns instantes, olhou para o jornalista e depois respondeu: “Aqui não há inferno, aqui há paraíso, porque aqui há amor!”.
Malcom, como intelectual honesto, quis aprofundar o mistério daquela santidade incomum e perguntou: “Mas onde encontram força para amar, onde encontram força para sorrir… aqui?”. Madre Teresa respondeu: “Venha amanhã, às 6h da manhã, à porta do nosso pequeno convento. Entenderá onde encontramos a força para amar e para sorrir”.
No dia seguinte, pontual como bom inglês, Malcom estava à porta do Convento. Madre Teresa estava à sua espera, o acolheu e o levou à pobríssima capela, sem bancos para sentar-se. Lá, um grupo de Irmãs estava reunido e esperava a celebração da Santa Missa.
Terminada a Santa Missa, Madre Teresa disse ao jornalista: “Viu? O segredo está todo aqui. É Jesus que coloca em nossos corações o seu Amor e nós simplesmente vamos doá-lo aos pobres que encontramos pelo caminho”. Malcom, tempos depois, pediu para receber o Santo Batismo com essas palavras: “Quero me tornar católico para receber a Santa Eucaristia que naquela Santa mulher produz aquele milagre de amor e de alegria”.
“Sem Deus, somos pobres demais para ajudar os pobres!”, dirá Madre Teresa ao jovem sacerdote e hoje Cardeal Angelo Comastri. São Palavras que marcaram o Cardeal e que servem para todos nós! Afinal, como disse a Madre ao Cardeal, como poderia “levar meu amor aos pobres, se Jesus não desse seu amor todos os dias por meio da oração?”
Achei espetacular
Trabalhar e rezar
Se integram perfeitamente,
Um depende do outro
E os dois dependem da gente
Se acredito em Deus
Os passos meus
Não serão só de um sobrevivente
Vandenildo Oliveira