Eucaristia

A Eucaristia, na famosa expressão do Vaticano II, é “a fonte e o ápice de toda a vida cristã” (Lumen gentium 11), mas o que significam essas belas palavras? Imaginemos um pouco o que seria de nossa santa religião se Cristo não nos tivesse deixado a Eucaristia.

Os Evangelhos continuariam sendo um grande tesouro, contando-nos sobre a vida e os ensinamentos de Jesus – mas, no fundo, correria o risco de serem percebidos por muitos apenas como uma série de relatos sobre uma pessoa ilustre que viveu e morreu há muito tempo.  O Cristianismo seria simplesmente a memória de um grande homem, e só poderia oferecer consolações humanas a corações que têm sede do Divino.

Nosso bom Senhor, no entanto, não era um simples homem – Ele também era o próprio Deus. E por isso mesmo, quando trouxe a Vida divina ao mundo, Ele quis que esta Vida se perpetuasse de formas mais profundas que pelo mero relato de suas atitudes e ensinamentos. Jesus Cristo entrou em nosso mundo pela manjedoura, mas não foi embora pela Cruz: mesmo depois do Calvário, Ele quis continuar fisicamente presente conosco pela Eucaristia todos os dias, até o fim do mundo.

Aqui nos aproximamos do sublime transbordamento de amor com que Jesus escolheu deixar-nos a Eucaristia. Cada vez que um sacerdote católico validamente ordenado toma coisas tão simples como pão e vinho e pronuncia sobre elas as palavras da Santa Ceia, aquelas ofertas se mudam no verdadeiro Corpo e Sangue de Cristo! Se pensarmos bem, quando comungamos, estamos tocando fisicamente no corpo humano de Jesus Cristo – mais até do que aquela hemorroísa, que foi milagrosamente curada ao tocar no manto do Senhor.

O Beato Carlo Acutis entendia esta doutrina sublime de nossa fé, e por isso é que quando seus pais lhe propuseram uma peregrinação à Terra Santa, ele respondeu que não tinha necessidade de ver os lugares onde um dia Jesus andou dois mil anos atrás, pois podia encontrar-se diretamente com Jesus vivo, na missa mais próxima de sua casa.

Este é o grande desejo de Jesus, ao instituir a Sagrada Eucaristia: que todos nós aceitemos seu convite de amor, e entremos em comunhão com Ele – mas essa comunhão tem que ser sincera, e envolver um sim verdadeiro a Deus! Para ser cristão, não basta dizer “Senhor, Senhor!” (cf. Mt 7,21), tampouco simplesmente meter-se nas filas de comunhão: é preciso também se esforçar para viver os mandamentos, e abrir-se com humildade aos ensinamentos que Cristo confiou à Igreja.

São Paulo, o grande Apóstolo dos Gentios, que assumiu como missão de vida anunciar Jesus a todos os povos, sem distinção de raça, etnia e cultura, nos alertava que a Comunhão Eucarística não era um mero ritual exterior, mas que supunha integridade de vida: “Que cada um se examine a si mesmo… Aquele que comer o pão ou beber o cálice sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação” (cf. 1Cor 11, 27-29).

Comunguemos, portanto, com toda a humildade e reverência, dizendo aquele belo hino eucarístico de 700 anos, musicado por Mozart, o famoso Ave Verum: “Salve, verdadeiro Corpo nascido da Virgem Maria, verdadeiramente submetido à Paixão, e imolado na Cruz pelos homens, de cujo lado perfurado fluíram água e sangue; sede para nós uma antecipação do Céu na provação da morte. Ó Jesus doce, ó Jesus piedoso, ó Jesus, filho de Maria!”

Contudo, não nos esqueçamos das condições necessárias para se receber a comunhão na missa, a saber:  ter recebido a devida preparação por meio da catequese; estar em estado de graça, ou seja, sem pecados mortais na alma que não tenham sido ainda confessados no sacramento da Penitência; confessar-se ao menos uma vez ao ano; ser assíduo nas missas dominicais; e, principalmente, SER CATÓLICO e professar a Fé da Igreja manifesta e explicitada na oração do Credo em que consta, entre outros, a fé na Santíssima Trindade, em Jesus como Deus e Homem verdadeiro, na instituição divina da Igreja Una, Santa Católica, Apostólica, na RESSURREIÇÃO DA CARNE,  entre outros artigos. 

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