Creio na Igreja apostólica

Em nossas reflexões sobre a profissão de fé católica, no que diz respeito à Igreja, chegou o momento de tratarmos da qualidade apostólica da Igreja. A lógica e linha de reflexão é esta: nossa Igreja vem de Jesus Cristo por meio dos apóstolos. Nossa fé liga-se a Jesus Cristo por meio dos apóstolos. Isso é uma perene e firme nota de autenticidade da fé da Igreja, afirmada e reafirmada sempre de novo.

Nós não inventamos a Igreja, mas participamos dela pela graça de Deus. Ninguém, depois dos apóstolos, pode se apresentar, com credibilidade e autenticidade, como apóstolo e fundador de uma Igreja cristã, pois temos apenas um único fundador da Igreja: Jesus Cristo. Essa fundação passou à história e chegou até nós por meio do testemunho dos apóstolos e daqueles que são reconhecidos autênticos sucessores dos apóstolos na Igreja, ou seja, os bispos, em comunhão com o sucessor do apóstolo Pedro – Papa.

Já no início da Igreja, conforme lemos nos Atos dos Apóstolos, encontramos a síntese do que era a vida da Igreja: “Perseveravam todos no ensinamento dos apóstolos, na fração do pão e nas orações. E era grande a alegria entre eles”. Esse “perseverar no ensinamento dos apóstolos” reflete a preocupação de seguir o testemunho e a pregação dos apóstolos, não se afastando deles por qualquer motivo que fosse. Essa era uma marca de autenticidade da comunidade cristã, junto com as orações em comum e a “fração do pão”, que se referia à Eucaristia, à caridade e à partilha fraterna. Ao longo dos séculos, em momentos de crise, esse parâmetro sempre foi determinante para a avaliação das pregações e ensinamentos “no- vos” ou “diferentes” que apareciam. A pergunta era: isso está em conformidade com o ensinamento dos apóstolos? Se não está, então deve ser considerado como um ensina- mento falso ou, ao menos, suspeito. É claro que o ensinamento dos após- tolos não é algo estático e fossilizado, e deve ser interpretado sempre de novo ao longo do tempo e diante das novas circunstâncias históricas e culturais. O Espírito Santo assiste a Igreja para que ela, mantendo-se fiel ao ensinamento dos apóstolos, também consiga compreender bem o que os apóstolos ensinam hoje.

No entanto, as reinterpretações da “doutrina dos apóstolos”, ao longo do tempo, não podem negar ou contradizer esse mesmo ensinamento dos apóstolos. Por isso, a Igreja, por meio do magistério dos sucessores dos apóstolos, que tem o carisma e o dever de zelar pela reta profissão de fé na Igreja, faz seu constante discernimento sobre o que se deve ensinar em nome da Igreja. E se pergunta: isso também está em conformidade com o que a Igreja sempre creu e teve como verdadeiro? A Igreja não se contradiz na sua fé, ao longo do tempo. Pode apresentar novas luzes e interpretações, e isso é normal. Mas nunca contradiz o que ensinaram os apóstolos, nem o que ela própria sempre creu.

Por isso, a Igreja Católica zela muito pela autêntica “sucessão apostólica” na linha episcopal. Nenhum bispo católico dá a si mesmo o episcopado, mas o recebe pela regular nomeação do Papa, que garante a ininterrupta sucessão   apostólica, e pela imposição das mãos de, ao menos, três outros bispos católicos. O bispo tem, portanto, a missão de manter a porção da Igreja que lhe é confiada numa diocese na comunhão de fé e doutrina da Igreja e no testemunho da vida cristã, inserido nas diversas realidades culturais e sociais. Aos católicos, é sempre recomendado que estejam em comunhão com seu bispo diocesano, por meio dos padres que ele nomeia e encarrega das paróquias. Pelo bispo, também estão unidos aos demais bispos católicos e ao Papa. Católico que não está em comunhão com o bispo e o Papa precisa refletir seriamente sobre esta questão: se está na verdadeira Igreja Católica.

Sinal dessa comunhão eclesial com o Papa e com o bispo diocesano é a inserção do nome deles na Oração Eucarística de cada missa, após a consagração. Na Oração II, pedimos assim: “Lembrai-vos, ó Pai, da vossa Igreja que se faz presente no mundo inteiro: que ela cresça na caridade, com o Papa Francisco, com o nosso bispo (diz-se o nome) e com todos os ministros do vosso povo”. Em cada missa, pedimos que Deus “conserve a Igreja unida na fé e na caridade”: ou seja, na doutrina e no testemunho dos apóstolos. “Com o Papa e com o bispo” do lugar: eles são os sucessores dos apóstolos, que garantem a apostolicidade da nossa fé. “E com todos os ministros do vosso povo”: os sacerdotes, diáconos e outros ministros que, em graus diversos, servem o povo na fé e na caridade, unidos ao Papa e aos bispos locais. Que Deus nos conserve sempre unidos na ver- dadeira fé e na caridade.

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