Deus não nos criou para sermos pais e mães de pets

Se olharmos com o olhar da fé, perceberemos com muita facilidade todas as graças com que Deus nos cumula. Já na criação, vemos como Deus preparou tudo para nós, como seu amor nos desejou e como, em tudo, nos amou com amor paterno.

Pela falta de Adão, para nos resgatar do pecado, nos enviou Aquele que Ele mesmo chamou de “Filho Amado”. E decidiu fazê-lo em uma família. Foi, então, pelo “sim” de Maria, e por sua natureza humana, que Deus Filho experimentou em plenitude o sentido da filiação humana.

Se no Gênesis Deus criou a família com a missão de crescer e multiplicar, na encarnação Deus a elevou a um status divino. A família passou a ser mais do que apenas um celeiro da criação, tornou-se uma incubadora de santos.

Os filhos se tornaram graças recebidas com alegria. Os pais, sombra do Altíssimo, exerciam com a alegria essa doce missão de lhes mostrar o caminho da santidade. O mesmo Deus que nos pede “multiplicai”, há de dar-nos os meios, humanos e materiais, para cumprirmos com sucesso a missão que Ele mesmo nos deu.

De famílias numerosas saíram santos como Santa Catarina de Sena, com 24 irmãos, Santa Terezinha do Menino Jesus, com 8 irmãos, ou São Francisco de Assis, com 6. Como eles, muitos de nós somos filhos ou netos de famílias numerosas.

Nossa imagem e semelhança com Deus coloca-nos características indeléveis, que podemos tentar negar, mas que jamais poderemos apagar. Uma delas é o desejo pela paternidade e maternidade.

Como católicos, sabemos que nossa felicidade só é plena quando estamos em união com Deus, realizando aquilo que Ele colocou em nossa natureza, como crescer, multiplicar, amar somente a Ele, não roubar, não matar…

Mas o mundo não está preocupado com nossa felicidade. Utilizando de seus recursos praticamente infinitos, nos atropela com uma avalanche de ideologias.

Se conhecemos seu mandante, seus planos também estão claros. Sua motivação é o ódio de Deus e seu alvo preferido é justamente essa instituição que foi por Ele elevada ao status divino: a família.

Não nos distraiamos. Nesta guerra, nosso inimigo não tem misericórdia. Seu objetivo é a nossa plena aniquilação. Por isso, nos ataca em grupo, mas também individualmente. A família é atacada, a maternidade é atacada, os pais são atacados e nossos filhos não serão poupados.

Pelo feminismo, nossas mulheres perderam o direito de serem mães dedicadas. Tornaram-se objeto do mercado de trabalho e pagadoras de impostos. Finge-se que tenham escolha, até que experimentem dizer em público que gostariam de ser dedicadas “donas de casa”.

Os homens também estão sob ataque. O machismo os colocou em descrédito e seu comportamento viril foi tachado de “machismo tóxico”. Serão cancelados se tentarem ser fortes protetores de suas mulheres.

A ideologia apresentou a paternidade como “patriarcado”, um poder abusivo que visa apenas ao bem de si próprio e seu próprio poder. A maternidade por sua vez se transformou num direito totalitário exercido pela mulher, que decide quem vive e quem morre.

Nossos filhos estão sob bombardeio ideológico nos desenhos, nas princesas e nas bonecas. Em tudo querem ensiná-los a serem aquilo que interessa ao mundo: pessoas que não querem uma família.

Os jovens casais, berços das famílias, estão pressionados em outro flanco: filho é caro, dá trabalho, tira a liberdade, não te permite dormir. Filmes, novelas e comerciais continuam a bater nas suas cabeças que a paternidade é como que uma contravenção social.

No meio de tudo isso, as famílias numerosas são chamadas de “maus exemplos”, suas mães de malucas e seus pais de irresponsáveis. Assim, por isso tudo e para alegria de um mundo que quer reduzir sua população, se tornou muito comum que casais não queiram filhos.

Por mais que estejam convencidos, vivem um dilema que não conseguem perceber. Por força da imagem e semelhança com Deus, no seu mais profundo íntimo, continuam a desejar ardentemente a comunhão com Deus e a serem pais e mães.

A alternativa que o mundo oferece é ser “pais” e “mães” de pets, uma imagem decaída da criação divina, em uma maternidade que não exige vínculo e em uma paternidade que não exige esforço.

Não é necessário desenvolver virtudes, não há moral, não é preciso fazer escolhas. O filhote animal, fingindo o papel de filho, é apenas um bicho subserviente que não exige que ninguém mude e que ninguém melhore, exatamente o que o mundo quer.

Mas Deus quer mais de nós. Deus não nos deu tantas graças para sermos apenas “pais” e “mães” de pets.

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